Importância do ESG é discutida pelo MM2032

A importância do ESG (Environmental, Social and Governance) e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), foi discutida na sexta-feira (30) pelo Movimento Minas 2032 (MM2032).
A sigla em inglês ESG – ambiental, social e governança é um conjunto de boas práticas que visa definir se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e corretamente gerenciada. Os três pilares – ESG – são utilizados como critérios para entender se uma empresa possui sustentabilidade empresarial, ampliando a perspectiva de análise do negócio para além das métricas financeiras, ou seja, se a empresa é realmente uma opção viável de investimentos sustentáveis e engajados de gerar impactos positivos financeiros, sociais e ambientais.
Já os ODS são metas a serem cumpridas até 2030, conforme estabelece a ONU. O engajamento é da sociedade civil, iniciativa privada e poder público. Ao todo são 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que podem mudar questões a respeito de acesso à educação, produção consciente, meio ambiente, uso da tecnologia e diversas outras atividades que impactam diretamente na vida da sociedade.
Na abertura do evento, a presidente do DIÁRIO DO COMÉRCIO e coordenadora-geral do MM2032, Adriana Muls, enfatiza que o Movimento trabalha pela criação de uma comunidade de desenvolvimento sustentável para a construção conjunta de reflexões e ações efetivas para promover a consolidação dos ODS em Minas Gerais.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
“O Movimento é uma forma de articular com a sociedade para uma construção do futuro, com reflexões e ações efetivas que promovam o desenvolvimento e um fortalecimento de Minas Gerais, tendo como base o objetivo do desenvolvimento sustentável”, disse. Adriana Muls lembra que é importante avançar na Agenda 2030 para atingir essa meta.
Alerta
Em sua fala, o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de Minas Gerais (Ibef-MG), Júlio Damião, aponta a importância da educação nos preceitos da governança, no meio social e principalmente ambiental – relacionadas ao ESG e aos ODS – em função das mudanças significativas promovidas pelo avanço tecnológico dentro das empresas.
Segundo ele, o avanço tecnológico sem uma estruturação adequada pode se tornar um grande “pecado”. Para ele, a grande preocupação está na educação e na forma com que as empresas estão lidando com a tecnologia.
“Infelizmente a indústria brasileira não é 100% tecnológica. Nós sempre temos que importar algo de fora e, isso, é ruim, porque isso afeta a nossa economia, de uma forma negativa, por causa da complexidade”, explica.
“Acredito que vivemos esse novo normal das empresas com plataformas antigas, com a velha economia e a nova economia com inteligência artificial logística perfeita em pleno processo digital”.
A questão ambiental também é algo que vem ganhando a atenção da sociedade, que vem cobrando cada vez mais responsabilidade da iniciativa privada. “As empresas e indústrias já estão sendo cobradas a comunicar, falar abertamente a respeito das ações realizadas e muitas criam certa resistência. É a resposta que a sociedade quer ouvir. A preocupação é de todos”, salienta.
Desperdício
O advogado Gerardo Figueiredo Júnior, da Zeigler Advogados, que desenvolve trabalhos para o setor de alimentos, enfatiza que mesmo o Brasil sendo considerado o maior produtor mundial de alimentos, sofremos com a fome e desperdício de alimentos.
“Quando falamos em desperdício de alimentos, falamos desde a produção até o consumidor final. A gente tem uma estimativa mundial em torno de 40% de desperdício, somando todas as etapas e processos que o alimento passa. Perdemos produto na colheita, na logística, no acondicionamento, na prateleira e depois que o produto é vendido, nós desperdiçamos uma parte expressiva desse alimento”, explica.
Gerardo Júnior esclarece que esse desperdício implica uma série de fatores como questões culturais, consumo consciente e que é uma questão mundial que precisa ser enfrentada o quanto antes.
Para Gerardo Júnior, é preciso adotar ações que, de fato, tenham resultado e que diminuam de forma significativa o desperdício.
“Eu torço para que não haja mais desperdício, mas precisamos de políticas públicas para desenvolver ações para diminuir esses impactos. No campo dos ODS, o combate à fome é extremamente importante, então precisamos também das ações das iniciativas privadas. E, sobretudo, a questão da educação. A mudança de conceito, a responsabilidade de liderança nas empresas, a conscientização de todos, principalmente dos funcionários”, avalia.

“Para as mudanças climáticas não tem vacina”
No meio ambiente, o desenvolvimento sustentável está pautado principalmente nos efeitos das mudanças climáticas. O presidente do Instituto Save Cerrado, Paulo Bellonia, destacou a preocupação com os impactos no clima global. “Para as mudanças climáticas não tem vacina”, reflete.
O Save Cerrado promove a integração entre as empresas, as pessoas e o Cerrado para que não se perca o bioma. Para Paulo Bellonia, é preciso criar uma harmonia entre a economia (Agronegócio) e o meio ambiente (Cerrado).
“Precisamos viver em harmonia e conscientizar os empresários e produtores a respeito da importância do Cerrado, porque se eles desmatarem 80% do Cerrado como a lei permite, vai acabar com o bioma e, assim, atingir gravemente a Amazônia”, explica.
Como resultado desastroso dessa falta de diálogo, pode vir os impactos negativos nas mudanças climáticas, no meio ambiente e até mesmo no comprometimento da produção do agronegócio.
Na avaliação de Paulo Bellonia, as empresas precisam se responsabilizar pelas causas ambientais. “É uma preocupação de todos e que atinge diretamente a todos. Na produção e também no consumidor final que também está preocupado em saber se aquela empresa está engajada a diminuir a emissão de carbono, se não utiliza copos descartáveis. São ações simples que fazem a diferença”, salienta.
Indivíduo
O diretor do Instituto Orior, Raimundo Soares, finalizou o bate-papo pontuando a questão do papel do indivíduo como principal transformador e implementador das práticas dos ODS e ESG. “O indivíduo é que é esse ser transformador. É a partir dele que todas essas ações serão colocadas em práticas através do poder da Educação, da sensibilidade da Educação”, explica.
Ouça a rádio de Minas