Centro de Inovação em Terras Raras é estratégico para Minas Gerais

O Centro de Inovação e Tecnologia para Ímãs de Terras Raras (CIT SENAI ITR), em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), inaugurado na última semana, é um investimento considerado estratégico para Minas Gerais, para o Brasil e também para toda a indústria. A unidade será voltada para pesquisa e inovação, principalmente de materiais magnéticos, com produção de ímãs permanentes de neodímio-ferro-boro em escala piloto para validação de projetos de pesquisa voltados à indústria.
Conforme o coordenador de pesquisa PDI do CIT SENAI ITR, André Luiz Pimenta de Faria, o centro foi implantado pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) e, no final de 2023, foi adquirido, por cerca de R$ 35 milhões, pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Desde então, passou por um processo de investimentos, estruturação e formação de equipe qualificada. O CIT SENAI ITR tem foco em pesquisa e inovação, principalmente em materiais magnéticos e ímãs permanentes de neodímio-ferro-boro.
“A ideia inicial era ser uma fábrica de ímãs para comercialização, mas mudamos o foco. Contamos com uma planta em escala semi-industrial para a produção dos ímãs e uma área de desenvolvimento, com planta piloto e laboratórios de caracterização. Vamos produzir os ímãs em escala piloto, mas para validar projetos de pesquisa. Como os institutos do Senai trabalham com pesquisa aplicada – ou seja, sempre em parceria com a indústria -, as pesquisas e desenvolvimentos terão sempre como cliente final a indústria.”
Ainda segundo Faria, os ímãs permanentes de neodímio-ferro-boro têm aplicações diversas, sempre ligadas à alta tecnologia. Entre os principais usos estão os veículos elétricos ou eletrificados e as turbinas eólicas. Eles também são utilizados em equipamentos eletrônicos, como tablets, notebooks e smartphones. Há ainda aplicações na medicina, como em aparelhos de ressonância magnética, na defesa e em motores elétricos industriais.
A inauguração do Centro de Inovação e Tecnologia para Ímãs de Terras Raras, segundo Faria, insere Minas Gerais em um ecossistema de pesquisa extremamente relevante para o mundo. O Brasil detém cerca de 23% das reservas conhecidas de terras raras no planeta, com jazidas promissoras em Minas Gerais, Goiás, Amazonas e Bahia.
“A China domina a tecnologia de ímãs de terras raras. Agora, com o ITR, trazemos uma oportunidade de quebra desse paradigma, dessa dependência da China. Colocamos Minas Gerais no centro; por isso, o laboratório tem uma relevância extremamente importante, não só para o Estado, mas para o Brasil também. Vamos desenvolver ímãs específicos para cada aplicação que a indústria nacional demandar. Diferentemente das empresas da China, vamos trabalhar conforme a especificação da indústria.”
Centro de Inovação em Terras Raras firma parcerias
O Centro de Inovação e Tecnologia para Ímãs de Terras Raras firmará parcerias com empresas como forma de atrair recursos e manter o laboratório em funcionamento. Os acordos serão formalizados por meio da assinatura de termos de cooperação e parcerias tecnológicas com empresas. Haverá ainda participação em editais de fomento junto à Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), à Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), entre outros. A unidade também atuará na prestação de serviços de análises e caracterizações.
Alguns memorandos de entendimento com importantes empresas nacionais e internacionais já foram firmados. Entre as empresas parceiras estão Meteroric, Viridis, Viridion, Aclara, BBX, ST George e Axel REE. Os acordos visam ao desenvolvimento conjunto de tecnologias, testes industriais e práticas sustentáveis de exploração.
Em fase final de formalização, está o projeto estruturante MagBras, que reunirá 28 empresas e seis Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), além do próprio CIT SENAI ITR. A iniciativa cria uma rede robusta de pesquisa e desenvolvimento com foco em soberania tecnológica, inovação industrial e sustentabilidade.
“O MagBras é um projeto em parceria com a indústria que prevê investimentos de R$ 73,4 milhões ao longo de três anos. São 28 indústrias, entre elas 12 de mineração. Temos, assim, a verticalização da cadeia inteira, indo da mineração, passando pelos produtos primários e chegando ao ímã final, com empresas importantes, como a Iveco e a Stellantis, que são usuárias finais desses componentes.”
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