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Executivo leva uma média de 25 anos para chegar a CEO

Dado é de um levantamento realizado pela MyDNA com 2,3 mil gestores
Executivo leva uma média de 25 anos para chegar a CEO
Liris Gonçalves: digitalização abriu a possibilidade de jovens especiais se tornarem CEOs | Crédito: Divulgação

Vinte e cinco anos de investimento e pode ser que no final nada dê certo. Essa não é a história de um casamento, mas é quase. É o tempo médio de carreira que um executivo gasta para chegar ao cargo de CEO de uma empresa no Brasil. Esse tempo pode parecer muito para os mais jovens ou sob medida para os mais experientes. Os dados são de um levantamento da MyDNA. Realizada entre fevereiro e junho de 2022, com 2,3 mil gestores, em cinco países da América Latina, a pesquisa mostra que o Brasil está próximo ao cenário de outros países como Chile (53 anos), Colômbia (52), Peru (51) e Argentina (49).

De acordo com a mentora de executivos Liris Gonçalves, o tempo é sempre relativo, mas o que importa aos postulantes ao cargo são habilidades que nem sempre foram cobradas dos executivos de alto escalão, mas que serão determinantes em um futuro muito próximo. Entre essas habilidades estão uma larga compreensão sobre diversidade, inovação, digitalização e motivação da geração Z. Nada disso, porém, será suficiente se ele não souber ser uma pessoa flexível e se comunicar.

“Quando a gente fala em carreira corporativa, 25 é um tempo bastante razoável e que é mais que suficiente para o executivo aprender duas coisas: como uma empresa funciona tecnicamente e, principalmente, desenvolver o que chamo de ‘estômago’. Quanto mais você cresce na carreira, mais vai ter que tomar decisões difíceis sem ter informações suficientes. Para isso, você precisa ter capacitação técnica e saber influenciar pessoas. Não tem curso pra isso. Tem mais a ver com a dinâmica de leitura de mercado e construção de relacionamentos do que com técnicas de gestão”, aponta Liris Gonçalves.

O mesmo estudo aponta que 70% dos executivos são oriundos da área comercial. Sobre a qualificação, a maioria cursou engenharia, administração ou economia. Os brasileiros dominam obrigatoriamente o inglês e, depois, o espanhol; e acumulam, pelo menos, duas especializações ou pós-graduações no currículo.

“Não é à toa que eles vêm da área comercial, que é quem traz dinheiro para a empresa. O vendedor precisa saber se comunicar. Tem um detalhe cruel: uma empresa existe para dar lucro para os acionistas, então o CEO não pode errar. Não tem romantismo e não tem nada de errado nisso. Existe o que ficou conhecido como ‘solidão do poder’. Um gerente tem o diretor para recorrer, o diretor ao CEO. Ele precisa de capacidade técnica e confiança para tomar decisões muitas vezes conflituosas. O CEO recorre ao conselho – formado por pessoas diferentes e experientes -, associações entre os próprios CEOs e também mentores”.

Trocas

A conclusão da especialista condiz com os números apresentados por uma pesquisa da empresa de soluções de capital humano ZRG Brasil. Segundo uma análise baseada nas movimentações do primeiro semestre de 2022, em 54 projetos de contratação em companhias familiares e de capital aberto, apresentar uma performance abaixo do esperado é a causa responsável por 33% das trocas de executivos C-level. O índice aponta que cerca de 35% deles foram para CEOs ou CFOs (diretor financeiro), posições consideradas com impacto direto nos negócios e com foco em resultados. Do total, 62% aconteceram em grupos de grande porte, seguidos de médio (28%) e pequeno (10%).

Entre as gerações mais antigas, experientes mas também mais apegadas a valores e uma hierarquia já ultrapassada, e a geração Z – nascidos entre 1995 e 2010 -, que valoriza mais o propósito da empresa e não se importa em mudar constantemente de trabalho, quem parece sair ganhando são os executivos que ainda não chegaram aos 40 anos. Com bastante vivência, eles contam ainda com os relatos dos seus predecessores muito vivos e já atravessaram a transformação digital.

“A digitalização abriu a possibilidade de jovens que sejam realmente especiais se tornarem CEOs. Com boa orientação, eles estarão ganhando muito dinheiro em pouco tempo, criando os próprios negócios ou diversificando os negócios familiares. Tem uma leva de CEOs com menos de 40 anos muito interessante. O CEO é o grande garoto propaganda da empresa. As pessoas querem segui-los nas redes. Eles têm que se posicionar e saber guiar a carreira como uma marca. Essa geração, entre os 30 e os 40 anos, está com a faca e o queijo nas mãos porque une experiência, digitalização e flexibilidade. Do outro lado, a geração Z ainda é uma incógnita”, completa a mentora corporativa.

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