Empresas mineiras buscam aprimorar o conhecimento de Inteligência Artificial

Uma das grandes demandas das empresas em Minas Gerais é entender como aproveitar as oportunidades e sobreviver na era da Inteligência Artificial (IA). Um estudo da Ernst Young (EY) com 1.200 CEOs em todo o mundo, 50 deles no Brasil, sobre como eles enxergam o uso da IA, mostra que para 84% dos CEOs brasileiros, a tecnologia é uma força para o bem: impulsiona a eficiência dos negócios e, portanto, cria resultados positivos para a sociedade, como em inovações em tratamentos de saúde.
Mas quase 90% dos entrevistados concordam que o mundo empresarial precisa se concentrar muito mais nas implicações éticas da inteligência artificial e que é preciso fazer mais para mitigar os “maus atores” da tecnologia, que poderiam usá-la de maneiras prejudiciais – desde ataques cibernéticos até falsificações profundas e desinformação.
Segundo o líder regional do escritório da EY em Belo Horizonte, Rogério Magalhães, isso tem sido um desafio grande para as empresas de Minas Gerais .“ Temos um grupo de profissionais muito especializado nesse tema e temos tentado ajudar nesse primeiro momento de descoberta, que pode ter aplicabilidades diferentes para cada tipo de indústria e criar alguns ativos”, diz.
O CEO da EY no Brasil, Luiz Sérgio Vieira, complementa que a maioria das empresas ainda está em estágio inicial em termos de maturidade no tema e que algumas empresas têm feito os primeiros casos de uso da IA.
A consultoria chama atenção para a estruturação da jornada dos negócios na inteligência artificial, com organização, capacitação e governança, em meio a uma quantidade de novas aplicações e ferramentas.
“A IA não é panaceia para tudo. Tem que saber onde vai usar, ter governança, base de dados, confidencialidade e responsabilidade”, afirma Vieira. “Tem que educar as pessoas, não adianta achar que é ferramenta, porque no final do dia a inteligência humana está por trás da inteligência artificial”, completa.
Nesse sentido, o CEO da EY no Brasil aponta que um dos estudos da EY mostra que CEOs veem a inteligência artificial mais como oportunidade de eficiência operacional do que aumento de receita. “Na verdade, tem oportunidades de todos os lados. Isso depende de como vão sendo estruturados os modelos de negócios”, explica.
No caso de Minas Gerais, o executivo ressalta que o crescente uso da IA vai gerar maior volume e agilidade na produção, o que também vai exigir maior uso de água e energia. Questões que favorecem o Estado. “Têm oportunidades em que Minas se encaixa muito nesse sentido. São agendas de crescimento do Brasil vocacionadas em Minas Gerais”.
Inteligência artificial na mineração
O líder regional da EY aponta que o escritório belo-horizontino tem desenvolvido a inteligência artificial principalmente na mineração, com projetos que perpassam toda a cadeia produtiva do setor, com clientes e fornecedores, e inclusive para segurança operacional. “Temos conversado muito com as mineradoras sobre como usar a inteligência artificial na segurança das barragens, das minas, transporte de minério, etc”.

A EY, inclusive, escolheu Belo Horizonte para sediar o seu centro de excelência em mineração no País. Com aproximadamente 200 profissionais de diversas áreas relacionadas ao setor, a maioria locada na capital mineira, o centro acompanha e dita tendências no segmento. Há ainda intercâmbio de profissionais do escritório de Minas Gerais com outros centros de excelência da mineração da EY no planeta.
“O centro é conectado a outros centros de mineração que temos no mundo, como no Canadá e na Austrália. Isso é muito importante, porque compartilhamos ativos e projetos que estamos desenvolvendo, informação, conhecimento entre todos os centros de excelência”, finaliza Vieira.
Aplicações da IA generativa nas organizações vão do front ao backoffice
As empresas estão em um momento de avaliar os possíveis impactos da IA generativa nos seus negócios. Quase quatro em cada dez (38%) consideram que a IA generativa será complementar às iniciativas de IA e machine learning já existentes nas suas organizações.
