Negócios

Empreendedoras estão mais otimistas e apostam na inteligência artificial para crescer

Pesquisa mostra que 86% das entrevistadas acreditam na expansão dos negócios nos próximos três a cinco anos
Empreendedoras estão mais otimistas e apostam na inteligência artificial para crescer
Foto: Adobe Stock

O empreendedorismo feminino vem crescendo e inovando nos últimos anos em Minas Gerais e no restante do Brasil. Conforme a Pesquisa Global de Empreendedorismo 2025 da GoDaddy, 79% das empresárias acreditam que a inteligência artificial (IA) ajudará sua pequena empresa a competir com outras maiores e com mais recursos no próximo ano.

O estudo ainda aponta que 57% das pequenas empresas no País são lideradas por mulheres. Esse público demonstra grande otimismo, com 86% esperando que seus negócios cresçam nos próximos três a cinco anos, número acima do observado entre os homens (80%).

Outro dado interessante é que 63% relatam se sentirem realizadas ao criar sua própria fonte de renda, 47% têm essa mesma sensação ao sustentar a família e 32% das mulheres empreendedoras se alegram por serem uma inspiração para as pessoas ao redor. Além disso, 87% das entrevistadas dizem que o empreendedorismo melhorou sua qualidade de vida, oferecendo um senso de realização e empoderamento com a oportunidade de perseguir sua paixão.

Empreendedorismo feminino em Minas Gerais

De acordo com a terceira edição da pesquisa Mulheres Empreendedoras, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), oito em cada dez empresárias mineiras apontam o negócio próprio como a principal fonte de renda.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


O estudo ainda demonstra que metade das empreendedoras do Estado possui um faturamento mensal superior a R$ 5 mil. Além disso, três em cada dez empresárias são responsáveis pela geração de empregos.

Esse levantamento contou com a participação de 549 mulheres empreendedoras, sendo a maioria (55%) donas de microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP). Mais de 60% das entrevistadas têm entre 31 e 50 anos, mais da metade delas é casada e sete em cada 10 têm filhos.

A grande maioria (93%) das respondentes começou a empreender por conta própria e 41% dos negócios comandados por elas têm entre três e cinco anos de atuação no mercado, indicando um perfil de empreendimentos mais consolidados, que já superaram a fase inicial de sobrevivência.

O presidente do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, destaca que a pesquisa confirma a presença massiva de mulheres maduras no empreendedorismo. “Que têm seus negócios como fonte de autonomia e independência financeira”, completa.

Mulheres à frente de pequenos negócios

Outro estudo realizado pelo Sebrae Minas, com base em dados da Receita Federal, aponta que dos 2,1 milhões de pequenos negócios ativos no Estado, 40,9% são liderados por mulheres, o equivalente a 897.481 pequenas empresas.

Dessa forma, Minas Gerais aparece em segundo lugar no ranking nacional, atrás apenas de São Paulo. No Brasil, as mulheres respondem por 41,5% dos pequenos negócios, em um universo de 8,3 milhões de empreendimentos.

A faixa etária predominante entre as empreendedoras mineiras é de 31 a 40 anos, com 27,7% do total. Isso sugere uma presença significativa de mulheres em uma fase mais madura da vida profissional. Na análise por segmento econômico, o setor de Serviços lidera, com mais de 450 mil empresas comandadas por mulheres, seguido pelo Comércio, que reúne 274 mil empresas sob liderança feminina.

Desafios e inovação

Empreendedorismo feminino.
Foto: Adobe Stock

Dentre os desafios enfrentados para começar o negócio, os destaques são a falta de conhecimento em gestão e a dificuldade de conciliar trabalho e vida pessoal, citados por 62% e 46% das entrevistadas, respectivamente. Outra dificuldade para 41% dessas empreendedoras é o acesso ao crédito.

Mesmo assim, o estudo confirma que as mulheres seguem resilientes e inovando nessa jornada no empreendedorismo. Um exemplo dessa inovação está no fato de a digitalização dos negócios já ser uma realidade para 73% das empresárias mineiras. Além disso, três em cada dez entrevistadas afirmam vender apenas por meio de canais digitais (site, e-commerce e redes sociais), e quase a mesma proporção combina loja física e canais digitais.

“Isso demonstra o quanto as mulheres estão atentas às tendências de mercado e às mudanças de comportamento do consumidor, o que é fundamental para que seus negócios se mantenham competitivos”, reforça Silva.

Desenvolvimento de habilidades

No entanto, 58% das respondentes não participaram de cursos, treinamentos ou mentorias para empreender. Esse pode ser um fator limitante para o desenvolvimento de habilidades essenciais para a gestão e crescimento dos negócios.

Outro dado preocupante é que 92% das empreendedoras financiam seus empreendimentos com recursos próprios, e apenas 40% tentaram obter crédito, sendo que 29% enfrentaram dificuldades como excesso de pedidos de garantias e falta de informação sobre linhas de financiamento

A analista do Sebrae Minas, Tábata Moreira, avalia que esses dados são um alerta para a necessidade de simplificar processos burocráticos e ampliar o acesso a crédito. “Especialmente por meio de programas governamentais e iniciativas como o Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), do Sebrae, que ainda são pouco conhecidos”, completa.

A questão envolvendo a conciliação entre a vida pessoal e a gestão do negócio é um desafio importante, uma vez que a maioria das empreendedoras (72%) têm filhos e mais da metade delas (52%) não conta com a participação da família no negócio.

“Por isso a importância de políticas que promovam o apoio à mulher na maternidade. A oferta de mais vagas em creches e o estímulo a redes de apoio ao empreendedorismo feminino são essenciais para ajudar a aliviar essa carga”, ressalta a analista.

Entre as atividades mais desafiadoras para as empreendedoras estão a realização do marketing do negócio (68%), administração das finanças (57%) e o estabelecimento de metas e planejamento (57%). A inovação (46%) e a fidelização de clientes (41%) também são desafios relevantes, enquanto compreender o mercado (35%) e liderar equipes (24%) foram as menos citadas.

Redes de empreendedorismo feminino

A grande maioria (92%) das empreendedoras mineiras não faz parte de grupos ou redes colaborativas de empreendedorismo feminino. Esse comportamento pode refletir a falta de conhecimento, tempo ou oportunidade.

“Entretanto, a participação nesses programas traz benefícios significativos para as empreendedoras, tais como networking, capacitação e apoio emocional, o que faz toda a diferença para o crescimento do negócio”, explica Tábata Moreira.

Ao mesmo tempo, 39% das entrevistadas afirmam que promovem iniciativas de equidade de gênero, com destaque para parcerias, incentivo à capacitação e contratação de outras mulheres. “Tais ações fortalecem o protagonismo feminino, promovendo inclusão e desenvolvimento profissional, e contribuem para impulsionar o empreendedorismo no estado”, avalia.

(Com informações da Agência Sebrae)

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas