ESGPec desenvolve soluções digitais para reduzir pegada de carbono na pecuária

Integrar práticas ESG às atividades econômicas de base, especialmente as de maior volume e resultados dentro da economia nacional, parece – e muitas vezes é – um grande desafio. Na produção pecuária, o desafio é duplo e remete às práticas responsáveis que têm desdobramentos imediatos sobre os critérios utilizados na escolha de fornecedores no mercado internacional e também sobre a produtividade, impactando diretamente a competitividade dos produtos dentro e fora do Brasil.
Para atender às demandas do setor, a ESGPec, startup sediada em Belo Horizonte, propõe-se a desenvolver soluções simples e aplicáveis para diagnósticos de sustentabilidade e práticas regenerativas na agropecuária. O objetivo, segundo a fundadora da ESGPec, Heloise Duarte, é oferecer ferramentas que simplificam a geração de dados e informações no campo, mensurando e propondo ações para mitigar a pegada de carbono na pecuária.
“Entendemos o Brasil como um grande espaço de experimentação no que diz respeito ao ESG, mas, no campo, enfrentamos a falta de maturidade digital do produtor. Precisamos tornar o contato com o digital mais agradável. Criamos ferramentas para avaliar o bem-estar animal, uma calculadora de pegada de carbono, entre outras. Por meio das nossas plataformas, cooperativas, ativistas e indústrias podem acessar e avaliar essas informações. Qualquer produtor de leite – pessoa física – no Brasil pode, por meio de um questionário simples, calcular a pegada de carbono e fazer o score de bem-estar animal, sem custo”, explica Heloise Duarte.
A monetização da ESGPec ocorre por meio de contratos com empresas (business to business – B2B), tendo como principais clientes cooperativas, laticínios e indústrias de insumos, medicamentos e nutrição. Os principais segmentos, porém, são o de captadores de leite e o de grandes produtores.
A atuação da ESGPec está alinhada às metas do Plano Estadual de Ação Climática (Plac) e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). No Plac, a meta é reduzir em 36% a emissão de metano (CH₄) na pecuária até 2030, em comparação à década anterior.
“Meu cliente é a indústria – o processador de alimentos – que precisa ter o cálculo e as informações de toda a cadeia produtiva. Pesquisas científicas mostram que, no produto final que chega às gôndolas dos supermercados, 75% da pegada de carbono está dentro das fazendas. Essas empresas têm obrigações legais de apresentar relatórios, inclusive às suas sedes fora do Brasil. Não há como realizar um trabalho de leite de baixo carbono ou reduzir as emissões sem atuar dentro da fazenda – e é aí que entramos”, pontua.
Ao promover o ESG na pecuária, a ESGPec contribui, principalmente, para os seguintes ODS:
- 8 – Trabalho decente e crescimento econômico: promover o crescimento econômico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno para todos;
- 12 – Consumo e produção responsáveis: garantir padrões de consumo e produção sustentáveis;
- 17 – Parcerias e meios de implementação: reforçar os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
Em agosto, Camilla Sol conquistou o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2025, etapa Minas Gerais, na categoria Ciência e Tecnologia.
Automação a serviço do campo portas automáticas ajudam a reduzir perdas no agronegócio
O avanço da produção agrícola brasileira tem sido expressivo, mas a infraestrutura de armazenagem não acompanha o mesmo ritmo. Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA, 2024), a capacidade instalada é suficiente para estocar apenas 70% da produção nacional, enquanto a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) recomenda ao menos 130%.
Para reduzir o déficit, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq, 2024) estima que seriam necessários cerca de R$ 15 bilhões anuais em investimentos para que o País possa armazenar com segurança sua safra, prevista em 322 milhões de toneladas, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab, 2024).

Diante desse cenário, soluções que aumentem a eficiência operacional e reduzam as perdas no pós-colheita tornam-se essenciais. Além da construção de novas unidades de armazenagem, o controle ambiental em armazéns e centros de processamento é um fator estratégico para garantir a qualidade dos alimentos e minimizar perdas.
Nesse contexto, tecnologias voltadas à vedação e automação de portas industriais têm ganhado espaço no agronegócio, por contribuírem para o controle de temperatura, a redução da entrada de poeira, vento e umidade, e a otimização das operações logísticas.
De acordo com a CEO da Rayflex, Giordania Tavares, soluções automatizadas voltadas à armazenagem ajudam a ampliar a eficiência energética e a segurança dos insumos agrícolas. “Essas tecnologias contribuem diretamente para a preservação da qualidade dos produtos e o controle ambiental interno. Em um setor sensível às variações climáticas, investir em eficiência é fundamental para garantir competitividade e segurança alimentar”, afirma.
Entre os principais benefícios da automação no campo estão:
- Alta durabilidade: equipamentos robustos, desenvolvidos para suportar condições adversas, reduzem a necessidade de manutenção e ampliam a vida útil da estrutura;
- Proteção contra agentes externos: sistemas de vedação eficientes evitam a contaminação de produtos armazenados por poeira e impurezas;
- Fluxo logístico otimizado: a abertura e o fechamento automáticos promovem agilidade nas operações sem comprometer o isolamento térmico;
- Eficiência energética: a redução da troca térmica com o ambiente externo contribui para o menor consumo de energia e melhor conservação dos produtos.
Ao combinar proteção, economia e eficiência, a automação se consolida como aliada estratégica para enfrentar um dos maiores desafios do agronegócio: transformar a infraestrutura de armazenagem em um pilar de produtividade e segurança alimentar.
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