Dono da Alibaba vê cenário cada vez mais confuso
Fundador da Alibaba e um dos homens mais ricos da China, Jack Ma se surpreendeu diante da notícia das críticas de Trump contra o Brasil e Índia. “As coisas estão ficando cada vez mais confusas”, disse o empresário a jornalistas brasileiros.
Para ele, a tensão internacional é resultado de uma situação de desequilíbrio gerada há anos. “Esse problema foi causado há quinze anos. Não adianta pensar que uma solução vem em três meses, rapidamente. Isso está gerando muita tensão”, avaliou.
Antes, em uma conferência, Ma deixou claro que os riscos são elevados e que um conflito vai “destruir o comércio”. “É fácil lançar uma guerra. Não pará-la”, alertou. “Ela vai atingir todos e é um enorme desafio. Uma guerra não só vai destruir o comércio da China e EUA. Mas também o das pequenas e grandes empresas de todo o mundo”, disse.
“Quando o comércio para, as guerras começam. O comércio não pode ser a arma para fazer guerra. Quando ela começar, vai ser difícil parar”, alertou.
Ma garante que os empresários não querem um conflito. “Não é disso que precisamos. Se ela começar, vai levar 20 anos”, disse. O chinês lembrou que foi o desenvolvimento da primeira revolução industrial que, de forma indireta, lançou a Primeira Guerra Mundial. A segunda revolução industrial acabou lançando, em sua visão, a Segunda Guerra Mundial. “Estamos entrando na terceira revolução industrial, mas não queremos uma 3ª guerra mundial”, completou.
Apelando por um diálogo entre as partes, Ma também alertou que o déficit de um país não pode mais ser, no século 21, a medida para avaliar se o comércio está funcionando. “Os americanos cresceram em quase 4%, mesmo com um déficit”, disse. “O que interessa é a qualidade do comércio”, destacou.
Daniel Funes de la Rioja, empresário argentino que preside o grupo do setor privado do G-20, estima que a ofensiva de Trump deixa claro que o Mercosul precisa ser reforçado para permitir que a região possa negociar com maior peso diante de Washington ou qualquer outra grande economia. “Precisamos aprofundar seriamente o Mercosul”, defendeu.
“Nossos países são muito mais fracos no contexto do bilateralismo”, alertou o empresário. “Acreditamos que a lógica na qual devem resolver os problemas é no multilateral, e posições unilaterais são respeitáveis, mas não compartilhadas”, completou. (AE)
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