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Endeavor une empresas de alto crescimento

Endeavor une empresas de alto crescimento
Júlia Ribeiro: embora estes empreendedores representem só 0,7% das empresas no Brasil, eles geram quase 70% dos empregos - Magê Monteiro/Divulgação

Minas é um campo efervescente de negócios e inovação mas, diferente de São Paulo, por exemplo, os empreendedores mineiros não costumam divulgar aos quatro ventos os seus feitos. Talvez o jeito de se fazer negócios por aqui seja realmente um reflexo cultural da população, ou só uma precaução, o famoso “não contar com os ovos na galinha”. Por outro lado, eventos e programas de fomento ao empreendedorismo pipocam pelo Estado, uma forma de trocar experiências, se atualizar e, como consequência, fortalecer os negócios.

Um destes programas é o Scale-up Endeavor, que tem como diferencial focar exclusivamente nas empresas de alto crescimento. Ou seja, aquelas que apresentam crescimento de pelo menos 20% ao ano por um período de três anos consecutivos, segundo definição da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Realizado anualmente, o programa já está em sua quarta turma em Minas Gerais, com a participação de 21 empresas. Ao todo, 74 empresas do Estado já foram aceleradas pelo programa.

“A empresa de Scale-up é como se fosse uma prima mais velha da startup. Ela já passou por aquele momento de validar o produto, das primeiras vendas e está na fase de repetir a fórmula do bolo em larga escala. É aí que a Endeavor entra para ajudar, oferecendo mentorias e possibilitando trocas e conexões entre os próprios empreendedores”, explica a coordenadora da Endeavor Minas Gerais, Júlia Ribeiro.

As empresas brasileiras que estão neste patamar de crescimento, embora representem cerca de 1% do setor, são também as responsáveis pela geração de mais da metade dos empregos diretos no País. Por isso a Endeavor, que é uma organização sem fins lucrativos de apoio ao empresariado brasileiro, decidiu focar neste segmento.

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“Quando falamos sobre estas empresas, que têm um crescimento de pelo menos 20% ao ano, este aumento é sobre a receita e/ou geração de empregos. Embora estes empreendedores representem só 0,7% das empresas no Brasil, eles geram quase 70% dos empregos. Por isso é fundamental focar nestas empresas e ajudar estes empreendedores a crescer ainda mais para gerar mais empregos”, completa.

Conexões Minas Gerais – Por isso, durante o Conexões Minas Gerais, promovido pela organização e realizado no dia 10, a construção de um grande negócio e o impacto do empreendedor no ambiente de negócios foram os temas centrais. O evento contou com a participação do fundador Rock Content, Diego Gomes, e o criador da 4all e da Getnet, José Renato Hopf, que trouxe à mesa sua experiência em inovação e em transformação nos negócios.

O evento acontece anualmente e tem correalização da EY. A ideia é aproximar os empresários e trazer pautas relevantes ao ecossistema de empreendedorismo local. “A grande questão deste encontro é inspirar o empresariado. Apesar do momento político e econômico, acredito que a energia que os empresários têm hoje está acima disso e vai impulsionar o Brasil, independentemente do cenário. Falando sobre Minas especificamente, acredito que estamos transformando a tradicional economia mineira, muito voltada para as commodities, o aço, por exemplo. Mas hoje, nós temos aqui iniciativas desse ecossistema de transformação vindas de empresários muito jovens que estão de fato mudando a cara de Minas Gerais”, diz o partner da EY, Flávio de Aquino Machado.

Agenda para o alto crescimento – Além de fornecer mentoria e espaço para os empreendedores por meio do programa de aceleração, a Endeavor se mobiliza também para criar um ambiente favorável para o crescimento das empresas. “Temos uma equipe focada em uma agenda de desburocratização, que é basicamente simplificar os processos e dar mais informações”, acrescenta Júlia Ribeiro.

Trata-se da proposição de uma agenda para o alto crescimento que, inclusive, tem sido apresentada aos candidatos à Presidência. São quatro os pilares que, segundo a Endeavor, podem auxiliar no crescimento das empresas e, consequentemente, na geração de mais empregos: abertura, regularização e fechamento de empresas (simplificar estes procedimentos); reforma tributária; acesso a capital (reduzir as dificuldades em se conseguir concessão de empréstimos nos bancos públicos e agências de fomento); e propriedade intelectual, que diz respeito a concessão de patentes.

Cases – Uma das empresas participantes do Scale-up Endeavor deste ano é a mineira Emap Solar, fundada em 2015 e que atua no setor de energias renováveis. Desde então, a empresa registra um crescimento superior a 100% ao ano, e acredita que o programa deve ajudar a marca a se fortalecer ainda mais.

“É um networking riquíssimo e mentorias inspiradoras. Os mentores são pessoas que já construíram uma história de empreendedorismo de muito sucesso e de crescimento acelerado, e agora se dedicam a inspirar empresas que estão neste caminho. É o que a gente busca levar para os nossos negócios, ferramentas e inspiração para acelerar ainda mais o crescimento. Os resultados já são visíveis. A gente sai de um encontro da Endeavor com ferramentas para serem aplicadas no dia seguinte. Após o programa, esperamos manter o crescimento e fazer a empresa se consolidar como uma marca forte no mercado para captar projetos cada vez maiores”, diz a CEO e diretora de novas negócios da Emap Solar, Miriam Penna.

Outro jovem empreendedor mineiro que integra a atual edição do programa é Matheus Beirão, que criou a Queima Diária também em 2015. Trata-se de uma plataforma que funciona como uma espécie de “Netflix fitness”, com programas de exercícios ou mesmo orientações nutricionais para quem quer perder peso. Por meio de uma assinatura com valor mensal de R$ 29,90, o usuário tem acesso aos 19 programas já feitos e também às novas gravações. A meta agora é gravar um programa por mês.

Beirão diz que, desde 2016, a empresa vem triplicando o seu tamanho anualmente, tanto em receita, como em número de funcionários e de assinantes. Atualmente, já são 110 mil usuários espalhados pelo Brasil e também em outros países.

“No meu caso, que não tenho sócio, a gente acaba empreendendo de forma muito solitária e ficando fechado para algumas coisas. Quando a gente entra em um programa tipo o Scale-up, isso abre a nossa mente, a gente vê outros negócios, conta com mentoria que abre a visão para novas oportunidades e conexões”, relata.

A empresa planeja expandir para outros países da América Latina a partir do segundo semestre do ano que vem, quando passará a gravar programas também em espanhol visando atrair este mercado.

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