Mineira Ease Labs adquire indústria colombiana produtora de cannabis

A empresa mineira Ease Labs Pharma fechou a aquisição da Plena Colômbia, uma das maiores produtoras de cannabis da América do Sul. Dessa forma a companhia terá um novo nome: Ease Labs Colômbia. Essa negociação pode gerar uma economia de até R$ 190 milhões na cadeia de insumos da farmacêutica nos próximos 10 anos.
De acordo com o co-CEO de competitividade e desenvolvimento científico da Ease Labs, Guilherme Franco, a companhia colombiana já atuava como uma das principais fornecedoras da farmacêutica. A oportunidade de adquirir a empresa surgiu após a decisão do sócio majoritário da Plena de sair do mercado de cannabis.
“Chegou um momento em que, por uma decisão do dono da Plena de sair da operação de cannabis a nível global, a empresa nos informou que não iria conseguir seguir com a prestação de serviços que nós contratamos. Vendo essa oportunidade, nós nos reunimos com os sócios e iniciamos as negociações”, relata.
O executivo destaca o caráter estratégico da compra, como a velocidade para entrar nessa operação e realizar a verticalização da cadeia, escapando de qualquer dependência de fornecedores.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Além disso, a aquisição também permitirá que o Ease Labs Group incorpore o custo que anteriormente seria da companhia mineira. “Hoje isso vai proporcionar uma redução na faixa de 40% do nosso custo no produto”, calcula.
Leia também: Revolução verde: como a cannabis pode transformar o futuro do planeta
Ainda sobre a economia gerada pela negociação, Franco ressalta que não é possível definir um montante exato mas aponta que, só na cadeia de insumos, a redução dos custos poderá chegar a R$ 190 milhões nos próximos 10 anos.
“Isso gera muitas outras possibilidades para nós como, por exemplo, se tornar uma das indústrias mais competitivas da América Latina no fornecimento de insumos farmacêuticos de cannabis”, completa.
Segundo o empresário, o grupo farmacêutico mineiro está realizando uma avaliação de todos os clientes da Plena para decidir quais são estrategicamente aderentes à visão da empresa.
A Plena Colômbia possui uma área de 45 mil metros quadrados (m²) de estufas para cultivo da planta no solo, que possibilita a produção de 40 toneladas de biomassa da planta por ano.
Além disso, Franco destaca que a empresa conta com mais uma estufa de alta tecnologia em uma área de 10 mil m², capaz de produzir todas as matrizes e clones que serão utilizados na propagação para o solo. “Hoje nós contamos com 55 mil m² de área de cultivo”, diz.
A companhia possui uma estrutura para extração primária e geração de energia, além da planta industrial, somando 29 hectares de estrutura. “Nós também temos potencial de expansão para atender o mercado externo; mas ainda não vemos essa necessidade de expansão para atender o mercado brasileiro. Com esse nosso padrão de custo versus ‘qualidade Anvisa’, temos uma visão de que podemos ir para o mercado externo em algum momento”, avalia.
O co-CEO de competitividade e desenvolvimento científico da Ease Labs destaca ainda a qualidade dos profissionais que trabalham na Plena. Para ele, esse conhecimento também pode ser definido como um ganho nessa aquisição.
“Além da estrutura física, que é extremamente importante, nós também temos profissionais com muito conhecimento sobre a diversidade das 510 variações genéticas que a Plena tem”, afirma.
Outra novidade é que todo o insumo farmacêutico trabalhado pela Plena será transferido para a operação do grupo no Brasil para serem processados pela Semeya, uma das empresas que compõem o grupo. “Isso porque a Semeya é uma das empresas que está debaixo do guarda-chuva da Anvisa, que é um órgão renomado em relação a qualidade farmacêutica”, explica.
Franco ressalta que toda a cadeia será atendida, principalmente, a parte ligada ao varejo. “É muito importante manter o fornecimento de suprimentos em uma cadeia de varejo. Porque o médico que está prescrevendo precisa ter a certeza de que o produto vai estar na farmácia para o paciente comprar”, aponta.

Aquisições e demais projetos da Ease Labs
Quanto a possíveis aquisições por parte da Ease Labs no futuro, Franco entende que, quanto à parte produtiva da empresa, não há necessidade de novas negociações deste tipo. “Hoje nós consideramos que a nossa cadeia possui a melhor performance possível e é uma das melhores do mundo em relação à cannabis”, aponta.
Por outro lado, o executivo não descarta a possibilidade de realizar algumas operações de aquisição na parte de mercado, com foco na compra de empresas concorrentes ou demais players que não estão conseguindo tracionar no mercado. “Nós podemos fazer algumas aquisições para obter participação de mercado, isso é uma possibilidade”, diz.
Vale lembrar que a empresa já realizou outras aquisições estratégicas desde a fundação em 2018. A própria Semeya foi uma dessas aquisições, realizada em 2022, integrando na cadeia produtiva o processo de purificação do canabidiol em solo brasileiro.
Já no ano passado, a companhia realizou a compra da Colômbia Cannabis Company (CCC), com foco no desenvolvimento genético da planta.
Dentre os demais projetos da Ease Labs Pharma está o de expansão da capacidade de produção. Atualmente, a empresa utiliza apenas uma de suas duas linhas de produção certificadas, mas já está com planos de lançar, pelo menos, mais duas linhas.
A companhia foi a primeira fábrica especializada em cannabis a disponibilizar nas farmácias brasileiras um produto com produção 100% nacional. De acordo com Guilherme Franco, a empresa ainda planeja lançar um produto da linha de sólidos e futuramente uma nova linha de medicamentos de uso tópico.
“Para isso vai ter que ter toda uma análise e um estudo clínico, por se tratar de medicamentos, mas medicamentos de uso tópico com canabidiol. Esses dois pilares de desenvolvimento estão em andamento e já temos outros em outras moléculas distintas dos canabinoides”, afirma.
Ouça a rádio de Minas