Empresas investem em maior engajamento com ações inclusivas

As últimas pesquisas revelam que as empresas engajadas vendem mais, ou seja, o foco no cuidado com meio ambiente e causas sociais como o autismo, por exemplo, são comportamentos essenciais para atrair a atenção do consumidor e resgatar a cidadania empresarial. O número de empresas demonstrando preocupação e interesse em gerar oportunidades é crescente, aderindo a determinações do governo, como a Lei n°12.764, da Lei de Cotas de 2012, definindo a participação mínima de portadores de qualquer deficiência, como o autismo.
A advogada trabalhista, doutora em educação e pesquisadora, Maria Inês Vasconcelos, afirma que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) nunca foi tão abordado e diagnosticado, sendo essencial entender que, assim como qualquer outra pessoa, os autistas são trabalhadores qualificados, competentes e comprometidos.
A condição é um distúrbio de neurodesenvolvimento, uma evolução considerada diferente da regular, afetando o comportamento, capacidade de interação, comunicação e provocando repetições, principalmente, devido a um interesse limitado a atividades e outras ações cotidianas. Geralmente, o transtorno é identificado aos três anos de idade, apresentando três níveis, de maior e menor seriedade, indicando também, o suporte necessário para um acompanhamento multidisciplinar.
Segundo a advogada, infelizmente a empregabilidade dos autistas brasileiros ainda é difícil. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, aproximadamente, 85% deles ainda estão fora do mercado de trabalho, motivo pelo qual entidades públicas e privadas devem estar conscientes que facilitar a inserção é um marco de transformação. Um dos motivos está no ainda existente preconceito, assim como o desconhecimento sobre a condição, principalmente, dos efeitos na fase adulta, já que a maior parte do foco sobre o tema está voltado para o comportamento em ambiente escolar. No entanto, é preciso pensar que, um dia, essas crianças irão crescer.
A incompreensão gera uma falta de percepção sobre o fato de os autistas não conseguirem estabelecer carreira, quando na verdade, muitos enfrentam o mundo laboral com completa integração, contando com apoio e adaptação do ambiente de trabalho de acordo com seu perfil.
A equipe nas empresas também precisa ser orientada para que possa conhecer mais sobre o transtorno, reforçando o incentivo pelo respeito, uma vez que autistas enfrentam o mundo do trabalho com suas particulares formas de ser e perceber o mundo. Maria Inês Vasconcelos destaca a série “The Good Doctor”, que tem disseminado informações sobre o tema com a história de um médico autista, registrando um grande sucesso de audiência.
Ela acredita que os empreendedores brasileiros estão mais conscientes sobre a maneira como a inclusão e diversidade representam um valor empresarial importante no mercado, gerando reconhecimento como verdadeiros cumpridores da função social, postura corporativa valorizada e, principalmente, esperada pela população e sintonizada com a cidadania, mas ainda existe um longo caminho a ser percorrido até a completa e justa integração.
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