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Cuidados com a pós-contratação evitam turnover

No pós-pandemia, pessoas buscam empresas alinhadas com suas expectativas
Cuidados com a pós-contratação evitam turnover
Para Barbosa, a liderança é peça-chave na retenção de talentos | Crédito: Divulgação/Selpe Gente

A escassez de mão de obra já não é novidade no Brasil e segue penalizando empresas de todos os portes e ramos de atividade. Esse quadro facilita a rotatividade dos trabalhadores – cada vez mais disputados pelas organizações – e ajuda a explicar porque os profissionais de gestão de pessoas estão cada vez mais preocupados em estabelecer estratégias para evitar o turnover, reter talentos desde a contratação.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de 2023 revelam que o Brasil registra o maior índice de turnover, a chamada rotatividade de funcionários, do mundo, com um aumento de 56% nessa taxa no levantamento mais recente. Esse número supera países como Reino Unido (43%), França (51%) e Bélgica (45%).

De acordo com o diretor-executivo da Selpe Gente e Gestão, Robson Barbosa, a pós-contratação é uma estratégia essencial para o sucesso do negócio e a satisfação contínua das pessoas. Empresas e gestores que dedicam tempo e recursos a esse tipo de iniciativa colhem os frutos de uma equipe mais coesa, engajada e produtiva.

“A grande questão que ficou da pandemia é como dar valor à vida de uma forma integral. Hoje vemos executivos repensando a carreira e optando por mudar. Esse é um mercado que faz com que a contratação não seja eficiente e o turnover cresça. As pessoas buscam empresas alinhadas com as suas expectativas. As empresas precisam ter claro o que elas querem e o que os candidatos esperam. A gestão humanizada passa por aceitar as diferenças, contratar pessoas com diferentes culturas. E muitas empresas buscam quem é diferente para fazer porque os negócios estão sendo reinventados e, com isso, é preciso ter novas competências. Isso pode incomodar o status quo. A área de gestão precisa estar atenta para fazer a adaptação do novo colaborador. E esse profissional também precisa ter flexibilidade”, explica Barbosa.

Essa adaptação ou integração do novo colaborador tem se transformado nos chamados programas de onboarding. Essa iniciativa visa estruturar as etapas de integração, conhecimento do negócio e desenvolvimento profissional após a contratação, evitando o turnover. O foco é gerar sinergia e acelerar o aprendizado, além de potencializar a coesão da equipe e os resultados.

Colaboradores que percebem um compromisso da empresa em sua evolução e bem-estar são mais propensos a permanecer, contribuindo para os resultados e o crescimento sustentável da organização.

“Tudo começa mesmo antes da entrada do trabalhador na empresa e é um trabalho contínuo. A seleção deve identificar as potencialidades do candidato e o nível de abertura que ele tem para novos aprendizados, lembrando que isso não tem a ver com a faixa etária. Ao mesmo tempo, as companhias precisam criar programas de desenvolvimento para os líderes terem um novo olhar sobre uma gestão de pessoas mais colegiada, que faz mais sentido do que a visão de comando e controle”, pontua.

A liderança exerce um papel fundamental na retenção de talentos e formação de uma equipe produtiva. Pesquisa feita pelo PageGroup, empresa de recrutamento baseada no Reino Unido, revela que 80% dos pedidos de demissão acontecem por causa da liderança.

“A área de gestão de pessoas está passando por grandes transformações. Ela precisa estar diretamente ligada à estratégia da organização. Se as estratégias do negócio e de pessoas forem desconexas, a companhia e os colaboradores não alcançam os resultados desejados. Hoje existe mobilidade dentro das carreiras e dentro das empresas. Os papéis mudam a todo tempo e isso exige mudança nos formatos de gestão”, completa o diretor-executivo da Selpe Gente e Gestão.

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