Negócios

Economia circular impulsiona descarbonização na siderurgia

Relatório do Ibec e debates da ABM Week mostram que o uso de resíduos, a inovação tecnológica e os créditos de carbono estão no centro das estratégias para reduzir emissões e tornar o setor mais competitivo
Economia circular impulsiona descarbonização na siderurgia
Siderurgia responde por até 9% das emissões globais | Foto: Reprodução / Adobe Stock

A descarbonização da indústria minero-metalúrgica tem avançado por meio de projetos e parcerias que buscam reduzir as emissões de gases de efeito estufa e otimizar o uso de recursos. Parte dessas iniciativas foi apresentada durante a ABM Week, o maior evento técnico-científico da América Latina voltado à metalurgia, aos materiais e à mineração. A consultora Leila Kauffmann, que mediou a mesa sobre Valorização e Avaliação do Ciclo de Vida dos Coprodutos Siderúrgicos, ressaltou que o desafio da transição é também de competitividade e sobrevivência para o setor.

“A siderurgia responde atualmente por 7% a 9% das emissões globais de gases de efeito estufa. Discutir economia circular e ciclo de vida dos produtos é, portanto, tratar da própria capacidade de o setor permanecer relevante em um mercado cada vez mais pressionado por padrões de sustentabilidade”, afirmou Leila Kauffmann.

Nessa direção, o Instituto Brasileiro de Economia Circular (Ibec) lançou o relatório “Economia circular como alavanca para a descarbonização do setor siderúrgico brasileiro”, que aponta o modelo como um caminho promissor para reduzir emissões. Embora práticas como a transformação de resíduos, o uso de sucata e o aproveitamento de coprodutos já estejam presentes, o estudo ressalta a necessidade de superar barreiras para adotar uma abordagem mais sistêmica.

Paralelamente, o mercado de créditos de carbono ganha força como instrumento de compensação de emissões. Atualmente, o principal canal de negociação é o Portal B4 Capital, mas a Lei nº 15.042/2024, que regulamenta o mercado de carbono no País, deve estimular a criação de novos mecanismos de transação.

Segundo a Greenline Associates, empresa brasileira de geração de créditos de carbono, o mecanismo pode funcionar como uma ferramenta estratégica de transição. “Enquanto tecnologias de baixo carbono ainda não estão amplamente disponíveis, a aquisição de créditos pode ser usada pelas indústrias como instrumento de adaptação e competitividade”, avaliou Erick Mussi, CEO da companhia, em canais de divulgação da B4.

Para o especialista, os créditos de carbono também podem gerar benefícios diretos ao setor siderúrgico. Empresas que reduzirem emissões além das metas obrigatórias ou desenvolverem projetos sustentáveis, como reflorestamento, produção de energia renovável e reaproveitamento de resíduos, poderão agregar valor às operações e fortalecer sua imagem corporativa.

Analistas em compensações de carbono também destacam o papel desse mercado na reputação internacional do setor. Diante do rigor crescente em regiões como a União Europeia e os Estados Unidos, que impõem padrões cada vez mais exigentes para a pegada de carbono, os créditos podem ajudar empresas brasileiras a manter acesso a esses mercados.

As discussões reforçam o compromisso do setor minero-metalúrgico em alinhar crescimento econômico e responsabilidade ambiental. A combinação de inovação tecnológica, economia circular e instrumentos de mercado tende a ser determinante para consolidar uma indústria mais sustentável e competitiva nos próximos anos.

Segundo o diretor de Operações da ABM, Valdomiro Roman, “a siderurgia brasileira tem um forte compromisso socioambiental com as gerações futuras, e o País tem grande potencial para ser um player relevante no processo de descarbonização. Neste momento, a ABM se coloca como parceira das empresas nesse desafio, seja na capacitação de técnicos, seja na promoção de debates sobre o tema”. %

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas