Estúdio de tatuagem apura receita recorde

Embora as tatuagens estejam cada vez mais populares no Brasil, números do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que o desenvolvimento dos negócios cadastrados com a atividade “serviços de tatuagem e colocação de piercing” não acompanhou o mesmo ritmo. Dos pouco mais de 25 mil estúdios espalhados pelo País, quase 24 mil fazem parte do programa de Microempreendedor Individual (MEI), ou seja, faturam menos de R$ 81 mil por ano. Em Belo Horizonte, o tradicional estúdio Divina Arte integra o seleto grupo dos que mais faturam e registrou no fechamento do último ano um faturamento recorde de R$ 400 mil.
Fundado pelo renomado tatuador Luciano Corrêa – mais conhecido como Lu Corrêa -, o local, situado no bairro Prado, região Oeste da Capital, tem ampla estrutura para os amantes da arte na pele que procuram trabalhos diferenciados. Mas não foi fácil chegar a este patamar, conta o empresário com 23 anos de mercado.
“É uma área bastante peculiar. O serviço que prestamos depende de uma série de fatores, mas acima de tudo, exige uma relação de confiança por parte do cliente. Mesmo um bom tatuador demora anos para se firmar no mercado, para ganhar reconhecimento e se consolidar como referência, que é o que as pessoas buscam quando desejam fazer uma tatuagem. Por isso, é bastante natural que os profissionais da área comecem suas trajetórias de maneira autônoma, sem colaboradores e com uma estrutura mais simples”, explica.
Foi assim também com ele, que começou em um quartinho apertado no apartamento de um amigo no final da década de 1990 e atuou sozinho por quase duas décadas. Em 2016, com uma visão empreendedora mais aguçada, buscou expandir o negócio para se dedicar exclusivamente ao estilo realista, uma vertente da tatuagem pela qual sempre teve mais aptidão. Para não deixar de atender a procura por outros estilos, mudou para um espaço maior e contratou profissionais para suprir essa demanda.
“Percebi que para me dedicar ao que eu realmente gostava de tatuar, precisava direcionar as outras demandas para outros profissionais. Era uma forma de não perder os clientes, e continuar oferecendo um serviço bem feito, sob minha supervisão”, revela Luciano.
E tem dado certo. O tatuador conta que desde que ingressou na área, até então não havia observado retração nos negócios e alcançava uma média entre 10% e 15% de crescimento anualmente. A pandemia de Covid-19, claro, trouxe impactos, mas principalmente na demanda junto a seus profissionais. É que no seu caso, especificamente, houve mais remanejamento de datas do que cancelamentos. Mas, por se tratar de um negócio só, o estúdio registrou queda de 18% no faturamento de 2020 em relação a 2019. Já no segundo ano da pandemia, o faturamento de R$ 400 mil representou um crescimento de 25% sobre o exercício anterior.
“No ano passado conseguimos recuperar. As procuras foram retomando à medida que as pessoas voltaram a se sentir seguras e no fim do ano já vimos, inclusive, uma disparada que está se mantendo até então”, comenta.
Assim, a agenda segue cheia, e há horários que podem demorar até seis meses para um atendimento com o tatuador. Agora, a expectativa é manter o crescimento para 2022 e superar os números do ano passado. Para isso, Corrêa planeja colocar em prática mais um objetivo da carreira: desenvolver e comercializar cursos em formato de videoaulas on-line.
“O curso surgiu com a ideia de ajudar quem está na área, ou deseja entrar, mas também retribuir ao mundo das tattoos tudo o que ele me proporcionou. Além disso, o mercado carece de materiais de qualidade e enxergo nisso uma ótima oportunidade comercial. Quem sabe neste ano batemos meio milhão em faturamento”, revela.
Em formato de videoaulas gravadas, o empresário revela que ainda define os últimos detalhes do curso, mas garante que tem levado em consideração as mais diversas necessidades dos seus futuros alunos e que as aulas devem estar disponíveis ainda no primeiro trimestre de 2022.
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