Documentário desvenda processo criativo do Tetro

A exuberância da natureza brasileira e a reconhecida escola de arquitetura desenvolvida no País costumam gerar diálogos capazes de encantar e gerar negócios pelo mundo. O Tetro Arquitetura, escritório sediado em Belo Horizonte há 20 anos, se propõe desde o início a projetar empreendimentos e principalmente residências que tenham essa conversa franca com o meio ambiente, sem querer domar suas formas e características.
Esse esforço levado à frente pelos amigos Carlos Maia, Igor Macedo e Débora Mendes, foi registrado pelo documentário “From the ground up” (Acima do chão, em tradução livre), dirigido pelo cineasta Augusto Custódio. O filme, produzido com exclusividade para a Gallery, plataforma europeia de streaming com foco em arquitetura e design, relata o processo criativo do escritório mineiro. O documentário integra uma série que reúne arquitetos de todo o mundo e o Tetro é o único brasileiro participante.
“O documentário é um reconhecimento e uma indicação de que estamos em um caminho certo. Criar o documentário foi um grande exercício de autoanálise e o resultado ficou muito fiel ao que somos. E, depois de tudo, ver que teve uma boa aceitação nos deixa muito felizes. A nossa sensibilidade de criação tem muito do nosso contexto. Estamos no meio de um campo de montanhas, com muita expressão do barroco, do modernismo barroco de Niemeyer. Nos moldamos à natureza”, destaca o arquiteto”, afirma Maia.
Na descrição da empresa está “integração com a natureza, uso de materiais in natura e exploração de espaços vazios”, atributos que ganharam ainda mais relevância durante a pandemia. Nos últimos dois anos o negócio cresceu, com projetos espalhados por países tão diferentes e distantes entre si como Brasil, Índia e Equador.
“Tivemos uma demanda muito alta de projetos nesse período e crescemos muito. Agora vejo que tenho menos procura de investidores e mais de pessoas que querem morar numa casa. Nossa arquitetura se relaciona muito com a arte. Cada projeto é único e o conceito é desenvolvido pelos três sócios. Nosso objetivo não é escalar o negócio, esse é o tamanho que queremos para o escritório, por isso não temos problema com a falta de mão de obra qualificada. Quando buscamos profissionais fora, temos muitas pessoas interessadas”, explica o arquiteto.
“No começo o impacto da pandemia foi muito forte sobre o nosso processo criativo, que sempre foi muito colaborativo entre os arquitetos principais, engenheiros e os próprios moradores. Mas a parte boa é que todo mundo aprendeu a se comunicar de forma on-line e hoje isso funciona muito bem e as reuniões são até mais eficientes. De certa forma isso permitiu a expansão internacional do escritório com projetos em outros países. A comunicação funcionou muito bem em uma época em que não podíamos viajar”, destaca Macedo.
E assim o Tetro Arquitetura segue com projetos alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), preconizados pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015 e com as práticas de responsabilidade socioambiental e de governança (ESG).
“Temos uma visão de que a arquitetura e o progresso não têm que destruir a natureza. Buscamos uma simbiose entre arquitetura e natureza, respeitando o que existe no lugar. Vejo alguns grandes empreendimentos que destroem tudo e depois fazem uma maquiagem verde para falar que são sustentáveis. Como profissionais e cidadãos, não podemos nos contentar com pouco. A nossa visão não é destruir e depois fazer a compensação. Nosso objetivo é não destruir o que existe”, completa o sócio da Tetro Arquitetura.
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