Conexões que geram futuro: Expo Favela Minas e a ascensão dos negócios periféricos

Com expectativa de reunir cerca de 6 mil pessoas e movimentar aproximadamente R$ 6 milhões, a terceira edição da Expo Favela Minas acontece nesta sexta-feira (18) e sábado (19), na sede do Sebrae Minas, em Belo Horizonte. O evento é promovido pela Central Única das Favelas (Cufa Minas) com apoio do Sebrae, da Rede Marianas Mulheres que Inspiram e tem parceira institucional do Diário do Comércio.
Na cerimônia de abertura, estiveram presentes autoridades, políticos, empresários e representantes de grandes empresas. A presidente do Diário do Comércio, Adriana Muls, destacou que Expo Favela é, além de uma oportunidade de negócios para os empresários periféricos, também uma chance de ampliar perspectivas sobre economia.
“A gente tem uma oportunidade de vir aqui e ampliar nosso olhar. Entender a partir da força da favela, da diversidade da favela e da coragem da favela o que é a colaboração e o que é de fato, rede”, comentou no discurso de abertura. “Vivemos em um momento extremamente complexo da nossa sociedade. A gente está caminhando rumo a uma nova economia e esse é momento de repensar modelos, negócios e a forma de se relacionar”, finalizou.
A proposta da feira é criar conexões entre empreendedores de favelas e empresas, investidores e aceleradoras. “Mais do que feira, a Expo Favela é uma plataforma de transformação. Tem gerado acesso ao mercado, visibilidade e retorno financeiro para negócios de impacto nas áreas de gastronomia, moda e tecnologia”, afirmou a presidente da Cufa Minas e diretora do evento, Marciele Delduque.
A Expo Favela surgiu em São Paulo, no fim de 2022, e chegou a 22 estados em dois anos. Em Minas, a Central Única das Favelas (Cufa) realiza acompanhamento dos empreendedores por até 40 dias após a feira para medir o impacto nos negócios. “A gente entende que o empreendedor precisa estar minimamente preparado para aproveitar as oportunidades. Por isso, oferecemos consultorias, mentorias e ferramentas de educação empreendedora em parceria com o Sebrae”, explicou Marciele Delduque.
Segundo dados do Data Favela, a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) concentra mais de 732 favelas, com cerca de 2 milhões de empreendedores, que movimentam R$ 84 bilhões por ano.
Para Adriana Muls, o evento reforça a força econômica dos territórios populares. “As favelas são uma força produtiva, uma força econômica e uma força colaborativa para a transformação social do nosso país”, ressaltou. “A gente fala com o asfalto. A Expo Favela fala com a favela e com oportunidades. E juntos criamos ambientes colaborativos que fortalecem essa potência. Não dá para falar de economia, gestão e negócios sem considerar a favela”, pontuou.
De acordo com o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, a iniciativa reforça o papel dos pequenos negócios no desenvolvimento local. “Já realizamos quase 9 mil atendimentos em favelas e aglomerados, transformando necessidade em oportunidade e gerando desenvolvimento por meio do conhecimento.”
Negócios com impacto direto nos territórios
Aline Profeta, trancista e idealizadora do “Troféu Trancista Referência”, explica que a trança deixou de ser fonte complementar de renda e se tornou ocupação principal em muitos lares periféricos. “As mulheres estão pagando faculdade, aluguel, comprando carro, sustentando suas casas com as tranças. Hoje, buscamos formação em gestão e finanças. Estamos nos profissionalizando”, observou.
A profissão foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho em julho de 2025, com a inclusão da atividade na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Aline articula uma parceria com a startup Move.e – também participante da Expo Favela- para mensurar o impacto econômico do setor.
Mais do que oportunidades de negócios e altos faturamentos, a Move.e, criada por Alice Monteiro, dialoga com pequenos e médios negócios periféricos sobre práticas de ESG para gerar mudanças duradouras nesse setor. “Com a nossa plataforma Movement, mapeamos e implementamos práticas de sustentabilidade com foco em impacto social. A parceria com o Troféu Trancista vai permitir mensurar esse impacto nas comunidades e profissionalizar ainda mais essas empreendedoras”, disse.
A educadora e terapeuta Bia Gomes apresenta na Expo Favela o projeto Bias Borboletas, que combate a violência sexual infantil por meio de ferramentas educativas. “Desenvolvemos livros, bonecas e, agora, uma revistinha com linguagem acessível. A criança precisa saber que pode falar. O adulto precisa aprender a escutar. É assim que a gente quebra o ciclo”, afirmou. Bia atua há dez anos com escolas, universidades e instituições públicas.
A UX designer Morena Golbes lança o aplicativo Amélia, desenvolvido pela empresa ApoIAr. A ferramenta funciona dentro do WhatsApp e conecta consumidores e prestadores de serviço sem necessidade de download. “O Amélia gira o recurso dentro do próprio território, facilita o acesso e permite mapear dados de demanda e oferta em cada comunidade”, explicou.
Serviço Expo Favela Minas 2025
Data: 18 e 19 de julho
Local: Sebrae Minas (Av. Barão Homem de Melo, 329, Nova Granada – BH/MG)
Horário: 10h às 18h30
Programação completa: Acesse
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