Empresas familiares ganham novo espaço na Fundação Dom Cabral

A Fundação Dom Cabral (FDC) lançou, nesta terça-feira (22), o Centro de Referência FDC Family Business. O objetivo é a consolidação e geração de conhecimento para atender as necessidades das empresas familiares.
Segundo a professora da FDC e curadora do Centro de Referência, Elismar Álvares, ao revisitar todo o conhecimento já produzido pela Fundação sobre as empresas familiares, foi possível redirecionar e estabelecer novos temas e metas para programas dedicados a elas.
“Temos um certo pioneirismo ao nos dedicarmos às empresas familiares na FDC. Essas empresas são responsáveis por gerar a economia no Brasil e no mundo. Ajudá-las significa ajudar no desenvolvimento socioeconômico do País”, explica Elismar Álvares.
As empresas familiares representam 90% das empresas do País e são responsáveis por 75% das contratações no Brasil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deste ano.
Os próximos lançamentos do FDC Family Business serão uma nova versão do Parceria para o Desenvolvimento de Acionistas e Famílias Empresárias (PDA), Governança para a prosperidade da empresa familiar e Sucessão multigeracional.

“Estamos estruturando todo o conhecimento adquirido, todas as nossas experiências para avançar de forma mais estruturada e com mais força nessa área. Há 25 anos ninguém falava em formação de acionistas em uma empresa familiar e nós lançamos o PDA para as famílias empresárias. Até então a preocupação era preparar os herdeiros, mas apenas 20% dos membros de uma família vão para dentro das empresas. Existem, porém, os acionistas que têm interesses e a propriedade do capital que precisam ser desenvolvidos em competências para que saibam ler e apoiar as empresas”, pontua a curadora.
“Já há algum tempo as empresas familiares estão deixando para trás o estereótipo de empresas pequenas, simples em processos e pouco profissionalizadas. Desde os anos de 1990 vários estudos mostram que no mundo inteiro a maior representatividade de Produto Interno Bruto (PIB) é oriundo das empresas familiares. De lá para cá, estamos falando de um desenvolvimento em comum de muitas empresas familiares de distintos países. Nessa jornada estão o desenvolvimento de um plano de sucessão bem estruturado; de um modelo de desenvolvimento de novas tecnologias e novas abordagens como a sustentabilidade, por exemplo; do conceito de anticorrupção e compliance; na evolução na formação de conselhos, na formação de profissionais e líderes, na questão jurídica com a criação de acordos e estatutos, entre outros pontos”, destaca o professor e curador do FDC Family Business, Fabian Salum.
Esses avanços demonstram, inclusive, o quanto as empresas familiares avançaram em temas que, até recentemente, eram vistos como assuntos de grandes organizações e multinacionais mesmo sem ter um marco regulatório dedicado exclusivamente a elas.
“Hoje temos leis como a Lei Anticorrupção, de 2013 e as políticas de compliance das grandes empresas, que acabam influenciando todo o ambiente de negócios. Os relatórios de investidores sendo publicados, registros de atas em ações deliberativas, planejamento estratégico, tudo isso evoluiu dentro das empresas familiares significativamente, independentemente de um regulatório especificamente direcionado para elas e sim, para qualquer iniciativa privada seguindo a orientação pública. Então, as empresas familiares se adequaram muito bem a esse novo contexto global”, afirma o professor da FDC.
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