Ecossistema se une por Pacto da Ciência pela Inovação em Minas

Em evento realizado nesta segunda-feira (17), no campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Pampulha, foi convocado todo o ecossistema de inovação do Estado – professores, pesquisadores, estudantes da graduação e pós-graduação, imprensa, representantes das diferentes esferas do poder público e da iniciativa privada – para dar início aos debates para consolidação do Pacto da Ciência pela Inovação em Minas Gerais.
A iniciativa proposta pela UFMG contempla o conceito de inovação como ação transversal do ensino, pesquisa e extensão, que reúne competências de diversos atores para ações estratégicas e operacionais para impacto da transformação socioambiental.
“Esse evento foi pensado para ser um fórum de debate que integra setores que raramente dialogam. A falta de articulação é um grande problema. Esse pacto busca fomentar a articulação e tentar localizar os desafios de Minas Gerais para a inovação que honre o nosso enorme potencial”, explicou a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart de Almeida,
A mesa de abertura reuniu, além da reitora, a deputada estadual Beatriz Cerqueira, o subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Lucas Mendes; e a secretária municipal adjunta de Desenvolvimento Econômico de Belo Horizonte, Chyara Sales.
“Sem dúvida nenhuma, o Pacto da Ciência pela inovação é determinante para uma necessidade que temos hoje de repensar o ordenamento territorial. As cidades, de maneira geral, estão enfrentando uma série de novos desafios que, sem a devida parceria e a devida inteligência, não serão resolvidos. Então, a nossa grande pergunta hoje é: como podemos acomodar esse desafio de maneira que a cidade se prepare do ponto de vista da infraestrutura, da mobilidade, do bem-estar, da qualidade, da igualdade, do acesso, principalmente aos alimentos, à saúde e à educação”, analisou Chyara Sales.
Na sequência, a mesa-redonda sobre o Ecossistema de inovação de Minas Gerais, contou com o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, (Fapemig), Carlos Arruda; o superintendente do Instituto Euvaldo Lodi/ Fiemg, Gustavo Macena; o diretor-presidente do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), Marco Crocco; e a presidente e diretora editorial do Diário do Comércio, Adriana Muls.
O desafio da inovação capaz de transformar a ciência em soluções para problemas reais e urgentes da sociedade parece, em tese, mais fácil no Estado. Minas Gerais sedia quase 20% das universidades federais de todo o País. Pelo Estado estão espalhadas 11 instituições e também o Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-MG). Além das universidades, Minas também conta com 25 Institutos Federais de Ensino, que ofertam cursos tecnológicos, de graduação e pós-graduação. Mas a infraestrutura e o conhecimento gerado não têm relação direta com a inovação e o desenvolvimento socioeconômico.
“Minas tem uma vocação natural para a área de tecnologia e para a área de inovação. A importância de eventos como esse não é só do ponto de vista de discussão de temas, mas é da gente lançar a luz entre os atores que são necessários para a realização da inovação e para o aumento, obviamente, da nossa produtividade e da nossa economia. É a partir dessa integração dos atores que conseguimos, de fato, garantir uma inovação efetiva, industrialização nacional e , obviamente, uma economia mais competitiva, moderna e do conhecimento, pontuou Mendes.
A comunicação objetiva e transparente também foi apontada como fundamental, não só para que a academia e o setor produtivo prestem contas à sociedade de como é gasto o dinheiro público, como também para que o conhecimento produzido seja revertido em soluções sustentáveis para problemas históricos enfrentados pelo Brasil e pelo mundo.
“A imprensa é o principal veículo para que a sociedade e as empresas saibam o que fazemos. Ela tem um papel articulador, é um ente essencial para se pensar na inovação e para nos fazer refletir ao questionar como o ecossistema trabalha”, destacou a reitora da UFMG.
