Cozinha caipira é a aposta de O Tacho

A força da gastronomia mineira é o principal insumo da chef de cozinha Mariana Gontijo. Famosa por comandar as panelas do Roça Grande, no bairro de Lourdes, na região Centro-Sul, ela inaugurou, no início de dezembro, “O Tacho”, no Carlos Prates, na região Noroeste.
O investimento de R$ 80 mil deu origem a um espaço com capacidade para receber 40 pessoas interessadas em comer bem e em outras manifestações artísticas como exposições de fotografias e saraus literários.
Diferentemente do Roça Grande, que serve prato feito e uma opção por dia, O Tacho oferece um menu completo, à la carte, com sete opções de entrada, sete de pratos principais e quatro sobremesas.
“Os princípios das duas casas são muito próximos, a cozinha mineira caipira é a mesma, com as mesmas técnicas e produtos locais. Para mim a gastronomia é um vetor de desenvolvimento regional. Eu trabalho especialmente os produtos do cerrado, região onde eu nasci e um dos biomas mais importantes. A nossa cultura alimentar nasce pelas mãos dos pequenos produtores e, nesse sentido, a cozinha tem um dever social, econômico e até moral de valorização da nossa cultura. Todas as grandes culinárias nascem assim. O que nos falta é parar de sentir vergonha do que somos e valorizar apenas o que vem de fora. Um italiano só come outra comida se estiver realmente convencido de que ela vale mais do que a comida da nona”, analisa Mariana Gontijo.

Mariana Gontijo: nossa cultura alimentar nasce pelas mãos dos pequenos produtores – Crédito: Daniel Chico/Divulgação
A mineiridade está representada nas comidas e também na carta de bebidas. Há cervejas especiais Verace, cachaças de Moema e Bom Despacho (Centro-Oeste), Passa Quatro (Sul de Minas), além de vinhos mineiros e um drink especial chamado de “Um brinde à Lagoinha”. Trata-se de uma caipirinha feita com cachaça de Moema e cagaita, sendo uma homenagem à região da Lagoinha, onde nasceu a boemia belo-horizontina, e às raízes do bairro Carlos Prates.
A chef, que percorreu o Serrado mineiro atrás de ingredientes, técnicas e histórias, está ancorada nos números da cadeia produtiva da gastronomia mineira e em reconhecimentos internacionais como ter sido escolhida como tema, em 2013, do Madrid Fusion. O festival costuma eleger apenas gastronomias nacionais e foi responsável pela expansão da culinária peruana no mundo. E também pelo título, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2019, de Cidade Criativa pela Gastronomia para Belo Horizonte.
Minas Gerais é o maior produtor de café do Brasil, com 56,4% do total; maior produtor de leite, com 26%, e segundo maior rebanho bovino, segundo dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), de 2017.
Projetos – Embora ainda esteja vivendo a “loucura da inauguração”, a chef já tem planos de ampliar o novo restaurante para 60 lugares. “Viajar faz parte do investimento no restaurante. É um trabalho exaustivo mas compensador. Recebi uma proposta de abrir um Roça Grande em São Paulo, mas vou pensar nisso em janeiro. Essa é uma grande oportunidade que precisa ser bem estudada”, completa a chef.
Ouça a rádio de Minas