Expo Favela Minas lança luz sobre empreendedorismo periférico

Termina neste sábado (14) a 2ª edição da Expo Favela Minas, que busca reverenciar a potência do empreendedorismo realizado nas favelas e periferias do Estado e do Brasil. Com uma intensa programação de palestras, workshops, exposições, rodadas de negócios, pitches de startups, mentorias, debates, cursos, shows, filmes, desfiles e outras iniciativas criadas por moradores das favelas de todo o País, o evento acontece na sede do Sebrae Minas, na região Oeste.

De acordo com a diretora da Expo Favela Minas, Marciele Delduque, são esperadas mais de 10 mil pessoas durante os dois dias de evento.
“Celebramos a segunda edição da Expo Favela que ratifica a potência da economia da periferia de Minas Gerais. O Estado tem mais de 2 milhões de pessoas empreendedoras dentro dos territórios periféricos, que já movimentam mais de R$ 84 bilhões com seus negócios”, explica Marciele Delduque.
Apoiador institucional do evento, o Diário do Comércio esteve presente no painel “Mudança de Carreira: quando nossas escolhas influenciam e encorajam outras mulheres. É sobre ser o que você quiser ser”, com a participação da presidente e diretora editorial, Adriana Muls.
“É uma alegria e orgulho enorme estar aqui. É responsabilidade dos meios de comunicação ampliar o olhar e trazer a potência do coletivo. Quando olhamos para o empreendedorismo periférico ele tem muito a nos ensinar para buscar soluções coletivas para os desafios que enfrentamos como sociedade. O Diário do Comércio está abrindo espaço para falar mais do que de economia, gestão e negócios, estamos aqui para falar sobre o poder do empreendedorismo e a potência dos indivíduos que se juntam em coletivo e provocam a transformação”, destaca Adriana Muls.

Fundador da Cufa e CEO da Favela Holding, Celso Athayde escolheu estar em Minas Gerais e pontua a força do evento mineiro.
“A Expo Favela Minas, no ano passado, ficou entre as três maiores e mais potentes Expo Favelas do Brasil. Hoje outros eventos como este estão começando em outras cidades, mas eu precisava estar aqui e ver de perto, mais uma vez, o grande trabalho que os mineiros fazem”, afirma Athayde.
Os visitantes da Expo Favela Minas também podem aproveitar uma série de atividades voltadas para o empreendedorismo culinário no Palco Gastronomia e no Cozinha Show. E também atividades como exibição de documentário, contação de histórias e pitch literário.
O escritor João Xavier integra o estande “Favela Literária”. Lançando o seu terceiro livro de crônicas “O Homem de Calcinhas”, ele fala sobre a importância da Expo Favela para que autores e editores independentes tenham acesso ao mercado e dêem visibilidade às histórias da periferia.
“Por meio da ‘Favela Literária’ podemos apresentar o que as pessoas estão produzindo na periferia, permitindo que elas se movam para o centro da conversa. Isso traz benefícios mercadológicos e enriquecimento cultural”, avalia Xavier.
A expositora Lorena Nascimento, pela segunda vez na Expo Favela, começou a empreender a partir de uma máquina de estampar canecas dada de presente pela avó. Hoje ela investe em novas técnicas, nos símbolos ancestrais e na personalização para agradar clientes pessoa-física e corporativos.
“A marca Ametista começou pelo presente da minha avó e, a partir disso, fui investindo mais e hoje faço vários tipos de personalizados, como camisetas, ecobags e azulejos, por exemplo. O meu tema principal é a ancestralidade porque eu tinha dificuldade de achar produtos com essa estética para o meu dia a dia. Também trabalho com personagens do cinema e da TV, símbolos da cultura mineira, LGBTQIA+, entre outros, para atender à diversidade e criatividade dos clientes. A Expo Favela é uma potência que me ajuda a exercer a minha criatividade, aprender a falar sobre a minha marca e trazer a nossa criatividade e cultura para todo mundo ver. É a favela no asfalto mostrando a nossa potência”, completa Lorena Nascimento.
A exemplo da Expo Favela Minas, que, mais uma vez, se apresenta como um evento zero carbono, agir sobre a realidade das periferias e favelas, respeitando e fomentando suas características e potencialidades, significa não apenas apoiar o empreendedorismo periférico e fazer a economia girar mas, também, melhorar e proteger as condições de vida de todos e do próprio planeta.
Tudo isso significa também atender a vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), entre eles:
- ODS 1: Erradicação da Pobreza
- ODS 4: Educação de qualidade
- ODS 8: Trabalho decente e crescimento econômico
- ODS 11: Cidades e comunidades sustentáveis
- ODS 13: Ação contra a mudança global do clima
- ODS 16: Paz, justiça e instituições eficazes
- ODS 17: Parcerias e meios de implementação.
Todo esse esforço está alinhado com o Movimento Minas 2032 – pela transformação global (MM 2032). Liderado pelo Diário do Comércio, o MM2032 propõe uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável, com base nos ODS da Organização das Nações Unidas (ONU), preconizados desde 2015.
Empreendedorismo consciente é marca da Expo Favela
Reconhecido como Empreendedor Top 10 na primeira edição da Expo Favela, no ano passado, Bruno Araújo resolveu criar uma bebida que não desse ressaca, mas que oferecesse a quem degusta o prazer e relaxamento que as bebidas alcoólicas costumam ofertar, em 2021. Assim nascia a “água alcoólica” feita com álcool orgânico.
Este ano, o lançamento, com tiragem inicial de 4 mil unidades, é a garrafa de Aqua Soul, novo nome da bebida, em quatro sabores: sex on the beach (releitura do tradicional coquetel), morango e laranja, uva e blueberry, guaraná com tangerina e limão siciliano e flor de sal.

“Percebemos que o público consumidor de bebidas alcoólicas tem procurado saber o que consome, quais os ingredientes, quais os dados nutricionais, mas sem deixar de curtir. Criamos um produto orgânico, vegano, sem glúten e sem açúcar. Buscamos não só trazer inovação para o mercado, mas também deixar um legado de educação, com as pessoas entendendo que podem consumir um produto diferente, que tem a característica que ela busca. Agora estamos lançando a garrafa de Água Soul – a água da alma. São mil garrafas de cada sabor. A nossa pegada é um produto refrescante, gaseificado e que traz uma leveza no consumo”, explica Araújo.
Impulsionada pela necessidade de ficar em casa para cuidar do filho especial e do marido que havia se descoberto diabético, a cosmetologista Eliane Santos começou a produção caseira de um creme hidratante para tratar os pés. Hoje, a Natural Kosmeticos, no bairro Céu Azul (região da Pampulha), tem uma linha com 10 produtos que vão de sabonetes em barra, hidratante-clareador e até “cheirinho” para papel.
“Todos os produtos da Natural Kosmeticos são veganos, produzidos com extratos vegetais e óleos essenciais. O que começou por uma necessidade hoje se mostra uma oportunidade de negócio para atender um público que se importa com o que usa, que quer saber a procedência das coisas. A natureza nos dá tudo o que precisamos. Somos parte dela, podemos usufruir do que ela nos dá em harmonia, sem precisar destruir nada”, analisa Eliane Santos.
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