Já 27% acreditam que a IA generativa vai trazer benefícios por meio de uma abordagem experimental que não fará parte do seu programa de transformação. Outros 18%, por outro lado, consideram que a IA generativa vai acelerar radicalmente suas transformações digitais, redefinindo tudo aquilo que for possível no negócio. E 17% consideram que os riscos e incertezas da IA generativa podem prejudicar a adoção em suas organizações. As constatações fazem parte da edição 2024 do estudo Reimagining Industry Future (RIF), produzido pela EY.
As perguntas do levantamento exploraram aspectos de comportamento das organizações, incluindo atitudes e intenção em relação às tecnologias emergentes, como IA, IoT e 5G baseado em IoT. Participaram diferentes setores econômicos como energia; automotivo e transportes; mineração e utilidades; serviços financeiros; serviços de saúde; produtos para o consumidor; setor público e governo; varejo; e tecnologia.
Ainda segundo o estudo, as empresas estão avaliando uma ampla gama de casos de uso para a IA, que se estendem do front ao backoffice. O treinamento dos funcionários lidera com 36% do uso ou futuro uso, refletindo o potencial da IA generativa para acelerar a aprendizagem, com os setores automobilístico (44%), de energia (40%) e de manufatura (39%) como os mais receptivos a essa aplicação.
As atividades de vendas, atendimento e suporte ao cliente vêm na sequência com 35% das respostas, refletindo o potencial da IA generativa para melhorar as interações com os clientes, por meio das inúmeras capacidades do chatbot. Na terceira posição está o desenvolvimento de software, incluindo a etapa de testes, com 34%, sendo a principal resposta fornecida pelas empresas de tecnologia (45%). No quarto lugar, com 33% das respostas, aparece a cibersegurança por meio da gestão de fraudes.
Além disso, a IA está sendo cada vez mais usada para proteger as empresas das ameaças cibernéticas. Análise da EY baseada em 69 estudos publicados entre 2015 e 2020 demonstra precisão média superior a 90% na detecção de spam, malware e invasões de rede. Essa porcentagem é um dos destaques do estudo “2024 Global Cybersecurity Leadership Insights”, que entrevistou líderes em cibersegurança de empresas provenientes de cinco setores econômicos e atuantes nas Américas; Ásia-Pacífico; e Europa, Oriente Médio, Índia e África. Essa capacidade da IA é decorrente principalmente da aprendizagem profunda ou deep learning que permite a essa tecnologia analisar volume maior de dados e mais heterogêneo em tempo real.
Agenda de prioridades
O RIF também traz as prioridades ligadas a essa agenda tecnológica. Mais de quatro a cada dez executivos (46%) dizem melhorar a governança dos dados para mitigar os riscos da IA generativa, como acuracidade (precisão) e questões ligadas à ética. Já 41% indicam aproveitar a IA generativa em um contexto mais amplo que envolve outras tecnologias emergentes.
Quatro em cada dez afirmam melhorar o entendimento da tecnologia de IA generativa. Já 38% apontam selecionar e priorizar casos de uso da IA generativa para teste e implantação, e outros 36% indicam avaliar os ganhos de produtividade possibilitados pela IA generativa.
Outra descoberta do estudo é que a IA generativa está entre as principais tecnologias priorizadas pelas empresas para que sejam trabalhadas em colaboração com outras inseridas no seu ecossistema. Quase quatro em cada dez (39%) buscam soluções em conjunto ou em parceria, o que está se mostrando uma aposta acertada, já que os desafios enfrentados são semelhantes no momento inicial de compreensão das possibilidades oferecidas pela IA generativa.
Fato é que a inteligência artificial tem sido cada vez mais utilizada pelas empresas para inovar e tornar mais produtivo o dia a dia dos seus negócios. Há, no entanto, diversas dúvidas sobre como desenvolver e operacionalizar esses sistemas evitando os riscos que podem comprometer os resultados financeiros e a reputação das organizações. (Com informações da Agência EY)
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