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Expofavela leva empreendedores da periferia para encontro com governador

Selecionados para a primeira edição da Expofavela Minas estiveram na Cidade Administrativa para falar da potência econômica das periferias
Expofavela leva empreendedores da periferia para encontro com governador
Governador Romeu Zema recebeu ontem, na Cidade Administrativa, vários empreendedores que vão participar da Expofavela | Crédito: Dirceu Aurélio/Imprensa MG

Marcada para acontecer nos dias 15 e 16 de setembro, na sede do Sebrae Minas, na região Oeste, a primeira edição da Expofavela em Minas Gerais  vai reunir mais de 100 empreendedores da favela. 

O evento vai se repetir em outros 19 estados. A programação, repleta de palestras, workshops, exposições, rodadas de negócios, pitches de startups, mentorias, debates, cursos, shows, filmes, desfiles e muitas outras iniciativas criadas por moradores das favelas, visa dar visibilidade às iniciativas e promover encontros com investidores que possam acelerar estes empreendimentos e gerar negócios. A expectativa é que mais de seis mil pessoas passem pelo evento.

Para marcar a importância da iniciativa, o governador Romeu Zema (Novo) recebeu um grupo de empreendedores, ontem, na sede do governo, na região de Venda Nova. No encontro, ouviu histórias de empreendedores da favela e destacou a importância das periferias para a economia do Estado.

Minas Gerais conta com quase dois milhões de empreendedores e cerca de 1250 startups que movimentam mais de R$ 84 milhões anualmente. Parte desses números estão concentrados nas favelas e periferias do Estado. Só na Capital e sua região metropolitana são mais de 732 favelas, aglomerados e quilombos que fazem parte da economia de Minas.

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“Eu me sinto bem entre esses empreendedores porque a maior parte da minha vida eu fui empreendedor nas cidades pequenas. Então, quero que contem com o nosso governo para fomentar o empreendedorismo e fortalecer as pessoas. Muitas vezes o Estado é visto, de forma errada, como o grande salvador da pátria, mas ele não consegue resolver tudo. Os países que deram certo contaram com o protagonismo da sociedade civil como vocês estão fazendo aqui”, afirmou Zema. 

Para a diretora da Expofavela Minas, Marciele Delduque, o encontro é importante porque é o reconhecimento do poder público sobre a potência desses territórios e dos empreendedores  da favela.

“Esse momento, com certeza, entra para a história mineira. Esses mineiros, favelados, cada um da sua região, tem a sua potencialidade e vêm impactando a economia nacional. Estarmos aqui pautando as nossas potências e potencialidades, com todo o carisma que a favela tem. E isso é histórico!”, comemorou Marciele Delduque.

De acordo com a secretária de Estado de Desenvolvimento Social, Elizabeth Jucá, a Expofavela é uma grande oportunidade de potencializar o que existe de empreendedorismo nas favelas. 

“Nós estamos fazendo um grande plano de desenvolvimento no nosso Estado. Quando fomos analisar os dados, percebemos que trabalhávamos muito bem as questões rurais, mas quando vínhamos para o urbano, era difícil. Foi quando chamei a Cufa (Central Única das Favelas) para sentar ao nosso lado, para construir esse plano. Hoje, eu afirmo, com certeza, a potência da favela. Precisamos entender como podemos caminhar juntos para desenvolver essa favela. Como a gente pode construir questões públicas para estar junto com a comunidade, não só no empreendedorismo, mas no dia a dia da vida de cada um”, destacou Elizabeth Jucá. 

Para uma das empreendedoras presentes ao evento, Isabella Gonçalves, fundadora da Afro Ebony, participar da Expofavela é uma oportunidade não apenas de apresentar o trabalho inspirado na moda afro, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O evento é, também, uma forma de conhecer outros empreendedores da favela e participar de um movimento de afirmação das potencialidades da periferia. 

“Trabalhamos com a moda afro trazendo muita ancestralidade, resgate cultural e também as políticas de afirmação. A Expofavela tem um significado muito grande. Se estamos aqui é porque temos um trabalho diferente, de destaque. Ter esse reconhecimento é muito importante. E conhecer o trabalho de outros empreendedores é muito importante. Não adianta o meu trabalho ser reconhecido se os meus iguais não estão lá comigo”, analisou Isabella Gonçalves. 

Dedicada aos eventos corporativos e sociais, a microempreendedora individual (MEI) Lili Teixeira viu nas pipocas gourmet um jeito de se tornar empreendedora e criou a Lilipoc. Ainda não foi possível deixar o emprego formal, mas a oportunidade de participar da Expofavela é vista como um divisor de águas. 

“Temos mais de 30 sabores, mas também temos outros produtos como a farinha de pipoca e a mistura para bolo de pipoca, por exemplo. Trabalhamos nos eventos corporativos, fazendo brindes e lembrancinhas para aniversários, casamentos e tudo o que o cliente inventar. Estou muito feliz. A Expofavela é uma oportunidade incrível de exposição para o meu negócio, para mostrar a Lilipoc para toda a Minas Gerais”, destacou Lili Teixeira.

Gerando Falcões

Também na manhã de ontem, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), foi assinado o Acordo de Cooperação com o objetivo de implantar o projeto Favela 3D na comunidade Vila Alvorada, da ONG Gerando Falcões.

Acordo de Cooperação foi assinado entre governo do Estado e ONG Gerando Falcões | Crédito: Marco Evangelista/Imprensa MG

As melhorias vão seguir a mandala de impacto do Favela 3D (digna, digital e desenvolvida) que abrange: moradia digna e urbanismo, geração de renda, desenvolvimento social e digital, cultura, esporte e lazer, primeira infância, cidadania e cultura de paz, acesso à saúde, autonomia da mulher e direito à educação. 

Estiveram presentes ao evento o governador Romeu Zema (Novo), o CEO e fundador da Gerando Falcões, Edu Lyra, o CEO do “O Grito” – instituição que atua no território e que faz parte da rede Gerando Falcões, Léo Martins, entre outros representantes do poder público e da comunidade. 

Com pouco menos de 330 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE), a cidade está entre as mais pobres da RMBH. Entre os 853 municípios mineiros, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) per capita, a cidade estava em 613º lugar, em 2020.

“Sempre sonhei com esse dia em que todos pudessem viver de maneira digna. Estamos dando mais um passo para o cumprimento da nossa missão de mudar a história de Ribeirão das Neves, dando voz e protagonismo para as pessoas”, avaliou Martins.

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