Falta de engenheiros pode ameaçar obras em Minas Gerais; entenda

A escassez de engenheiros em Minas e no Brasil preocupa o setor da construção civil e já acende sinais de alerta para um possível apagão de mão de obra especializada. Estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta déficit de 75 mil engenheiros no País em 2025, com maior demanda em infraestrutura, energia, indústria, mineração e tecnologia.
Nesse cenário, dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas reforçam o problema: 39% dos empregadores da construção civil declararam ter “muita dificuldade” em contratar trabalhadores qualificados.
As razões vão da falta de incentivo à formação profissional à migração de trabalhadores para outras áreas. Embora ainda não comprometa o andamento imediato das obras, as empresas estão em alerta, antecipando-se com planejamento e novas estratégias para driblar a escassez.
Muitas construtoras têm adotado soluções tecnológicas e o uso de materiais não convencionais, como estruturas de concreto reforçado com fibras e armaduras não metálicas, que reduzem a necessidade de mão de obra e encurtam o ciclo das obras.
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Para o vice-presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), José Cláudio Vieira, a situação é preocupante e exige medidas emergenciais. “Minas precisa de muitas obras. Temos a maior malha rodoviária do País. Com as novas concessões do Estado, precisamos de equipes de engenheiros de projetos, de topografia, de acompanhamento e de execução de obras. O Estado pode ter grande dificuldade no futuro para abraçar novos investimentos”, ressalta.
Segundo ele, as escolas de engenharia estão formando menos alunos, tanto na graduação quanto nos cursos de mestrado e doutorado. “Com a baixa demanda nas faculdades, teremos menos pessoas especializadas para tocar os projetos e os estudos de viabilidade necessários para o desenvolvimento”, afirma.
Vieira defende a união entre governo federal, Estado, sindicatos e associações. “As instituições ligadas ao setor da construção civil precisam trabalhar em prol de uma melhor educação em engenharia em Minas e no Brasil. Além disso, é preciso convencer os jovens de que a carreira é promissora e essencial para construir um novo País”, reforça.
Custos em alta
Além da escassez de profissionais, o setor convive com juros elevados e custos crescentes. Projeções da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) apontam 2025 como um ano de atenção. Desde setembro de 2024, o Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros, a Selic, de 10,5% ao ano para 14,75%, maior patamar em quase 20 anos.
Os principais problemas enfrentados pelas empresas são justamente a falta ou o alto custo de trabalhadores qualificados, segundo a Sondagem Indústria da Construção, da CNI.
Para atender à demanda de Minas Gerais nos próximos três anos, será necessário qualificar 1,6 milhão de profissionais entre 2025 e 2027, segundo o Mapa do Trabalho Industrial. O número inclui a formação de 257,3 mil novos trabalhadores e a requalificação de 1,3 milhão que já estão no mercado. O levantamento é elaborado pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI), da CNI.
Formação técnica como saída
A formação técnica surge como alternativa rápida, acessível e de qualidade, com alto índice de empregabilidade e impacto direto na produtividade das obras. Um exemplo é o Plano Nacional de Capacitação para a Construção Civil 2025, iniciativa do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em parceria com a CBIC, que está qualificando trabalhadores diretamente nos canteiros de obras, com resultados imediatos tanto para os profissionais quanto para o setor produtivo.
Dados que mostram a crise da engenharia
🔎 Déficit nacional
- Faltam 75 mil engenheiros no Brasil, segundo a CNI.
- Áreas mais afetadas: infraestrutura, energia, indústria, mineração e tecnologia.
📊 Dificuldades do setor
- 39% dos empregadores da construção civil relatam “muita dificuldade” para contratar mão de obra qualificada (FGV).
- Principais razões: falta de incentivo à formação e migração de trabalhadores para outras áreas.
⚠️ Risco para Minas
- Estado tem a maior malha rodoviária do País.
- Novas concessões exigirão engenheiros de projetos, topografia, acompanhamento e execução.
- Menos formandos em engenharia e pós-graduação podem comprometer futuros investimentos.
💸 Custos em alta
- Selic subiu de 10,5% para 14,75% ao ano, maior nível em quase 20 anos.
- Empresários apontam o alto custo ou falta de trabalhadores qualificados como entraves.
👷 O que será necessário
- Minas precisará qualificar 1,6 milhão de profissionais até 2027.
- Inclui 257,3 mil novos trabalhadores e 1,3 milhão de requalificados (Mapa do Trabalho Industrial / CNI).
🎓 Saídas em curso
- Formação técnica é alternativa rápida e com alta empregabilidade.
- Plano Nacional de Capacitação para a Construção Civil 2025 (Senai + CBIC) já atua diretamente nos canteiros de obras.
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