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Diálogos DC discute o legado da COP 26

Diálogos DC discute o legado da COP 26
Notadamente, as empresas têm assumido compromissos mais robustos e, se todos forem cumpridos, o aquecimento global será contido em 1,8ºC contra os 2,4ºC previstos até 2050 | Crédito: Pixabay

Terminada a Conferência das Organizações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP 26), em Glasgow, na Escócia, países, empresas, instituições da sociedade civil e ativistas fazem o balanço do evento. Apontado pelo próprio secretário-geral da ONU, António Guterres, como “importante, mas insuficiente”, o relatório final – debatido linha por linha – trouxe novidades, apontou caminhos e metas, mas ainda deixou lacunas.

Um dos pontos que mais criava expectativa antes do encontro era o mercado de carbono. Durante o Diálogos DC “COP 26: urgências, avanços e incertezas”, realizado na sexta-feira (26), o gerente de Sustentabilidade da Cemig, Adiéliton Galvão de Freitas, comemorou o avanço dessa pauta na COP 26.

“Essa é uma grande notícia. A efetivação de um mercado global de créditos de carbono abre enorme campo de oportunidades para o Brasil. Agora é hora dos países criarem as suas regulamentações nacionais para evitar a dupla contagem de crédito – no país que vende e no que compra o crédito”, explicou Freitas.

O Diálogos DC, transmitido ao vivo pelo site do DIÁRIO DO COMÉRCIO, é parte de uma série de debates em fomento ao Movimento Minas 2032 – pela transformação global (MM 2032). Capitaneado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, o MM 2032 tem como objetivo criar uma comunidade de desenvolvimento para a construção conjunta de reflexões e ações efetivas para promover a consolidação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), instituídos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015.

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Ainda entre as boas notícias, uma das mais aguardadas era a volta dos Estados Unidos à mesa de negociação. A potência chegou a se retirar, em 2017, do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas firmado em 2015.

“Era nítido no dia a dia da conferência o esforço dos EUA, o trabalho dos negociadores. Mesmo com o peso do país, cada linha do acordo é muito discutida. Tem que ser assinado por 200 países, então é preciso fazer concessões. O importante é que o texto final deu grandes direcionamentos, com os países assumindo mais compromissos. Na COP 27, ano que vem, no Egito, esses compromissos devem ser ainda mais fortes. É preciso lembrar que a COP é um encontro de países, mas, de forma geral, os agentes emissores são os entes privados. É interessante notarmos que as empresas têm assumido compromissos mais robustos. Se todos forem cumpridos, vamos conter o aquecimento em 1,8ºC contra os 2,4ºC previstos até 2050. Haverá um acompanhamento muito grande da sociedade feito sobre a execução desses compromissos por países e empresas”, pontuou o gerente de Sustentabilidade da Cemig.

Silva: já é um ganho a reversão do desmatamento até 2030 | Crédito: Divulgação

Entre as incertezas e, talvez, maiores decepções dentro do evento, está a resistência da China e Índia em reduzir e eliminar o uso do carvão como fonte principal de energia. Para o assessor Institucional do Sistema Ocemg, Geraldo Magela da Silva, também presente na COP 26, os países reagem também regidos por interesses internos e a diferença de avaliações sobre o resultado final faz parte do jogo político de negociações globais.

“China e Índia conseguiram que a eliminação do carvão fosse mais lenta. Esse não é o melhor resultado do ponto de vista da mitigação dos efeitos do aquecimento global, mas já é um grande avanço. Até bem pouco tempo sequer falávamos nisso. A COP 26 teve mais de 50 mil participantes. Líderes de 120 países, responsáveis por 95% das florestas, concordaram em conter e reverter o desmatamento até 2030. Isso deve ser comemorado”, avaliou Silva.

No que diz respeito à atuação de entes privados, o Sistema Ocemg apresentou o projeto MinasCoop Energia, que prevê o uso e a doação de energia fotovoltaica produzida pela entidade. Segundo o superintendente do Sistema Ocemg, Alexandre Gatti, a produção da energia fotovoltaica acontece no Norte de Minas e a primeira entidade beneficiada será a Santa Casa de Belo Horizonte, que gasta anualmente cerca de R$ 2 milhões com a conta de energia elétrica.

“É um projeto transformador. Estamos na ‘Etapa BH’ e escolhemos fornecer toda a energia para a Santa Casa. Tínhamos como grande desafio não termos área, telhado suficiente para fazer a geração, então buscamos áreas apropriadas e achamos Cristália e Botumirin, no Norte de Minas. São famílias carentes, sem recursos para produzir, mas que possuem terrenos grandes. Arrendamos parte dessas áreas, gerando renda extra para as famílias. Apresentamos o projeto e fomos muito bem recebidos na COP. Esse é o nosso projeto, mas existem muitos outros acontecendo em outras cooperativas por Minas e pelo Brasil. Todos os projetos do Sistema Ocemg estão alinhados com os ODS. O cooperativismo está empenhado na luta pela mitigação dos efeitos das mudanças climáticas”, completou Gatti.

Alexandre Gatti: fomos muito bem recebidos na COP 26 | Crédito: Divulgação

Plataforma simplifica alinhamento à Agenda 2030

O Movimento Minas 2032 – pela transformação global (MM 2032), criado em 2017 e liderado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, ganhou mais um participante: a Seall, startup de impacto que auxilia organizações a fortalecerem seus legados por meio de uma gestão estratégica e inovadora sob o aspecto do impacto socioambiental e econômico.

Com foco nas micro e pequenas empresas (MPEs), a empresa lançou a Seall Intelligence Basic – plataforma capaz de ajudá-las a alinharem suas gestões à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) de maneira simples e transparente.

De acordo com a diretora-executiva da Seall, Gabriela Ferolla, o objetivo é democratizar o acesso à gestão do impacto socioambiental e econômico para empresas e pessoas. Dados da pesquisa “Mapa 2021 de Negócios de Impacto Socioambiental” mostram, por exemplo, que 78% das organizações no Brasil reconhecem que não mensuram o seu impacto e 42% sequer definiram indicadores de impacto para a efetivação de processos.

“As empresas que não fazem essa mensuração acabam perdendo oportunidades no mercado. Nossa ideia é usar a Agenda 2030 como eixo conector dos indicadores, diretrizes e parâmetros dos principais protocolos do mercado. Como a Agenda é adotada em mais de 193 países e por milhares de organizações, as empresas têm oportunidades em nível mundial, já que os fundos de investimento globais já estão se mobilizando para uma gestão mais responsável e usando relatórios de impacto como critério para a escolha de projetos a serem investidos e concessão de crédito”, explica Gabriela Ferolla.

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