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Com processos na Justiça, Backer já produz 7 cervejas

Processo de produção de cerveja no parque fabril vem ocorrendo desde novembro de 2021
Com processos na Justiça, Backer já produz 7 cervejas
A Backer mantém o mistério sobre o volume atual de produção | Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

Com autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a retomada da produção no parque industrial que mantém no bairro Olhos d’Água, em Belo Horizonte, a Backer já está produzindo e comercializando pelo menos sete rótulos de cervejas. Paralelamente, seguem os processos criminais e trabalhistas aos quais a marca responde em função do caso de contaminação pela Belorizontina, que deixou 10 mortos e mais de uma dezena de vítimas.

A empresa não abre números sobre a produção, alegando que são informações estratégicas do negócio. O número de funcionários na operação ou na empresa também não é divulgado, sob a mesma alegação.

A título de comparação, em 2019, último ano de pleno funcionamento da Backer, foram fabricados cinco milhões de litros de cerveja para 18 rótulos diferentes da marca. Naquela época, a Belorizontina representava 70% das vendas e pelo menos 500 mil litros deste e outros estilos foram descartados devido aos embargos sofridos pela empresa em virtude das contaminações.

A Backer estava sem poder funcionar desde janeiro de 2020, quando teve as atividades interditadas pelo Mapa. Análises identificaram a presença de contaminante dietilenoglicol em diversos lotes de cervejas. Com bens dos sócios-proprietários bloqueados, desde então, a empresa vinha alegando que o retorno da produção e das vendas era fundamental para honrar seus compromissos financeiros.

Em abril, o ministério autorizou a retomada parcial de produção e comercialização da cervejaria. Essa liberação foi concedida para duas adegas no parque industrial da empresa. A Pasta explicou na ocasião que a empresa tinha “atendido às exigências feitas para garantir a segurança dos produtos, referentes às condições dos tanques de fermentação e equipamentos que serão utilizados neste retorno”. E que a marca tinha substituído em seu processo o fluido refrigerante por solução hidroalcoólica – solução que contém água e álcool.

“O processo de produção de cerveja no parque fabril vem ocorrendo desde novembro de 2021, após vistoria executada por auditores fiscais federais agropecuários do Mapa. Os itens produzidos foram informados semanalmente ao Ministério que realizou a coleta de cada lote e dos fluidos refrigerantes. Com a aprovação das análises, fica a Cervejaria Backer autorizada a comercializar seus produtos”, explicou em comunicado à época.

Cervejas já são encontradas em supermercados, bares e restaurantes

Agora as cervejas da Backer já estão sendo encontradas em redes supermercadistas do Estado, bem como em bares, restaurantes e delicatessens da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e algumas cidades do interior do Estado.

“Também reativamos o serviço de delivery de chopp, no qual oferecemos toda a infraestrutura de chopeira e barris de chopp para eventos personalizados, de acordo com a demanda e necessidade do cliente. Nossas cervejas são produzidas somente na planta industrial de Belo Horizonte”, afirmou a cervejaria aos questionamentos da reportagem.

Templo Cervejeiro

Em relação ao funcionamento do Templo Cervejeiro, anexo à fábrica, a empresa disse que o espaço é atualmente explorado pelo Projeto Valle Gastronômico, que “além de arrendar o local desde agosto de 2022, comprometeu-se a somente comercializar as cervejas produzidas pela Backer.”

Mas o processo que apura o caso ainda segue sem resolução na Justiça. No ano passado, quando retomou a venda da Capitão Senra, ex-funcionários e fornecedores da marca mineira que também buscam, no Judiciário, sanar dívidas e acertos trabalhistas não ficaram satisfeitos. Eles alegavam que acreditavam que a recomposição financeira garantiria seus pagamentos, que seguem pendentes. Com o retorno da produção agora em 2022, o sentimento é o mesmo.

Sobre os processos trabalhistas, a empresa limitou-se a dizer que tem se empenhado em cumprir o acordado com os empregados nos processos. E sobre as causas no âmbito criminal, lembrou que o processo teve suas primeiras audiências para oitiva de testemunhas de acusação em maio deste ano, não havendo, até a presente data, o término da instrução processual. “Não cabe comentar o processo em andamento”, informou.

A empresa também disse que já iniciou os procedimentos de mediação e que a primeira etapa já foi encerrada, “estando a Cervejaria Três Lobos em dia com todo o acordado para o custeio de necessidades emergenciais, inclusive com a disponibilização de tratamentos de saúde em atendimento clínico e domiciliar”.

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