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ESG e o Capitalismo Consciente como meio para transformação

ESG e o Capitalismo Consciente como meio para transformação

Não há dúvida de que os tempos atuais têm sido bastante desafiadores para as empresas e para a humanidade. Ainda sob os efeitos da pandemia da Covid-19, nos deparamos com a eclosão de uma guerra na Europa, gerando volatilidade, incerteza e grande turbulência na economia global. Temos, então, a justificativa perfeita para retrocedermos nos compromissos firmados com a agenda ESG, afinal, o cenário é de crise e não podemos nos dar ao luxo de nos preocuparmos com as questões ambientais, sociais e de governança, certo? Errado. É justamente em momentos desafiadores que as empresas precisam ganhar eficiência, credibilidade, resiliência, equilibrando a visão de curto prazo com uma visão de longo prazo. É justamente em momentos de crise que conhecemos verdadeiramente os valores de uma organização e o quanto suas lideranças estão, de fato, comprometidas em gerar valor e impactar positivamente seus stakeholders. Não se trata de escolher entre lucro ou propósito, pois torna-se cada vez mais evidente que um não sobrevive sem o outro. Trata-se de realizar o que deveria ser o propósito de toda empresa: resolver os problemas das pessoas e do planeta de forma lucrativa, e não lucrar em gerar problemas.

Nos últimos dois anos, acompanhamos a explosão do tema ESG e uma série de compromissos firmados pelas empresas nesta agenda. Agora estamos identificando quais delas estão dispostas e preparadas para, de fato, avançar de forma genuína e consistente, com planos de ação concretos, com indicadores para medir os avanços e práticas de gestão alinhadas às promessas feitas. Receio que uma boa parte ainda esteja com uma visão limitada do tema, associando-o apenas à elaboração de relatórios de sustentabilidade, a questões de relações com investidores, projetos de responsabilidade social e marketing ou iniciativas isoladas em setores específicos dentro das empresas. Possivelmente, está aí a razão para tanto greenwashing gerando uma visão cética de muitos em relação ao assunto.

Após três anos me dedicando ao tema ESG e sua relação com o Capitalismo Consciente e os ODS e acompanhando a experiência de diversas empresas, vejo que, mais do que o olhar do mercado financeiro para a sustentabilidade, o tema está relacionado a uma forma de pensar o negócio com mais consciência de seu propósito maior, de seus impactos sobre o planeta e de suas relações com todos os stakeholders. Não é algo trivial, nem simples, nem fácil, nem rápido. Mas é totalmente necessário, possível e urgente.

Avançar na agenda ESG requer um processo de aculturamento que deve ocorrer de dentro para fora nas organizações e a abordagem do Capitalismo Consciente com seus pilares tem se mostrado um alicerce sólido para a construção desta agenda pois, simultaneamente, cria diferentes tipos de valor e bem-estar para todas as partes interessadas: financeiro, intelectual, físico, ecológico, social, cultural, emocional, ético e até mesmo espiritual. Praticar o Capitalismo Consciente não se resume a ser virtuoso ou a trabalhar para fazer o bem. Esta abordagem reflete uma noção mais profunda sobre a razão da existência das empresas e como elas podem criar mais valor.

Cada vez mais, desafios sociais e ambientais globais, regionais e locais farão parte do contexto de atuação das organizações, afetando sua estratégia e cadeia de valor, com impactos na sua reputação e no valor econômico de longo prazo. Neste cenário, torna-se também cada vez mais importante a atuação responsável por parte das organizações. Na prática, para operar, uma empresa depende não apenas das licenças previstas em dispositivos legais e regulatórios, mas também do aval de um conjunto de partes interessadas que afeta a empresa ou é afetado pelas suas atividades e caberá às lideranças tomar à frente e patrocinar a mudança necessária, para que seja realizada uma revisão nos valores que compõem a cultura da empresa de forma a construir um modelo de negócio que gere valor para todos os stakeholders verdadeiramente.

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