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Demanda pela UTI aérea da Líder registra elevação de 400% em 2020

Demanda pela UTI aérea da Líder registra elevação de 400% em 2020
Os serviços da Líder Aviação vêm crescendo mesmo com o impacto da pandemia | Fotos: Gustavo Andrade/Divulgação

A pandemia de Covid-19 resultou em uma drástica queda de 48,7% nos voos domésticos em 2020 na comparação com 2019, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). E, apesar de as companhias aéreas terem registrado uma retomada gradual da demanda por voos comerciais, desde maio do ano passado, com o recrudescimento da doença no País, os números voltaram a cair, fazendo com que a aviação executiva surja novamente como opção.

Para se ter uma ideia, a procura e a oferta de transporte aéreo diminuíram mais de 30% em fevereiro deste ano sobre o mesmo período de 2019, quando ainda não tinham sido anunciadas as primeiras medidas sanitárias para conter o coronavírus no País. Ainda conforme a Anac, também na comparação com fevereiro do ano passado, a relação entre os assentos disponíveis e os passageiros que embarcaram caiu mais de 40%.

É neste cenário que a busca por voos fretados tem registrado aumento, em parte porque as pessoas estão evitando voos comerciais, por acreditarem em maior risco de contaminação. A priorização de destinos nacionais, já que as fronteiras internacionais estão fechadas e a privacidade nos voos de lazer e negócios, são fatores que estão influenciando esse crescimento, assim como os voos médicos e de carga.

A Líder Aviação, com sede em Belo Horizonte, por exemplo, vem apurando incremento na demanda desde o ano passado em todos esses serviços. De acordo com a diretora superintendente de Manutenção, Fretamento e Gerenciamento de aeronaves da empresa, Bruna Assumpção Strambi, logo nos primeiros meses da chegada da doença ao Brasil, em março do ano passado, foi observado aumento de 12% nas cotações, ainda muito em função das incertezas quanto ao que estava por vir.

Em seguida, conforme ela, com as primeiras medidas de distanciamento social, a Líder observou impacto negativo também nos voos executivos. Porém, a demanda foi substituída por outras, como a de UTI aérea, que acumulou crescimento de 400% no ano que passou.

“Tivemos também aumentos consideráveis em voos de repatriação e de cargas – a partir da homologação pela Anac para o transporte de cargas biológicas. E em outubro percebemos o retorno das atividades e da demanda por voos executivos”, recorda.

Segurança não é uma prioridade, mas nosso principal valor, afirma Bruna Assumpção Strambi | Crédito: Isamu Mitsueda

Os meses seguintes também foram bastante aquecidos e, segundo Bruna Assumpção, dezembro e janeiro apuraram recordes, que foram incrementados não apenas no segmento empresarial e executivo, mas também por pessoas em férias, em busca de deslocamentos pessoais.

“Meses de férias, o Brasil com voos limitados para o exterior e as pessoas querendo viajar dentro do País. Tivemos um impacto positivo grande, diferentemente das linhas aéreas regulares, inclusive pelos serviços diferenciados e seguros que oferecemos. Aliás, costumo dizer que a segurança não é uma prioridade, mas nosso principal valor. Não apenas em nossas operações, mas na empresa como um todo, incluindo colaboradores e clientes”, ressalta.

Para a diretora, a escolha por parte dos clientes tem ocorrido tanto pela comodidade e segurança de se evitar filas e aglomerações, quanto pela segurança do uso de um serviço personalizado e exclusivo. Ainda assim, a demanda por estes tipos de serviços não foi suficiente para elevar os resultados gerais sobre o exercício anterior. Nos voos executivos, por exemplo, não foi possível voltar aos números pré-pandemia. “Mas também não fomos tão impactados quanto a aviação regular”, pondera.

Vale dizer que desde janeiro de 2021, em comparação com 2020, período anterior à pandemia, a empresa apurou aumento médio de 62% em horas voadas. Além disso, houve crescimento dos fechamentos de voos por meio dos canais digitais, como o aplicativo de fretamento, em cerca de 300% em relação à média de voos fechados por mês.

UTI Aérea na aviação executiva 

Muito deste resultado se deveu ao transporte hospitalar. Segundo a executiva, desde janeiro é possível observar aumento da demanda pelo serviço de UTI aérea em todo o Brasil. “As cotações refletem o que vemos nos jornais. Quando Manaus era o foco da doença no País, tínhamos muita demanda vinda de lá para transportar pacientes para o Sudeste. Agora vemos um movimento semelhante entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas, porém, os hospitais destas cidades também já estão lotados”, afirma.

O transporte em UTI Aérea realizado pela Líder ocorre entre duas unidades hospitalares (bed to bed). Para isso, a empresa possui duas aeronaves adaptáveis e equipamentos que transformam o avião executivo em hospitalar em até duas horas – uma está localizada em São Paulo e outra na capital mineira.

“Removemos alguns bancos, incluímos os equipamentos homologados e deixamos espaço para a maca com o paciente, um ou dois acompanhantes e equipe médica. Além disso, realizamos todas as verificações, triagem médica e adequações da operação do voo em prol da saúde do paciente, uma vez que as condições em voo não são as mesmas em terra e influenciam diretamente na estabilidade do doente”, explica.

Por fim, a executiva cita que a Líder é a maior empresa de aviação executiva da América Latina e conta hoje com uma frota de 52 aeronaves, das quais, 20 entre helicópteros, jatos e turbo hélice à disposição de fretamentos.

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