Diretora de teatro brasileira promove conexões nos EUA

Interessada em contar histórias brasileiras para o mundo, a diretora de teatro Marina Zurita, baseada em Nova York, usa a “capital do mundo” para ampliar o discurso do ponto de vista do alcance e da capacidade de ver “de fora” e continuar pertencendo.
Formada pela University of North Carolina Schoolof the Arts, a diretora – que tem raízes mineiras por parte de mãe – tem entre os seus projetos mais recentes “Saudades”, escrita por Fernando Segall. Apresentada nos palcos do Consulado Brasileiro em Nova York e do Rough Draft Festival, a peça conta a história de Laura, uma jovem americana que parte para o Brasil em uma busca das suas raízes perdidas.
O processo criativo foi documentado pela rede deTV Record América. O trabalho foi premiado pelo edital Brooklyn ArtsCouncil, e está sendo utilizado para financiar a terceira produção do espetáculo – a ser apresentado no teatro Jack nesta semana.
“O projeto é feito de forma colaborativa e nessa experiência achamos uma coisa legítima para o grupo. A maioria do público é de brasileiros. A partir da peça conheço mais a comunidade de imigrantes. Tivemos muitos retornos de imigrantes de outros lugares, revelando que essa é uma experiência comum a todos nós que aqui chegamos para viver parte ou a vida toda”, explica Marina Zurita.
Em seus trabalhos, Marina Zurita faz questão de contar com uma equipe composta majoritariamente de imigrantes. A ideia é, além de contar com a diversidade de olhares, contribuir para que eles se legalizem e se formalizem no país.
“Sinto que a comunidade de migrantes em Nova York acolhe muito. A cidade é uma centrífuga, com muita competição. Se não tiver quem te apoie, a centrífuga te joga para fora. Procuro conhecer técnicos que sejam migrantes. Sei que isso ajuda as pessoas, inclusive, a conquistar os vistos”, destaca.
Outro trabalho atual da diretora é o projeto teatral Riven, em colaboração com as atrizes brasileiras Laila Garroni e Josanna Vaz, a partir de entrevistas conduzidas com catadores/as de material reciclável no Brasil. Em português o título do espetáculo é “Ruptura”.
A peça, que segue em desenvolvimento, tem recebido apoio de diversas instituições artísticas a partir de residências artísticas e financiamento. Entre elas estão: The Kennedy Center for the Performing Arts, Target Margin Theater e Lab at APE. Entre os prêmios e editais conquistados pela peça estão: 23/24 NYC Women’s Fund e 2023 CreativeEquations.
“A peça foi apresentada dia 13 de junho e veio bastante gente que não era brasileira. Os catadores são uma realidade do sul global. Nos EUA eles não são organizados como classe. Os norte-americanos disseram que aprenderam muito sobre essa realidade durante o espetáculo. Essa peça traz uma conexão com o Brasil real. Isso é muito importante. É para a gente ter orgulho dos catadores. Eles são referência mundial em sustentabilidade”, pontua.
Mesmo baseada nos Estados Unidos e com planos de morar em outros países, Marina não desfaz a relação com o Brasil. É aqui que ela se alimenta artisticamente. O objetivo da diretora é trazer Riven para o País o quanto antes.
“Faz sentido que o ‘Saudades’ aconteça fora do Brasil. Já o ‘Ruptura’ é incrementado pela geografia do Brasil. Quero mostrá-lo para os catadores que entrevistamos. Sinto muita necessidade de andar pelo Brasil. Nesse momento, como criadora, não estou interessada em histórias que não sejam brasileiras. Tenho orgulho e saudades do Brasil”, completa a diretora de teatro.
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