Negócios

Falta de mão de obra é gargalo para panificação em Minas

Falta de funcionários também dificulta a implementação de novas unidades em locais com alta demanda
Falta de mão de obra é gargalo para panificação em Minas
FOTO: Diário do Comércio/Alessandro Carvalho

Tradicional nas manhãs brasileiras, o consumo de pães está enraizado na rotina dos brasileiros, hábito que propicia o fortalecimento da cadeia de negócios no segmento de panificação. De acordo com dados da Receita Federal, Minas Gerais contabilizou em 2024 uma média superior a 400 padarias abertas a cada mês de 2024. No entanto, mesmo com números expressivos, o setor vem enfrentando um gargalo que dificulta sua expansão e, principalmente, a consolidação dos negócios: a oferta de mão de obra.

De acordo com o presidente do Sindicato e Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amipão), Vinícius Dantas, a crise na contratação e na manutenção de mão de obra está tão crítica no setor que alguns empresários estão tomando ações drásticas.

“A oferta de profissionais está tão baixa que alguns lojistas estão tendo atitudes antiéticas, como ‘roubar’ funcionários de concorrentes. Entram nas lojas e ‘levam’ os funcionários de outras padarias para trabalhar nas deles”, explica o presidente.

Mesmo com dados positivos na geração de empregos formais, o último levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em novembro de 2024, o País registrou 106.625 novos postos de trabalho formais. O número é resultado de 1.978.371 admissões e 1.871.746 desligamentos. Ainda assim, o setor de panificação sofre para conseguir completar o quadro de funcionários.

O presidente da Amipão é proprietário de diversas lojas, contando atualmente com 220 funcionários. “Tenho 40 vagas de trabalho em aberto. Somente hoje recebi seis pedidos de demissão”, destaca.

Segundo Dantas, a falta de pessoas qualificadas para trabalhar dificulta o investimento em novas lojas e a implementação de serviços diferenciados para os clientes. “Deixei de oferecer café nas minhas lojas de Belo Horizonte, pois não tenho mão de obra suficiente. Encanto o meu cliente com um bom atendimento e no dia seguinte ele se decepciona, pois não tenho mais atendentes”, destaca o empresário.

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A falta de profissionais no mercado também dificulta a implementação de novas unidades em locais com alta demanda. “Recebo propostas para investir em novas lojas o tempo todo e não tenho coragem de investir”, pondera. “Todos os associados da Amipão estão sofrendo. Nos encontramos nas reuniões e a reclamação sobre a falta de mão de obra é recorrente”, observa.

As causas para esta escassez de mão de obra que a panificação enfrenta, segundo a Amipão, é uma Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) desatualizada e o elevado crescimento do trabalho informal, principalmente, devido às oportunidades geradas pelos aplicativos de serviços. De acordo com a entidade, muitos profissionais qualificados na panificação estão preferindo trabalhar como microempreendedor individual (MEI).

Para evitar o fechamento de lojas, a possível saída será a automação, com os empresários investindo em tecnologias de autoatendimento. “Infelizmente, com o autoatendimento, o setor perde o contato pessoal, tão tradicional no segmento da panificação”, destaca Dantas.

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