DC LIVROS 27/03

Machado de Assis retrata conflitos governamentais da época
Ao longo da carreira de escritor, Machado de Assis nunca deixou de se posicionar diante de questões de cunho social. E não poderia ser diferente na penúltima obra escrita por ele: Esaú e Jacó. Lançado originalmente em 1904 e agora publicado pelo selo Via Leitura (Editora Edipro), o livro foi escrito em uma época de transição da política brasileira em que o País deixava de ser uma monarquia para viver uma república. O romance é ambientado entre o fim do Império e o início da Proclamação da República no século XIX e apresenta grandes acontecimentos como a abolição da escravatura e as revoltas contra o governo de Floriano Peixoto. Esaú e Jacó também retrata a disputa de dois irmãos gêmeos, Pedro e Paulo, que dividem opiniões diferentes: um é conservador e apoia o antigo regime governamental e o outro é liberal e deseja avanços políticos. Esta edição da Via Leitura foi reproduzida a partir da primeira publicação da obra em 1904 e traz notas explicativas para os termos em desuso. Esaú e Jacó é o sexto livro de Assis na coleção Biblioteca Luso-Brasileira do Grupo Editorial Edipro, que já conta com 24 obras voltadas aos estudantes de ensino médio e vestibulandos. (Esaú e Jacó, Machado de Assis, Editora Via Leitura, 224 páginas, R$ 31,90)
Relações familiares, amor, saudade e alegria
Cláudia chegou em casa chateada. Na verdade, ela chegou triste, bem triste. Até tentou disfarçar para seus pais quando estavam na praia, mas não conseguiu por muito tempo… É que, na escola, contaram à garota que existe um número que se chama infinito. Todos entenderam, menos Cláudia, que foi embora sem ter a menor ideia do que seja esse tal infinito. Isso a deixou bem preocupada e chateada, especialmente porque todos os seus colegas compreenderam esse número estranho. É quando, com a sensibilidade e o carinho de seus pais, ela aprende que esse número está por trás de muitas coisas e também de nossos maiores sentimentos… Delicadamente ilustrado por Zuriñe Aguirre com elementos que ampliam o repertório da criança, o livro de Jesús López Moya fala de forma poética sobre relações familiares, amor, saudade e alegria. Ao longo da história, conceitos abstratos são traduzidos para o universo infantil de maneira clara a fim de favorecer o entendimento. Despertando o interesse sobre a maneira de se sentir as emoções peculiares aos seres humanos, a obra reforça questões imprescindíveis nas relações humanas, como ética, meio ambiente, saúde, pluralidade cultural e sexualidade. (Infinito, Jesús López Moya, Callis Editora, 40 páginas, R$ 42,90)
Lições para preservar meio ambiente
Como sensibilizar os jovens com as questões climáticas e incentivar ações simples em defesa do meio ambiente? Denise Becker, autora do livro Conexão Julieta juntou mitologia, ciência e a graça de um jovem casal para debater o tema e dar dicas simples de atitudes de preservação. O livro Conexão Julieta, lançado na Bienal Virtual do Livro de São Paulo, está centrado em duas personagens – Julieta que mora no Rio de Janeiro e Pietro em Verona-Itália. São jovens, fazem trabalhos sociais, têm tradições familiares e foram escolhidos “pelos deuses” para propagar ações de conscientização para mitigar os problemas com o meio ambiente. Tudo acontece no espaço de um arco-íris. Para não dar “spoiler”, os sete bens da natureza e as cores do arco-íris são: ar/vermelho, solo/laranja/recursos naturais e não renováveis/amarelo, flora/verde, água/azul, fauna/índigo e seres humanos/violeta. Quais serão as atitudes de preservação? Com referências à literatura (Shakespeare e Carlos Drummond de Andrade), mitologia (12 deuses do Olimpo), as tradições familiares de Natal no Brasil e na Itália, Conexão Julieta é uma obra de ficção que agrada todas as idades. (Conexão Julieta, Denise Becker, Editora Philia, 142 páginas, R$ 59 no Letras Amigas e R$ 41,90 no Amazon)
Eu te ajudo, você me ajuda e o mundo muda
O escritor Arnaldo Devianna trabalhava em Pitangui, a eterna Sétima Vila do Ouro de Minas Gerais, quando conheceu a história de uma senhora chamada Rosemary Aparecida de Freitas Batista: ela transformou a casa onde morava com o marido e os filhos em um abrigo para órfãos. Assim, entre lágrimas de admiração, nasceu A Minha Turma é Demais, produção que narra o esforço de um grupo de adolescentes para salvar o abrigo da Mama Terê. O protagonista deste enredo é o Léo, um garoto que se esconde em um casario antigo para escapar da Turma do Piranha. Já perdia as esperanças quando um grupo de órfãos residentes oferece a salvadora proteção. Em troca, precisava ajudá-los a evitar a demolição da casa. Isso significava enfrentar Seu Romário, ou o vulgo Sapo Gordo, o homem mais poderoso da cidade, que pretendia construir no local um hotel de luxo. É apenas com a inteligência e seus novos amigos que Léo pode contar para se proteger dos colegas briguentos e salvar o orfanato. Além de enfrentar tudo isso, outro temor apavora o personagem: se a mãe descobrisse a encrenca, voltaria para a casa da avó – um lugar sem internet, sem TV e, ainda, com a comida mais insossa do mundo. A Minha Turma é Demais se beneficia da dúvida entre a ficção e a realidade ao trazer para o enredo a figura de Tiradentes. O autor surpreende ao apresentar a possibilidade do personagem histórico ter morado no casario onde funciona o Abrigo da Mama Terê. Se fosse verdade, em vez de demolida, a casa merecia ser tombada como patrimônio do Brasil. Conseguirá Léo e a sua turma desembolar esse novelo a tempo?! (A Minha Turma é Demais, Arnaldo Devianna, DVS Editora, 192 páginas, R$ 36)
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