Exame rápido da Embrapii vai funcionar como um “teste de gravidez” de farmácia
Para somar esforços no enfrentamento à pandemia da Covid-19, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), o Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT – Unidade Embrapii) e a startup de biotecnologia Aptah se uniram para desenvolver um teste rápido, com espera máxima de uma hora para o resultado e sem necessidade de deslocamento ou exposição ao ambiente hospitalar. A realização de testes em massa para diagnosticar pessoas infectadas pelo novo coronavírus é apontada como uma das estratégias bem-sucedidas da Coreia do Sul para conter o avanço da Covid-19 em seu território.
O projeto soma R$ 210 mil em investimentos. A Embrapii financia 70% com recursos não reembolsáveis. O percentual do apoio financeiro bem maior que o usual – normalmente restrito a 33% – ocorre para incentivar o desenvolvimento de PD&I capazes de mitigar os efeitos da Covid-19 no País.
O novo teste rápido para a Covid-19 vai funcionar como um “teste de gravidez de farmácia”, com espera máxima de uma hora pelo resultado. Seu maior diferencial será a capacidade de identificar a presença de material genético do novo coronavírus circulando no corpo do paciente. Este modelo permite o diagnóstico em estágio inicial e evita a contaminação de outras pessoas.
Os exames já existentes no Brasil identificam os anticorpos produzidos para combater a doença no organismo infectado. Por isso, precisam ser feitos entre o sétimo e o décimo dia do surgimento da doença, para que o resultado positivo seja confiável – o que acarreta na subnotificação da doença.
“O exame com identificação do RNA viral é uma iniciativa inédita no País. A expectativa é que a leitura do exame seja imediata e que possa servir como triagem para o atendimento”, destaca o CEO da startup Aptah, Rafael Bottos.
“Saber o diagnóstico rápido pode contribuir para o atendimento emergencial do doente, mapeamento de possíveis infectados que não apresentam sintomas e diminuição da taxa de infecção e mortalidade”, destaca o diretor de Planejamento e Gestão da Embrapii, José Luis Gordon.
“Potencializamos nossas competências nesta parceria estratégica com a Embrapii e a startup Aptah, em uma situação emergencial em que a experiência e a qualificação das nossas equipes fará toda a diferença na busca de soluções para enfrentamento da pandemia”, afirma o diretor-presidente do IPT, Jefferson de Oliveira Gomes.
A pessoa que suspeita da doença poderá fazer a coleta do material com um cotonete no interior das bochechas ou dentro das narinas. “Estamos com uma proposta que permite o exame sem a necessidade de deslocamento físico até o ambiente hospitalar, o que é importante pois são locais em que há risco de contaminação. A ideia é testar e, ao mesmo tempo, evitar uma possível exposição ao vírus”, destaca e pesquisadora do IPT Natália Cerize.
Rafael Bottos enumera ainda que o exame pode ser uma resposta à necessidade de testes massivos na população. “Estamos propondo um exame rápido, de baixo custo, com identificação do vírus no início da contaminação e que pode ser feito de modo descentralizado. Tudo isso permite a produção em grande escala, sem expor ninguém a riscos que podem ser evitados”, destaca.
Outras iniciativas – A Embrapii adotou uma série de medidas que irão contribuir para o desenvolvimento de projetos emergenciais como este com o objetivo de viabilizar soluções que unam a pesquisa ao setor empresarial. Tudo de forma rápida, flexível e sem burocracia. Veja algumas ações:
• R$ 6 milhões destinados a PD&I desenvolvidas por startups e pequenas empresas. Desse total, R$ 2 milhões vieram da parceria com o Sebrae. As tecnologias podem incluir softwares, sistemas inteligentes, hardware, peças, equipamentos médicos, entre outros;
• O modelo tradicional da instituição, que arca com até 1/3 do valor dos projetos com recursos não reembolsáveis, foi flexibilizado. Para atender a esta demanda emergencial, o estímulo será maior e avaliado de acordo com a necessidade de cada proposta;
• R$ 20 milhões da parceria Embrapii, Senai e ABDI para projetos de aplicação imediata destinados à prevenção, diagnóstico e tratamento da Covid-19. As propostas podem abordar temas como ampliação do número de respiradores; desenvolvimento de testes de detecção do vírus, equipamentos de proteção individual (EPIs), componentes de UTIs, entre outros.
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