Empresas avançam, mas enfrentam dificuldades na consolidação do ESG

O conceito de ESG — sigla para práticas ambientais, sociais e de governança — vem ganhando espaço real nas decisões corporativas. Uma pesquisa da Percepta Marketing e Comportamento, em parceria com o Instituto Somatório Inteligência de Mercado, mostra que 49% das empresas brasileiras ampliaram os recursos destinados à área e 71% afirmam que o tema já impacta suas operações.
Mesmo com esse avanço, ainda há desafios para transformar o ESG em uma prática efetivamente integrada à cultura organizacional, avalia Thais Pegoraro, líder da prática de Leadership Advisory da Exec, consultoria especializada na contratação e desenvolvimento de altos executivos e conselheiros.
“A grande dificuldade é tornar o ESG uma iniciativa que mobilize a companhia como um todo, e não apenas um discurso de responsabilidade corporativa”, afirma Pegoraro.
Segundo ela, falta conhecimento técnico e clareza sobre indicadores de sucesso, o que torna o processo mais complexo. Para a especialista, o ESG deve ser entendido como valor cultural, e não apenas como estrutura ou departamento.
“Ser ESG é algo que precisa permear comportamentos e decisões”, reforça.
A formação de uma cultura voltada ao tema, explica Thais, depende de educação corporativa e liderança engajada, já que a adesão dos executivos influencia diretamente a prática dos times operacionais.
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Seis passos para uma transformação sustentável
A especialista aponta seis passos fundamentais para empresas que desejam iniciar uma transformação sustentável de forma consistente:
1. Definir o que é ESG para a companhia
Cada empresa deve determinar seu próprio conceito de ESG, alinhado ao negócio. O ponto de partida, segundo Thais, é responder a perguntas como: “Por que se tornar ESG? Isso faz parte do core business? É uma ferramenta de reparação, um diferencial competitivo ou meio de acesso a financiamentos?”
2. Estabelecer ponto de partida e chegada
Como em um GPS, é preciso saber onde se está e aonde se quer chegar. A especialista recomenda o uso de diagnósticos culturais e grupos focais para identificar obstáculos e definir estratégias.
3. Nomear um guardião e formar um time
A criação de um squad ou equipe multidisciplinar é essencial.
“Não há conquistas sem um time, e o ideal é buscar pessoas genuinamente interessadas no tema”, observa Thais.
4. Criar um mapa de navegação
O passo seguinte é planejar rotas, prazos e referências externas, com benchmarking nacional e internacional. Essa etapa define a primeira jornada da empresa no universo ESG.
5. Começar pela comunicação interna
A transformação deve começar pela comunicação, com ações de conscientização e capacitação das lideranças.
“Sem líderes comprometidos com os valores da empresa, não há mudança cultural possível”, reforça a especialista.
6. Colocar em prática
Com o plano definido, chega o momento de “içar as velas” e iniciar o projeto.
“É hora de colocar a mão na massa e seguir a jornada ESG com propósito e consistência”, conclui Thais Pegoraro.
Desafio contínuo
Thais destaca que adotar novos comportamentos exige aprendizado e constância.
“A maioria dos líderes foi treinada para entregar resultados, e não educada para agir de forma consciente. A mudança é profunda e sem volta”, afirma.
Para ela, a comunicação contínua é o veículo essencial para consolidar o ESG na cultura corporativa, devendo ser adaptada a diferentes públicos — da alta liderança à operação.
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