No mesmo sentido, a presidente do Diário do Comércio, Adriana Muls, pontua o papel da imprensa como ferramenta de articulação e de registro histórico da ciência e da inovação produzidas ao longo do tempo.
E, assim, ela destacou o compromisso do Diário do Comércio com a ciência e a inovação por meio de dois projetos:
- O Movimento Minas 2032 (MM 2032): Criado em 2017, tem como base a urgência de que todos os setores da sociedade se apropriem das respectivas responsabilidades para a construção de um futuro mais sustentável, justo e igualitário. Que sejam capazes de buscar em conjunto e se apoiar mutuamente na construção de soluções para problemas estruturantes da nossa sociedade. O MM 2032 tem como base de orientação os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e Agenda 2030, preconizados pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2015.
- E o Parceiros do Futuro – Cenários Minas 2040: A partir da pergunta “Como será o futuro de Minas e dos mineiros em um mundo tão complexo?”, 40 personalidades foram ouvidas com o objetivo não de fazer previsões, mas trazer à luz diversos acontecimentos que nos trouxeram até aqui e entender o que pode ser feito para tecermos um futuro melhor e discutir possíveis futuros e aproveitar o extenso conteúdo produzido pelo Diário do Comércio. Em 2025, o projeto ganha uma editoria especial dentro das páginas do Diário do Comércio.
“A comunicação é fundamental dentro desse processo de articulação do que já existe com os desafios. Minas é potente, tem grandes oportunidades e também grandes desafios e a imprensa é esse ente que conversa com todos os agentes. A comunicação está aqui para dar visibilidade, aprofundar discussões, dar transparência e documentar toda a evolução”, explica Adriana Muls.
Ciência e inovação ganham novos editais e infraestrutura em Minas
Se, de um lado, o desafio de articular o ecossistema de inovação levando a ciência para o dia a dia das pessoas em forma de soluções para problemas reais e urgentes é gigantesco, de outro, iniciativas e articulações importantes estão tomando forma em diferentes instituições mineiras.
O BHTec, que atualmente tem fila de espera de instituições e empresas interessadas em fazer parte, lança, no dia 25, a pedra fundamental de um novo prédio para abrigar o Centro de Inteligência em Sustentabilidade (CIS). O edifício será construído em uma área de 2.700 metros quadrados e deve abrir as portas no início de 2027.
“O evento de hoje ressaltou a contradição de Minas ter 90 ambientes de inovação, mais de 25 ICTs (institutos de ciência e tecnologia) públicos e, ao mesmo tempo, ainda termos uma indústria baseada no que foi a economia do século passado. Temos um potencial inexplorado. A conexão entre os entes de inovação pode avançar muito ainda. O desafio é lançar e coordenar tudo isso. O papel da imprensa é fundamental para esse diálogo contínuo e precisamos ter políticas públicas contínuas para a ciência e a inovação. No dia 25 lançaremos o nosso primeiro grande projeto de expansão com um novo prédio onde vamos abrigar deep techs voltadas para a sustentabilidade e também empresas com forte potencial ESG”, anuncia Crocco.
A Fapemig também tem novos editais e programas. Um deles, um edital lançado especialmente para pós-doutores, nasceu de uma consulta aos gestores que apontaram as pessoas capacitadas como um ativo mais essencial do que coisas como equipamentos, por exemplo.
“Minas tem uma capacidade espetacular de gerar conhecimento, desenvolver ciência, mas os indicadores mostram que temos um gap em transformar em algo que seja relevante para o setor produtivo e a sociedade como todo. A universidade ter essa iniciativa de ancorada na ciência, apoiar a inovação é fundamental. Lançamos o Edital Universal este ano com destaque à valorização dos jovens talentos. Entendemos que uma transformação se dá pela cooperação e, fundamentalmente, pelo incentivo aos jovens. Outro é o de apoio e incentivo às unidades Embrappi. E, por fim, a bolsa para pós-doutorado. Serão 100 bolsas para este ano”, completa Arruda.
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