FDC lança escola para empreendedor nas favelas

Geralmente a educação corporativa é dedicada aos executivos das médias e grandes empresas. O empreendedorismo e a necessidade de qualificação em gestão, porém, estão disseminados por todas as classes sociais e territórios. Os empreendedores das comunidades e favelas do Brasil ganharam a primeira Escola de Negócios da Favela do mundo.
O lançamento, ontem, na sede da Fundação Dom Cabral (FDC), em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), reuniu a primeira turma de formandos, 10 finalistas da Expo Favela 2022.
“O que salva a sociedade é a educação. Somos todos gênios dentro da garrafa, mas alguma coisa precisa tirar a tampa dessa garrafa. Essa coisa é a educação. Estamos muito felizes com essa parceria com a Cufa, que dá origem à Escola de Negócios da Favela. Tenho comentado sobre esse lançamento com parceiros de dentro e fora do Brasil e todos ficam encantados. É impressionante a repercussão dessa que é a primeira escola de negócios para os empreendedores das favelas do mundo. Não podíamos perder essa oportunidade de estender esse conhecimento para quem tem uma potência de realização enorme”, analisa o presidente-executivo da FDC, Antonio Batista da Silva Junior.
A iniciativa surge de uma parceria com a Central Única das Favelas (Cufa). As aulas são on-line, por meio de uma plataforma onde os alunos vão aprender conteúdos específicos para cada tipo de empreendimento, utilizando a linguagem do cotidiano. O público-alvo da Escola de Negócios são moradores das favelas brasileiras, que já tenham seu próprio negócio, independentemente do estágio de maturidade.
De acordo com a diretora de Empreendedorismo da FDC, Ana Carolina de Almeida, o lançamento é a realização de um sonho que une “asfalto e favela”.
“Esse é um sonho que une a favela e uma escola de negócios que é reconhecida pelo asfalto. Estamos formando os 10 primeiros alunos desse sonho. Isso é cumprir a nossa missão de desenvolvimento da sociedade brasileira por meio da educação. Hoje, no Brasil, mais de 40 milhões de pessoas trabalham de maneira informal. É parte da nossa proposta e da nossa missão capacitar e desenvolver essas pessoas”, explica Ana Carolina Almeida.
O Brasil possui hoje 13.151 favelas espalhadas por 743 cidades. 17,1 milhões de pessoas vivem nas favelas brasileiras. De acordo com o Instituto Data Favela, em 2022, a necessidade é o motivo que levou 57% dos empreendedores de favela a tomar essa decisão. 63% de empreendedores permanecem, atualmente, na informalidade, sem CNPJ. O acesso a capital para investimento é apontado como uma das dificuldades na condução dos negócios para 40% dos entrevistados, seguidos pela falta de equipamentos adequados, em 25% dos casos. E 14%, a maior dificuldade está em fazer a gestão financeira do empreendimento.
A presidente da Cufa Minas, Marcele Delduque, destaca o lançamento da Escola de Negócios da Favela como um dia histórico.
“É histórico porque trazer a favela para este espaço de tamanha referência, onde seremos capacitados com a mesma qualidade, é entender que essas conexões existem e são necessárias. É entender que a FDC, com um olhar sensível, faz esse convite e nos permite chegar em lugares em que até então só imaginávamos”, afirma Marcele Delduque.
A próxima turma da Escola de Negócios da Favela será formada por 300 participantes da Expo Favela. Os demais participantes serão selecionados durante as etapas preparatórias da segunda edição da Expo Favela, que será realizada no primeiro semestre de 2023.
“O empreendedorismo na base da pirâmide é muito importante porque você consegue empreender e empregar. Hoje as favelas do Brasil produzem R$ 180 bilhões por ano. Produzimos, consumimos e contribuímos para o desenvolvimento do País. Se tivermos educação real, empreendedora, vamos entregar muito mais e com um grau de exigência muito maior. Aqui é um jogo de ganha-ganha. Não adianta o País crescer se a gente não se desenvolver e ajudar no desenvolvimento dos territórios, completa o presidente da Cufa, Celso Athayde.
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