Compra da Warner Bros por Netflix vai enfrentar obstáculos antitruste
A Netflix apresentou nesta sexta-feira (05) uma oferta de US$ 72 bilhões para compra dos estúdios e da divisão de streaming da Warner Bros Discovery, afirmando que o negócio está alinhado com as prioridades das autoridades de concorrência dos Estados Unidos.
Os executivos da Netflix afirmam que a transação dará aos 300 milhões de assinantes da empresa “mais retorno”, adicionando mais conteúdo à sua plataforma.
Porém, mesmo antes de ser anunciado, a defesa do acordo pela Netflix enfrentou críticas de republicanos no Congresso dos EUA, que alertaram que a Netflix, ao absorver os direitos de conteúdo da HBO Max e da Warner Bros, reduzirá as opções para os consumidores. Além disso, os parlamentares afirmam que o negócio dará à Netflix uma participação inaceitavelmente alta no mercado de streaming.
O senador norte-americano Mike Lee, republicano de Utah que lidera o comitê antitruste do Senado dos EUA, disse na quarta-feira que a compra dos ativos de streaming da Warner Bros Discovery pela Netflix “deveria alarmar as autoridades antitruste de todo o mundo”.
“A Netflix criou um ótimo serviço, mas aumentar o domínio da Netflix dessa forma significará o fim da Era de Ouro do streaming para criadores de conteúdo e consumidores”, escreveu Lee na rede social X.
No mês passado, o senador republicano Roger Marshall, do Kansas, e o deputado Darrell Issa, da Califórnia, também pediram que as autoridades antitruste dos EUA examinassem o negócio, alegando que falta de pressão competitiva incentivará a Netflix a produzir e lançar menos filmes nos cinemas.
O acordo, devido ao seu tamanho, provavelmente enfrentará uma análise antitruste significativa por parte do Departamento de Justiça dos EUA, e também porque a adição dos 128 milhões de assinantes da HBO Max aos mais de 300 milhões da Netflix criará um grupo formidável no setor.
Dito isso, a Netflix pode apontar para a mudança de hábitos de consumo de mídia e para o fato de que o YouTube, da Alphabet, tem sido recentemente a forma mais popular dos norte-americanos assistirem à TV.
Embora a Netflix tenha apresentado a proposta mais alta para os ativos de estúdio e streaming, ela tem sido o azarão político em comparação com a Paramount Skydance, liderada por David Ellison, que tem laços estreitos com o governo Trump.
“Estamos muito confiantes no processo regulatório. Esse acordo é pró-consumidor, pró-inovação, pró-trabalhador, pró-criador, pró-crescimento”, disse o presidente-executivo da Netflix, Ted Sarandos, após o anúncio do negócio.
A unidade antitruste do Departamento de Justiça dos EUA é liderada por Gail Slater, ex-executiva da Fox e da Roku. Mais tarde, ela foi assessora econômica do vice-presidente JD Vance e, desde sua confirmação, tem falado frequência sobre o uso da legislação antitruste para proteger consumidores, trabalhadores e inovação norte-americanos.
O presidente dos EUA, Donald Trump, tem um histórico de se envolver em grandes fusões de mídia e de se posicionar de um lado. Ele pressionou ativamente o Departamento de Justiça para impedir a compra da Time-Warner pela AT&T por US$ 85 bilhões, expressando preocupações sobre a concentração da mídia e seu próprio descontentamento com a rede de notícias CNN, da Time-Warner. A AT&T acabou vencendo no tribunal em 2018 e 2019.
Conteúdo distribuído por Reuters
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