Protagonismo periférico: empresas da Grande BH representam Minas na fase nacional da Expo Favela

Criado pelo casal César Reis e Fran Rosa, de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) a Bubble será um dos representantes de Minas Gerais na fase nacional da Expo Favela Innovation Brasil, prevista para novembro no Expo Center Norte, em São Paulo. Junto ao casal, estarão também outras quatro empresas, o Bloco Show, um coletivo carnavalesco, Bia Gomes, com foco na conscientização de crianças sobre abuso sexual, Espaço Afro Queen, um salão para trancistas e Kodara, uma marca de roupas.
Todas são micro e pequenas empresas com origem nas periferias da RMBH e representam um universo de aproximadamente dois milhões de empreendedores, segundo dados do Data Favela.
No caso da Bubble, o casal conta que a marca cresceu rapidamente: nasceu como food truck em novembro de 2024 e, apenas três meses depois, abriu uma loja física. Cesar explica que ele e a companheira pensaram na Bubble como uma forma de trazer um produto novo para uma região periférica com poucas opções de itens inovadores.
“Somos apaixonados por criar negócios. Eu sou tatuador há cerca de 20 anos e a Fran é publicitária, e também já era empreendedora. Começamos a pensar em novos produtos principalmente aqueles encontrados fora do País. Percebemos que a melhor ideia para iniciar seria num food truck. Então, compramos a ‘Kombosa’, o projeto foi idealizado e executado, dando início à Bubble”, conta.
O diferencial da Bubble está na combinação entre inovação, impacto social e escalabilidade. No cardápio, opções como bubble tea, waffles de sabores variados, milkshakes especiais e o bubble waffle, sobremesa de origem hongkonguesa que une massa texturizada em forma de bolhas e recheios criativos, têm conquistado o público local.
“Nosso faturamento vem crescendo mês a mês e temos boas projeções para o próximo ano. Os produtos têm uma margem líquida interessante, um CMV (custo de mercadoria vendida) muito bom, o que nos leva a acreditar que é uma empresa altamente escalável. A presença digital da marca também está ampliando e entendemos que precisamos investir ainda mais nisso”, diz.
Afro Queen
Com apenas 22 anos, Giovana Gabriele é quem está à frente do Espaço Afro Queen que, além de prestar serviços de trancista, também oferece cursos e mentorias sobre o assunto. “Nosso espaço é voltado para tranças e tecnologia afro. Queremos auxiliar mais trancistas, que em sua maioria são mulheres pretas e periféricas, a seguirem um caminho de sucesso”, comenta.
O espaço, que já teve clientes de renome como o jogador do Cruzeiro Gabigol, chega a ter um faturamento mensal entre R$ 40 mil e R$ 60 mil. “Atualmente a gente consegue ter esse faturamento com oito trancistas. Cada uma com suas comissões, com seus trabalhos, tudo funciona muito bem”, explica Giovanna Gabriele.
Para a jovem, aliar o ofício das tranças à tecnologia é uma estratégia crucial para o negócio. “Percebo que existem poucas trancistas que se preocupam em fazer cursos on-line. É importante trazermos técnicas de fora e ensinar outros aspectos como pensar em cuidar do couro cabeludo das clientes. Queremos que nossas alunas saibam realizar técnicas que realmente são lucrativas e corretas para não terem problemas com faturamento e com clientes. Os cursos hoje são um grande gerador de faturamento para nossa empresa”, reflete.
Na etapa mineira da Expo Favela, realizada em julho de 2025 no Sebrae Minas, em Belo Horizonte, a Bubble e a Afro Queen ficaram no Top 5 e garantiram a vaga para representar Minas Gerais na final nacional. O evento estadual teve como objetivo aproximar empreendedores de periferias de grandes empresas, gerar conexões reais, mentorias e dar visibilidade ao empreendedorismo periférico.
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