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Comércio de produtos de TIC registra salto no Brasil

Receita bruta gerada no comércio de itens desse segmento foi da ordem de R$ 149 bilhões em 2020
Comércio de produtos de TIC registra salto no Brasil
Crédito: Adobe Stock

As novas tecnologias e a aceleração da digitalização da economia por conta da pandemia a partir de 2020 fizeram com que o comércio de produtos (máquinas, equipamentos, dispositivos) de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) tivesse um salto na última década. De acordo com dados de um relatório lançado pela Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação do Paraná (Assespro-PR), a receita bruta gerada no comércio de produtos de TIC foi da ordem de R$ 149 bilhões em 2020.

Segundo os dados levantados, as vendas no atacado corresponderam a 78% desse total, enquanto no varejo, 22%. Porém, a margem de comercialização no varejo (46%) foi cerca de duas vezes maior do que no atacado (22%), já que no varejo a variação de preço é maior em relação ao atacado.

Para o presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação de Minas Gerais (Assespro-MG) – entidade com representatividade na cadeia produtiva de tecnologia em Minas Gerais, Fernando Santos, os resultados estão dentro do esperado levando-se em conta a necessidade de digitalização de empresas de todos os setores e portes especialmente no primeiro ano do período pandêmico.

“O estudo mostra que 2020 foi, realmente, atípico, pela necessidade de digitalização não só do comércio, mas de todos os outros tipos de negócios e da vida das pessoas. E esse é um movimento que não tem retorno. Uma vez iniciada a transformação digital, ela não regride. Por isso esses resultados apontam para um futuro de crescimento principalmente porque a economia brasileira ainda tem um longo caminho de amadurecimento a ser percorrido”, explica Santos.

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Em 2020, as empresas de médio e grande portes (com mais de 20 empregados), que correspondem a 11% do total das empresas atacadistas e 3% das varejistas, concentraram 91% da receita bruta no atacado e 71% no varejo. A má notícia foi que houve redução -2% no atacado e -6% no varejo na receita bruta, muito em função do impacto da pandemia no ano de 2020, afetando mais intensamente empresas varejistas de pequeno porte (com menos de 20 empregados), cuja redução na receita foi de -21%, enquanto as pequenas empresas atacadistas registraram aumento de 8% na receita bruta. As médias e grandes empresas varejistas (com mais de 20 empregados) conseguiram aumentar a receita bruta em 2,3%, enquanto as do atacado apresentaram queda de -2%.

“Ao longo dos últimos anos tivemos o crescimento do e-commerce que foi ainda mais acelerado a partir de 2020. Esse comportamento do consumidor impôs investimentos em hardware, software e computação em nuvem. Pensando do lado exclusivo da TI, o home office e a chegada do 5G foram fatores de grande impacto. A eles soma-se a migração de empresas e mão de obra para o interior. A expectativa é que o consumo brasileiro nesse setor siga crescendo acima da média mundial”, pontua.

Demanda aquecida

No período 2010-2020, as vendas pela internet no Brasil cresceram cerca de seis vezes, saltando de R$ 23 bilhões para R$ 163 bilhões. A receita bruta de revenda pela internet, em relação ao total do comércio, passou de 1,4% para 6,3%.

De 3 mil empresas que comercializam pela internet, em 2010, o número saltou para 57 mil, em 2020, o que corresponde a 6% dos estabelecimentos comerciais. O maior incremento dessa série histórica ocorreu justamente entre os anos de 2019 e 2020, com taxa de 150% de aumento de empresas que passaram a comercializar pela internet.

O comércio eletrônico foi menos significativo na receita bruta de revenda (6%), em relação às vendas nos espaços físicos, que ainda concentraram 92% do total da receita bruta em 2020.

Entre os ramos ou atividades comerciais com mais participação no comércio eletrônico, em 2020, destacam-se o de Comércio não especializado sem predominância de produtos alimentícios (28% do total), seguido pelo de Eletrodomésticos, equipamentos de áudio e vídeo, instrumentos musicais e acessórios (24%) e o de Artigos de vestuário e complementos (9%). Os maiores incrementos nessa modalidade de vendas ocorreram nos ramos de Hipermercados e supermercados (97%), Tecidos e artigos de armarinhos (90%), Eletrodomésticos (50%) e Materiais de construção (43%).

Se, de um lado, a demanda faz os olhos do executivo brilharem, de outro, o velho problema batizado como “custo Brasil” e outros mais recentes como a queda das cadeias globais de suprimento, além da inflação alta e da desvalorização do real, são desafios grandes para as empresas e para o novo governo que tomou posse dia 1º de janeiro na construção de políticas públicas que incentivem o setor.

“Precisamos investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para termos uma indústria do setor forte no Brasil. Hoje não só os produtos são importados, mas serviços de software e cloud são internacionalizados, cobrados em dólar. O mesmo acontece em relação à mão de obra que tem concorrência global. As empresas nacionais não têm condições de atrair os melhores talentos por uma questão financeira. Além disso, as linhas de crédito para a inovação são restritas. Temos um novo governo federal e precisamos trabalhar juntos para criar condições de desenvolvimento das empresas de TIC. A tecnologia é um meio, se geramos inovação ajudamos toda a economia. Sem uma indústria de tecnologia forte e moderna, os demais setores têm custos maiores e a economia como um todo sai pior”, alerta o presidente da Assespro-MG.

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