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Clubes de futebol inovam no quesito investimento

Clubes de futebol inovam no quesito investimento
Crédito: Divulgação

As inovações em termos de investimentos que vêm sendo gradualmente incorporadas pelos clubes de futebol foram destaque no painel Mercado da Bola 2.0, realizado durante o InvestSmart 2022, maior evento de investimentos do Rio de Janeiro. O encontro, que reuniu nos dias 10 e 11 de fevereiro grandes nomes do mercado financeiro, teve como objetivo falar sobre negócios e perspectivas macroeconômicas, além de inspirar empreendedores de todos os portes.

Para o painel que abordou as iniciativas mais inovadoras envolvendo o esporte mais popular do país, a InvestSmart convidou Felipe Ribbe, que foi head de inovação do Clube Atlético Mineiro e hoje é heal de negócios na Socios.com, Rodrigo Tostes, VP de finanças do Flamengo e Júlio Cesar, empresário, ex-goleiro profissional e embaixador da InvestSmart.

O Clube Atlético Mineiro é o primeiro clube brasileiro a olhar para o mercado de criptoativos, tendo lançado NFTs nas plataformas SoRare e Binance NFT marketplace. Em junho do ano passado, o clube lançou seu fan token oficial, em parceria com a Socios.com, plataforma de engajamento de torcedores que emite tokens em blockchain para gigantes do esporte mundial – entre eles, UFC, a equipe de Fórmula 1 Aston Martin, Juventus, Barcelona, PSG, Milan, Manchester City, Atlético de Madri, Roma e Galatasaray, entre outros.

O clube brasileiro tem criptomoeda própria, chamada Galo, que também é integrada ao programa de sócios-torcedores do clube, o “Galo na Veia”. Os proprietários da criptomoeda podem utilizá-la para adquirir produtos e experiências e podem votar em escolhas de nome e layout do ônibus da equipe, entre outras.

“Esta é uma bola que não volta mais. A tecnologia vem permitindo a exploração de novos modelos de negócios e originando novas relações entre clubes e torcedores, que têm potencial para se tornar investidores”, avalia Ribbes. Segundo ele, o clube está em fase de experimentação e aprendizado para construir algo mais sólido no futuro. “Embora haja resistência em determinadas alas dos clubes, seguimos enfrentando todos os tabus e persistindo, porque este é o futuro”, afirma o executivo, lembrando que quando o assunto é criptos e NFTs sempre há risco e que é difícil evangelizar pessoas com mentalidade mais antiga dentro dos dentro dos clubes.

Rodrigo Tostes, VP de finanças do Flamengo, concorda que é impossível colocar todas as fichas neste mercado. “É necessário haver equilíbrio, ter entendimento deste novo caminho e estudar quem são os parceiros e os riscos para a marca”, destaca ele. Para Tostes, há clubes que estão em dificuldades precisando captar recursos, enquanto outros estão saudáveis financeiramente. “São duas realidades que trazem diferentes formas de lidar com a transformação que as áreas de novos negócios estão vislumbrando neste momento”, analisa o VP.

O Flamengo é o terceiro clube brasileiro a fechar uma parceria com a Socios.com. O primeiro foi o Atlético Mineiro e o segundo foi o Corinthians. No caso do Corinthians, os fan tokens foram colocados à venda no dia 2 de setembro. Em menos de duas horas, os ativos digitais se esgotaram.

Tostes ressalta que a maioria dos clubes não conta com profissionais capacitados para tocar adiante projetos desta natureza e é preciso contratar mão de obra qualificada. “Isso envolve certa agilidade que muitas vezes os clubes não possuem. Sem falar que há uma cultura no futebol brasileiro de contratar pessoas que são torcedoras fanáticas, mas que não tem preparo. Tudo isso dificulta os projetos mais arrojados”, diz ele.

Julio Cesar lembrou a dificuldade de educar os jogadores para que se programem para o final da carreira, poupando dinheiro e investindo da forma correta. Segundo o ex-goleiro e embaixador da InvestSmart, os jogadores que ascendem rapidamente na carreira tendem a elevar o padrão de vida sem e preocupar com o futuro, o que também é um problema. “É uma carreira muito volátil, e é delicado colocar limites para alguém que está no auge do sucesso”, diz ele, completando que o futebol brasileiro carrega a cultura do amadorismo. “Vencer essa barreira é muito difícil. E ninguém quer perder”.

Tostes afirmou que, dentro dos clubes, cada vez mais jogadores têm se preparado para isso e que é um papel dos clubes orientar e fornecer educação. “Quando olhamos para o mercado europeu de futebol, verificamos uma roda financeira gigante se movimentando com intenso profissionalismo. Aqui deveria ser semelhante, porém falta mão de obra e inteligência para aproveitar o potencial do mercado brasileiro. Falar de tokens, metaverso, criptomoedas é muito sexy e atrai atenção. Há consumidores ávidos por se inserirem neste mercado, mas precisamos evoluir”, finaliza o executivo o Flamengo.

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