Escuta ativa é essencial para integração de bolsistas, alerta FDC

Tradicional na Fundação Dom Cabral (FDC), o programa de bolsas tem como propósito reduzir as desigualdades e a indiferença social, por meio do acesso à educação e formação de futuras lideranças, priorizando pessoas de grupos historicamente minorizados, ou seja, historicamente pouco escutados. São mulheres, pessoas negras, com deficiência, LGBTQIAP+ e pessoas refugiadas, além de mães solos.
Em 2023, foram concedidas 547 bolsas de estudos em escolas parceiras e em programas próprios da Fundação Dom Cabral; 10% a mais do que em 2022. A escola de negócios amplia a cada ano o número de bolsistas. No primeiro semestre de 2024, já foram recebidos 52 bolsistas em programas de curta e média duração, cursos de pós-graduação, MPA (Mestrado Profissional em Administração) e Executive MBA. Destes, 94% se autodeclaram negros (pretos e pardos) e 96% mulheres.
A jornada de acompanhamento começa no momento em que aplicam suas inscrições para as vagas. “Mantemos conversas frequentemente com eles, desde a entrevista para a bolsa até o fim do programa escolhido, para acompanhar suas evoluções e dificuldades”, diz a coordenadora do programa de bolsas da FDC, Fabíola Carla.
Fabíola Carla detalha que um dos segredos para a real integração dos alunos nas salas de aula é a escuta ativa, reforçada por uma alta integração entre a equipe da Educação Social, que coordena o programa de bolsas, e os profissionais e docentes das áreas de negócios responsáveis por cada programa. Segundo ela, a preocupação não é só conceder a bolsa, mas acompanhar o participante, fazer com que se sinta confortável e pertencente àquele espaço.
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As ferramentas para estudar e evoluir não passam somente pela disponibilização dos recursos financeiros, mas tudo que envolve o dia a dia daquele curso. “Mantendo diálogo aberto, eles nos procuram ao enfrentar alguma dificuldade, seja para ficar uma semana em uma cidade diferente da sua moradia ou para impor sua opinião aos colegas de sala”, explica. Há ferramentas, como apoio psicológico ou ajuda de custo – variáveis e oferecidas caso a caso.
A conversa com gerentes e professores dos programas das FDC que integram o programa de bolsas são frequentes, para potencializar cada bolsista e trazer temas para dentro do currículo, de acordo com demandas e necessidades, além de mentoria para o desenvolvimento da carreira.
Além da própria equipe da Fundação Dom Cabral, outro apoio essencial é por meio de importantes agentes de ação, como a Rede de Profissionais Negros (RDPN). Fundada em 2015, a RDPN iniciou conectando profissionais negros com o mercado corporativo, mas auxilia também empresas a enfrentarem os desafios da diversidade, equidade e inclusão. Wagner Cerqueira, bolsista do MBA Executivo e do Doutorado Profissional em Administração da FDC, é um dos fundadores e, agora, também dá suporte aos novos candidatos ao programa de bolsas, além de conectar alunos e alunas negras às vagas no mercado corporativo.
“Trabalhamos para qualificar a comunidade negra para entender as demandas do mercado e as empresas para receber essas pessoas”, resume.

Em diálogo constante com a Fundação Dom Cabral, via coordenação do programa de bolsas, a RDPN realiza encontros on-line para falar dos programas da FDC, como eles funcionam e quais são indicados para cada profissional, ali da rede, ascender profissionalmente. “É desde ensinar a preparar melhor um currículo, se portar na entrevista até enxergar oportunidades de crescimento no mundo corporativo, ainda tão resistente para absorver e, principalmente, promover pessoas pretas”, explica Wagner Cerqueira.
Hoje, Wagner Cerqueira é também professor convidado da FDC, acompanha alunos que colaborou para entrar na escola de negócios e na construção constante da identidade negra deles. “Eles têm todo um caminho, da qualificação para entrar no processo seletivo de bolsas, performar como bom aluno até dar entrada no mercado de trabalho. Além disso, é preciso se enxergar pertencente a todos estes lugares. Junto com a FDC, trabalhamos muito a questão da autoestima, de como eles podem e devem estar naquele lugar, em uma das melhores escolas de negócios do mundo”, explica.
Segundo ele, ainda é preciso vencer barreiras racistas no ambiente educacional e no mercado de trabalho e o diálogo aberto entre estas pontas e quem está se qualificando é essencial. “Conseguimos enxergar cada um ali, auxiliar, prestar apoio emocional e financeiro. Estamos apoiando com propósito de incluir”, revela. Confira o site com informações sobre o trabalho da rede.
Já o edital de bolsas da Fundação Dom Cabral está aberto com vagas para pós-graduação (Especialização, Mestrado, Doutorado e MBA); programas de Curta e Média Duração (Agro, Estratégias, Finanças, Gestão Geral e Corporativa, Inovação, Liderança, Marketing e Vendas, Pessoas, entre outras áreas da gestão); e mais de 30 cursos da FDC Store.
As inscrições realizadas até 20 de setembro de 2024 terão prioridade para cursos no 1º semestre de 2025, mas o processo de inscrição tem forma contínua e segue aberto para futuras turmas. O candidato deverá preencher a ficha completa e o edital na íntegra pode ser consultado neste link. Há ainda um e-mail para dúvidas e informações, [email protected].
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