Negócios

Logística reversa: Eureciclo garantiu a destinação correta de 37 mil toneladas de resíduos em Minas

Estado tem o terceiro maior volume em destinação de resíduos para a reciclagem
Logística reversa: Eureciclo garantiu a destinação correta de 37 mil toneladas de resíduos em Minas
Foto: iStock

A empresa do ramo de reciclagem e gestão de resíduos Eureciclo garantiu a destinação correta de quase 37 mil toneladas de resíduos reciclados em Minas Gerais ao longo de 2024. Dentre os estados atendidos pela empresa, Minas tem o terceiro maior volume em destinação de resíduos para a reciclagem, com potencial para ampliar essa quantidade nos próximos anos.

A Eureciclo atua em Minas desde 2016 e já possui uma carteira com mais de 3 mil empresas clientes. A diretora de relações institucionais da empresa, Jéssica Doumit, avalia que, após a publicação da Deliberação Normativa nº 256 do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) de Minas Gerais, o Estado passa a ter capacidade para até quadruplicar o montante de resíduos reciclados.

Ela cita como exemplo a cobrança feita pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) aos varejistas e distribuidores a respeito da logística reversa.

“Isso não é só para a indústria mineira. Isso é para todos que colocam resíduos no estado de Minas. Se colocar resíduo no Estado, tem que fazer a logística reversa e garantir que ele seja retirado em Minas Gerais”, pontua.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


A deliberação foi publicada em março do ano passado e oferece uma nova oportunidade para as empresas que atuam em Minas se adequarem à legislação de logística reversa, tanto em âmbito federal quanto estadual. O prazo limite vai até o dia 28 de fevereiro deste ano.

Isso significa que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes têm esse período para protocolar e legitimar os relatórios com Planos de Logística Reversa (PLR) e, desta forma, garantir conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e a Política Estadual de Resíduos Sólidos de Minas Gerais.

Jéssica Doumit explica que medidas como esta contribuem para o controle dos resíduos nos estados. Segundo ela, 16 unidades federativas já adotam legislações deste tipo, reproduzindo regras semelhantes àquelas presentes no PNRS, porém em âmbito estadual. Ela também ressalta que esse controle evita maiores danos sociais e ambientais para os estados.

“Quem traz essa obrigação é a regulamentação estadual. Porque se for apenas pelo nacional, os resíduos que estão sendo colocados em Minas poderiam ser retirados ou ter a comprovação de logística reversa em outros estados”, completa.

educação coleta seletiva
Foto: Divulgação Heineken

Implementação do crédito de reciclagem

Ao todo, a Eureciclo possui mais de 7 mil clientes no Brasil. A diretora de relações institucionais relata que mais de 60% da carteira é composta por pequenas e médias empresas. Ela garante que a solução oferecida é capaz de atender diferentes empresas, independentemente do porte.

Jéssica Doumit explica que a PNRS determina que as marcas e demais envolvidos no processo de produção devem implementar a logística reversa das embalagens de produtos comercializados no País. O objetivo é garantir que o material descartado pelo consumidor possa ser reutilizado ou reciclado.

Nesse caso, a Eureciclo atua como um elo entre essas empresas e mais de 500 operadores da cadeia nacional de reciclagem. Dentre as soluções para a estruturação deste sistema, está a adoção do modelo de créditos de reciclagem.

Nesse modelo, a empresa entra em contato com a Eureciclo para adquirir os resíduos coletados pelos operadores. Essa operação de venda gera uma nota fiscal que é o principal lastro do crédito de reciclagem.

A diretora de relações institucionais pontua também que a empresa recicladora pagará às organizações de catadores o valor de venda e um adicional para que determinado material possa ser reciclado e negociado.

“Esse é o sistema que a Eureciclo possui e nós conseguimos realizar essa intermediação, remunerando toda a rede de operadores. Eles recebem até 20% acima do valor de venda, pelos créditos”, completa.

