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Conceito de construção passiva é apresentado em BH

Novo modelo construtivo promete baixar entre 75% e 90% o consumo de energia voltado para o aquecimento e resfriamento dos lares
Conceito de construção passiva é apresentado em BH
Crédito: Divulgação

Foi lançada na quinta-feira, em Belo Horizonte, a Passive House Brasil. A instituição busca trazer para o País um novo modelo construtivo, que promete baixar entre 75% e 90% o consumo de energia voltado para o aquecimento e resfriamento dos lares, além de proporcionar uma melhor qualidade do ar no ambiente interno da casa. A idealizadora do projeto é a arquiteta Licia Bento de Assis Muños, e contou com o apoio do Instituto Latino-americano Passivhaus (ILAPH) junto com a Passive House Canadá.

A arquiteta e CEO da Passive House Brasil explica que trata-se de uma metodologia de inovação, que busca trazer o máximo de conforto e a melhor qualidade na construção para as pessoas. Assis Muños diz que as “Casas Passivas” passam por processos de certificações, desde o projeto até sua conclusão. Além disso, elas são residências de baixa manutenção, com capacidade de gerar energia acima do que é consumido, e com processos de troca de ar para livrar o ambiente de CO2, umidade e mofo.

Ela também ressalta que, pelo fato dessas casas adotarem práticas ESG, é possível conseguir financiamento com juros mais baixos, podendo passar de 9% para 3,9%, com pagamento em até 20 anos, na Caixa Econômica Federal. Quanto às casas que não adotam esse modelo, Assis Muños diz que é possível adaptá-las para transformá-las em “passivas”.

“Nós estamos vendo um projeto que a parte central de BH, a parte velha, está passando por uma reciclagem dos prédios. Então, nós estamos fazendo um estudo para poder fazer; tem como a gente envelopar, trocar e fazer essas casas antigas virarem passivas”, afirma a CEO da Passive House Brasil.

Licia Bento afirma que a Passive House Brasil começará oferecendo cursos profissionalizantes para os profissionais do setor de construção civil. A arquiteta diz o objetivo é passar o conhecimento para todas as instituições de ensino que demonstrarem interesse em divulgar e ensinar a metodologia.

Um dos palestrantes foi o CEO da Passive House Canadá, Chris Ballard, que começou seu discurso falando sobre a busca pela edificação perfeita. Ballard define o método construtivo Passive House como um conceito simples, que tem como uma de suas principais funções reduzir consideravelmente os efeitos da construção civil nas emissões de gases do efeito estufa no planeta Terra.

O CEO contou sobre os efeitos das mudanças climáticas em seu país e o que está sendo feito para tentar resolver esse problema; “Que caminhos devemos criar e o que devemos fazer nesse caminho?”, questiona Ballard. Ele também destacou que a Passive House Canadá oferece treinamento para, aproximadamente, 2.000 arquitetos e engenheiros, tornando-a a maior do mundo.

Chris Ballard ressaltou que aprendeu muito sobre as oportunidades que existem na América Latina, e principalmente no Brasil, durante sua estadia. O representante da Passive House Canadá também apontou que o Brasil é uma das maiores economias do mundo e que a América Latina não pode ser esquecida pelas instituições que buscam lugares para investir em ESG. Durante a palestra, Ballard afirmou que o modelo Passive House se encaixa nos princípios do ESG, sobretudo, se levarmos em conta a lógica de utilizar, reciclar e reutilizar.

Quanto aos custos de uma “Casa Passiva”, ele diz que o investimento total pode sair entre 2% a 8% mais alto que o método tradicional; porém, esse valor vai se diluindo com o passar do tempo, tornando-a mais econômica. Chris Ballard também cita o exemplo da política de incentivo adotada em Vancouver, no Canadá, e fala da dificuldade de convencer os governantes a apostar nessa solução para a construção e para o meio ambiente. No final de sua apresentação, Ballard conclui: “A Passive House é a minha escolha para a construção perfeita”.

Luiz Bezerra, Gerente Sênior da Passive House Canadá, também falou sobre o desinteresse dos governantes e ressalta que aprendeu com Ballard a necessidade de apresentar os projetos ao governo como se fosse um investimento – uma forma para melhorar a saúde das pessoas e, consequentemente, gerar uma economia para os cofres públicos – para conseguir convencê-lo a entrar na ideia.

Ele destacou os cinco principais princípios do modelo “Casa Passiva”, construções estanques; sistemas de ventilação com recobrimento de temperatura; isolamento térmico; construção sem pontes térmicas e esquadrias de alto desempenho. Porém, na visão do Gerente Sênior, existe um sexto princípio fundamental para o bom funcionamento de todos os demais, o Design.

Bezerra pontuou que esse método construtivo serve para qualquer tipo de construção, como escolas, academias, piscinas, dentre outros. Porém, ele explica que o motivo de focar em edifícios está no fato deles serem os responsáveis por 32% das emissões de gases poluentes no planeta, e em grandes cidades essa taxa pode superar os 55%.

O Gerente Sênior da Passive House Canadá ainda falou sobre os benefícios de uma “Casa Passiva” na saúde, com uma melhor qualidade do ar, que reduz a propagação de doenças infecciosas; na durabilidade, pois essas construções podem durar mais de 85 anos, com menos manutenções; no baixo consumo de energia, podendo consumir até 90% a menos, se comparado com as construções atuais; no baixo custo de manutenção, essas reduções no consumo de energia e em manutenções significam uma economia significativa para o proprietário; e na segurança térmica causada pela sua vedação.

Assis Muños acredita que a Passive House pode se tornar uma tendência no Brasil. Ela relata que já está trabalhando com prefeituras e mostrando a viabilidade do projeto – tanto no ponto de vista econômico quanto na execução – e que o projeto tem sido bem recebido por elas, com direito a disponibilização de verbas e também terrenos para as obras, afinal isso é um benefício para toda comunidade.

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