Negócios

Conselhos das empresas veem riscos climáticos, mas agem pouco

Estudo do IBGC aponta que grande parte das companhias admite riscos ambientais, mas poucas adotam metas de descarbonização ou estratégia net zero
Conselhos das empresas veem riscos climáticos, mas agem pouco
Foto: Ralf Vetterle/Pixabay

Embora a pauta climática já tenha chegado às salas de conselho das empresas mineiras, ela ainda não se traduziu em ações concretas. É o que aponta a terceira edição do estudo Board Scorecard: a atuação dos conselhos frente aos impactos climáticos e à estratégia net zero (2025), conduzido pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Segundo o levantamento, três em cada quatro conselheiros reconhecem os riscos das mudanças climáticas, mas menos da metade afirma que suas companhias possuem metas de descarbonização, mecanismos de monitoramento ou integração do tema à remuneração executiva.

Para o diretor de Conhecimento e Impacto do IBGC, Luiz Martha, o desafio é transformar essa percepção em ações práticas: “Mais do que reconhecer riscos e oportunidades, é preciso transformar esse cenário em ações estratégicas estruturadas, priorizar a agenda climática, estabelecer mecanismos de monitoramento e garantir a consistência do que é reportado ao mercado”, afirmou.

Luiz Martha
Mais do que reconhecer riscos e oportunidades, é preciso transformar esse cenário em ações estratégicas estruturadas, diz Luiz Martha | Foto: Divulgação IBGC

Entre os respondentes, 41,1% afirmaram que seus conselhos já consideram planos de adaptação aos impactos físicos das mudanças climáticas, e 53,3% disseram que há mecanismos para rastrear e verificar informações de desempenho ambiental.

Por outro lado, 60% discordam que suas empresas incluam metas climáticas de forma mensurável na remuneração dos executivos, e 45,5% apontam que suas organizações ainda não definiram uma estratégia de emissões líquidas zero (net zero) nem aderiram ao compromisso de limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Esses dados, segundo Martha, refletem lacunas na governança climática das corporações, especialmente no alinhamento entre conselhos e alta gestão, e na integração de métricas ambientais às políticas de incentivo. “É fundamental transformar a compreensão e as discussões em resultados, definindo metas concretas e mecanismos de responsabilização”, disse o diretor.

Avanços graduais

A pesquisa indica melhora em relação às edições anteriores, especialmente na comunicação sobre a importância da meta climática, que passou de 37,5% em 2022 para 51,1% em 2025, e na inclusão do tema na estratégia central dos negócios (de 42,3% para 56,7% no mesmo período). Os planos de adaptação climática também evoluíram, de 26% para 41,1% dos respondentes.

A terceira edição do levantamento do IBGC contou com 90 participantes, entre conselheiros de administração (28,9%), consultivos (22,2%) e fiscais (8,9%), além de diretores-executivos (30%) e presidentes (10%) de diferentes empresas. A maior parte atua em companhias de capital privado não listadas em bolsa (56,7%), e 27,5% pertencem a organizações com faturamento anual entre R$ 1 bilhão e R$ 100 bilhões.

O estudo é baseado no Board Scorecard, ferramenta desenvolvida pelo Chapter Zero, no Reino Unido, e adaptada ao contexto brasileiro. Ele avalia quatro dimensões: liderança, responsabilidade, estratégia e mensuração.

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