Atualmente, a meta da empresa é recuperar, pelo menos, 30% do volume de embalagens comercializadas no Brasil. Em Minas Gerais essa taxa está em 31,5%. A empresa que cumprir essa meta e demais obrigações receberá o “Selo Eureciclo”, certificando que a marca adota a política de logística reversa de suas embalagens.

“Nós realizamos uma pesquisa que revela que mais de 70% dos lares contam com, pelo menos, um produto com ‘Selo Eureciclo’. Isso é um atributo de comunicação que nós realizamos com o consumidor para essas empresas”, diz Jéssica Doumit.

Para ela, o modelo envolvendo o crédito é um dos fatores capazes de estruturar o mercado e gerar os incentivos necessários. A Eureciclo já repassou mais de R$ 24 milhões aos operadores na cadeia de reciclagem, com parceria do Instituto Giro, responsável pela emissão desses créditos. “Nós imaginamos que isso ainda pode crescer muito”, diz.

Uma das vantagens desse sistema de compensação ambiental apontada pela especialista é o incentivo à reciclagem de materiais de baixo valor agregado, uma vez que o crédito torna essa ação mais rentável para os envolvidos na coleta. O objetivo da empresa, segundo Jéssica Doumit, é fomentar a reciclagem no País.

Ela também ressalta a necessidade de criar metas e estímulos específicos para cada tipo de material reciclável. “Se realmente queremos que tenha uma reciclagem mais eficiente do plástico, vamos ter que criar incentivos para que quem trabalha com resíduos colete e separe o plástico para ser reciclado”, declara.

A diretora de relações institucionais da Eureciclo destaca ainda um projeto piloto que está em andamento na cidade de São Paulo, chamado Rede Transforma. A iniciativa, realizada em parceria com uma cooperativa, trabalha com catadores autônomos, que além de receberem um valor até 200% acima do praticado nos “ferros velhos”, também recebem uma parte do crédito equivalente à quantidade de resíduo recolhido.

O objetivo, segundo Jéssica Doumit, é ampliar esse projeto, se possível, atingindo a marca de 200 catadores até 2026 e expandindo para outros estados futuramente. Ela lembra que a empresa também realiza ações como a regularização, bancarização e treinamentos desses profissionais.

Embalagens para reciclagem.
Foto: iStock

Desafios e perspectivas para o futuro da logística reversa no Brasil

Para Jéssica Doumit, ainda há muitas pessoas e empresas que desconhecem a logística reversa. Assim, a melhora da qualidade da comunicação, segundo ela, é um fator necessário para mudar esse cenário. Ela pontua que o problema do descarte incorreto de resíduos ocorre, inclusive, em lugares com nível educacional superior.

“As questões de educação, conscientização e informação são desafiadoras. Mas nós também precisamos ter um trabalho conjunto com os estados para, de fato, cobrar e trazer os incentivos corretos para que isso seja feito de forma escalável e viável tecnicamente e economicamente”, pondera.

Mesmo assim, a diretora de relações institucionais da Eureciclo avalia que o futuro da logística reversa no País é promissor, com o mercado se consolidando nos últimos anos.

Ela lembra que, apesar de a política nacional ser de 2010, as primeiras metas de logística reversa só surgiram em 2015. Já em 2018, surgiram os primeiros estados a adotarem regulamentações a respeito do tema no País. A especialista avalia que ainda é algo recente, porém, em consolidação. “Entendemos que é algo que veio para fica e se estabelecer cada vez mais”, completa.

Além disso, segundo ela, mais da metade dos 16 estados que possuem regulamentação a respeito deste tema, desenvolveram essa legislação nos últimos dois anos. Jéssica Doumit ainda relata que existem outros quatro estados brasileiros que estão regulamentando a logística reversa. “Nós vamos chegar em 20 estados. Então, será questão de tempo para ter algo específico para cada estado”, diz.

Para ela, a discussão no futuro poderá ser sobre regulamentações específicas para cada tipo e subtipo de material. “O governo federal está para publicar um decreto a respeito do plástico e do papel, nós já temos o decreto do vidro, seguindo essa tendência de determinar que o material colocado no mercado é o que deve ser retirado”, conclui.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas