COP 29: Países em desenvolvimento esperam novo fundo bilionário para enfrentar crise climática

A China, sozinha, já oferece US$ 4,5 bilhões por ano a países em desenvolvimento para as mudanças climáticas. As demais nações, que estão no grupo dos grandes produtores de petróleo, de forma voluntária, também contribuem para mitigar os efeitos negativos das mudanças do clima.
“O que há definido até hoje é que os países desenvolvidos devem pagar aos países em desenvolvimento, que já sofrem as consequências das mudanças climáticas, com secas severas, calamidades chuvosas, erosões, insegurança alimentar. A grande expectativa é que outro grupo de financiadores pode emergir nesta COP 29, surpreendendo a todos. Entre os países cotados para reforçar o financiamento estão a China, Singapura, Coreia do Sul e os países do Golfo – Bahrein, Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos”, assinala Thiago Metzker, especialista mineiros em ESG, selecionado pela ONU para participar da COP 29.
Para Sérgio Myssior, especialista em ESG também selecionado pela ONU para participar da COP 29 juntamente com Metzker, essa seria uma saída interessante, para que o mundo não dependesse diretamente dos recursos da Comunidade Europeia e dos Estados Unidos. “O mais relevante, a meu ver, é garantir que o financiamento continue ocorrendo e o acordo seja fortalecido entre todas as nações, cada uma fazendo sua parte”, acrescenta.
Segundo Metzker, é esperado que o recém-eleito presidente dos EUA, Donald Trump – que em 2017, em seu primeiro mandato como dirigente da maior economia do mundo, abandonou o Acordo de Paris, não se manifeste sobre a COP. “Ele não está empossado e esperamos que ele não se manifeste sobre a Conferência do Clima. E mesmo que o faça, possivelmente sua fala pode não refletir nos resultados desta edição, já que o processo de retirada de apoio de uma parte junto às Nações Unidas leva um ano”, complementa.
Ainda assim, restariam os compromissos dos Estados Unidos em relação à própria convenção sobre a mudança climática, que devem ser apresentados em Baku pelo chefe da delegação norte-americana, o conselheiro para Política Climática Internacional, John Podesta. Antes mesmo do resultado das eleições presidenciais nos EUA, o atual chefe de Estado norte-americano, Joe Biden, e sua vice, Kamala Harris, já haviam anunciado a ausência em Baku.
Quem vai pagar a conta do clima?
Um dos grandes desafios da COP 29 é estabelecer uma Nova Meta Quantificada Global de Finanças (NCQG, na sigla em inglês), ou seja, qual o teto financeiro necessário para mitigar os já sentidos e vistos efeitos climáticos sobre cidades e países.
Em 2009, na COP 15 de Copenhague, estabeleceu que os países industrializados concederiam US$ 100 bilhões (R$ 576 bilhões na cotação atual) por ano, em ajuda direta ou empréstimos multilaterais. O volume de ajuda foi alcançado com dois anos de atraso, em 2022, e agora os especialistas afirmam que é necessária uma quantia pelo menos 10 vezes superior.
“Há indícios de uma demanda de US$ 1 trilhão ao ano, que precisa ser transferida dos países mais ricos aos menos ricos, para que ocorra uma transição global em busca da segurança climática”, enfatiza Thiago Metzker.
Os debates acerca desse valor apontam que a demanda pelo recurso ocorrerá por etapas e um acordo global em Baku será apenas o primeiro passo do processo, como já ocorreu em outras COPs.
“As decisões multiníveis ocorridas no Azerbaijão, além de definirem e darem o tom para COP 30, que vai ser realizada em Belém (PA), em 2025, serão fundamentais para definir a nova geração de Contribuições Nacionalmente Determinadas, as NDCs, que são as metas e os compromissos assumidos por cada um dos países para a redução de emissões de gases do efeito estufa nos seus territórios. Até fevereiro próximo, as nações devem apresentar a terceira versão de suas metas atualizadas em relação ao Acordo Paris”, acrescenta Myssior.
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