Comerciantes cobram retomada da “Feira Hippie”
Comerciantes do entorno da Feira de Artes, Artesanato, Produtores de Variedades e Comidas Típicas de Belo Horizonte uniram-se aos feirantes na luta pela retomada das atividades da “Feira Hippie”, suspensas desde o último dia 15 de março em função da pandemia de Covid-19.
“Em cinco meses de paralisação, 20% de 100 estabelecimentos comerciais da região central fecharam as portas e a média de demissões dos que permanecem abertos já atinge 40%”, ressalta o comerciante Weder Vilela, sócio da Pastelândia e um dos líderes do movimento pela reabertura da feira. Segundo ele, a movimentação da feira reflete em mais da metade do faturamento mensal dos estabelecimentos comerciais do entorno da Afonso Pena.
A Banca Tribunal, instalada próximo ao número 1.500 da Afonso Pena, se encaixa bem nesse perfil. Rafael Almeida, proprietário do espaço que comercializa jornais, revistas, livros, apostilas, tabacaria e acessórios para celular, diz que tinha dois funcionários antes do fechamento da feira e hoje trabalha sozinho. Segundo ele, a feira é responsável por até 80% de seu faturamento mensal. “Meus produtos estão no fim da validade. Estou devendo fornecedores. Se a feira não for reativada só consigo sobreviver por mais um ou dois meses”, afirma ele, que tem esposa, três filhos e a banca como única fonte de renda.
A gerente da Lokal Importados, Gilmara Paula de Abreu Lopes, também acredita que só conseguirá manter o funcionamento da loja, no número 1.130 da Afonso Pena, até outubro, se a feira não voltar a funcionar. “O domingo é nosso melhor dia. O faturamento de um dia com a feira equivale ao de quatro dias da semana. Se a feira não for reaberta não conseguiremos nos manter. Serão 13 funcionários desempregados, 13 famílias sem sustento”, lamenta.
“A Prefeitura de Belo Horizonte já avançou na flexibilização de bares, restaurantes e shoppings, inclusive os populares, que concentram um grande número de pessoas em local fechado. É preciso ampliar o olhar para a Feira Hippie, realizada em local aberto”, argumenta Marcos Ferreira Diniz, que há 35 anos expõe sapatos femininos na feira. Ele é um dos integrantes da Comissão Paritária que entregou à PBH, em meados de julho, um plano de reabertura da feira com uma série de medidas sanitárias a serem adotadas em função da pandemia.
“Estamos aguardando uma posição do secretário de Saúde da Capital, Jackson Machado Pinto, em relação às sugestões apresentadas. Entre elas, controle do acesso à feira, reduzindo o número de pessoas; sistema de medição de temperatura, uso obrigatório de máscaras, higienização de objetos e disponibilização de álcool em gel nas barracas”, disse. Até o início de setembro, porém, a PBH não havia se manifestado em relação à análise das medidas propostas pelos feirantes, reafirmando a posição de manter a feira suspensa.
A “Feira Hippie” está instalada na Afonso Pena desde 1991. O espaço abriga cerca de 2 mil feirantes e gera 30 mil empregos diretos e indiretos. Marcos Ferreira disse que 90% dos feirantes vivem exclusivamente da renda da feira. Sua família se encaixa nesse quadro. “Meu faturamento era de R$ 1, 5 mil por domingo de feira. Hoje sobrevivo com a ajuda de parentes e amigos, além de uma cesta básica mensal fornecida pela prefeitura”, disse.
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