DC LIVROS | 06/03

Estupidez dos nossos tempos
“O bom senso é o que há de mais universal no mundo”, escreveu Descartes. Mas e a estupidez? Quer transpire, quer borbulhe, quer goteje, quer se alastre, ela está em toda parte. Sem fronteiras, sem limites. Não há como escapar da estupidez humana, mas podemos tentar aprender algo com ela, afinal, lidamos com esse mal todos os dias e em todos os lugares. Estamos cercados de ignorantes e ignorados. Vivemos num mundo cheio de idiotas, afinal. A Faro Editorial lança este mês o best-seller “A psicologia da estupidez”, editado pelo psicólogo e editor-chefe do jornal Le Cercle Psy, Jean-François Marmion. O livro conta com textos de Dan Ariely, Antonio Damasio, Pascal Engel, Howard Gardner, Daniel Kahneman, Edgar Morin, e muitos outros. Entender os idiotas é um desafio, algo que nunca foi realizado de forma profunda. Estudiosos e especialistas em comportamento humano se juntaram para tentar analisar como a estupidez se processa e quais seus mecanismos: entendê-la parece ser a melhor forma de combater sua disseminação. Isso parece ser o grande mal desse momento histórico. Com ensaios de psicólogos, psicanalistas, filósofos, sociólogos e escritores de diversas partes do mundo, os textos deste livro discorrem sobre a estupidez humana e como é impossível um mundo sem ela. Um estudo que pode soar excêntrico e também necessário sobre o que é a estupidez e como identificá-la nos diversos momentos ao nosso redor. O objetivo deste livro é preparar o leitor para esse juízo final de quem tem de aturar a estupidez continuamente. Afinal, como diria Nelson Rodrigues, “os idiotas vão dominar o mundo. Não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos”. (A psicologia da estupidez, Jean-François Marmion, Faro Editorial, 320 páginas, R$ 59,90)
Metalinguagem desconstruída: uma obra que ensina a escrever
Mais do que construir uma narrativa que atraia o público infantojuvenil para o mundo da literatura: Márcio Rabelo, professor Língua Portuguesa e mestre em Letras, usou a própria ficção para ensinar estudantes a escreverem uma narrativa. A casa da Chácara é uma história em metalinguagem destinada aos jovens em período escolar. Para isso, Márcio utiliza dois narradores para contar a história. Um deles é Jurena, a própria protagonista da obra. O outro é o Narrador – sim, com o “N” maiúsculo, um narrador comum que ganha personalidade e interage com o leitor. É em meio aos acontecimentos da história que o Narrador explica sobre construção de personagem, elementos de uma narrativa, enredo, clímax… tudo de uma forma leve e sem perder o gancho da história. Já Jurena é quem conta a história da chácara que dá título à obra. É lá que mora uma solitária senhora de 70 anos com várias árvores frutíferas que atraem a atenção da menina e do seu melhor amigo, Davizinho. O interesse dos dois pela chácara é justamente pela animosidade da vizinha: ninguém pode entrar lá. Em uma das invasões secretas dos amigos, eles acabam por desconfiar que existe um prisioneiro, supostamente o ex-marido da senhora, que todos julgavam morto. Intrigados com esse mistério, criam uma estratégia para desvendar o enigma e salvar o suposto prisioneiro. A casa da Chácara encanta, emocionada e surpreende com um desfecho libertador. (A casa da Chácara – Uma história em metalinguagem, Márcio Rabelo, PoD Editora, 190 páginas, R$ 29 – físico e R$ 16,36 – e-Book)
Regente Fiúza: a perfeita amálgama entre ficção e realidade
Um chefe em busca de ascensão, uma rainha em busca de guerra, sacerdotes em busca de sucesso. Os personagens de Regente Fiúza têm uma história para vender e o tempo é o único com poder de torná-la uma verdade absoluta. A obra de estreia do escritor Gabriel Lombardi, caracterizada por diálogos marcantes, direciona os leitores à reflexão sobre disputas políticas, conflitos territoriais, jogos de poderes e passagem do tempo. Ao longo dos anos e dos séculos, no passado ou no presente, o tempo, um dos principais personagens da trama, é quem influencia na construção da história de toda a humanidade. Logo nas primeiras páginas o autor apresenta Áramus, o kafa, considerado o líder da Temérsia. Apesar de parecer ser este um cargo de prestígio, Áramus não era um sujeito amado, mas sim alguém que acumulava conflitos a serem resolvidos e culpado por qualquer infortúnio que pousasse sobre o clã. Entre suas funções estavam gerir as defesas do clã, o comércio, as taxas de travessia, a diplomacia e, principalmente, manter os pobres longe dos ricos. Por utilizar elementos reais, Regente Fiúza é ambientada em uma realidade paralela com o objetivo de oferecer maior liberdade criativa e evitar más intepretações sobre a real mensagem da obra. “A fonte de inspiração para desenvolver o livro foram as consequências de pequenos gestos individuais que mudavam a história e moldavam nossa cultura e forma de pensar”, declara Gabriel. (Regente Fiúza, Gabriel Lombardi, Editora Viseu, 299 páginas, R$ 49,40 – capa comum e R$ 12,90 – e-Book)
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