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FDC lança estudo sobre o impacto da longevidade

FDC lança estudo sobre o impacto da longevidade
Flam: longevidade ressignificou a forma como vemos a realidade | Crédito: Divulgação

Quais são as 10 profissões do futuro quando pensamos na longevidade dos brasileiros e na necessidade de criar oportunidades novas de trabalho associadas a novas demandas demográficas? Essa é uma das perguntas respondidas pelo TrendBook Sociedade. Embora as previsões do impacto da longevidade descrevam cenários de 2030 ou 2050, a realidade de 2021 já revela os efeitos do envelhecimento em diversas áreas, inclusive, na atividade profissional.

A carreira que mais cresceu na última década foi a de cuidador de idosos. Em dez anos, o Brasil passou de 5.263 cuidadores (2007) para 34.051 em 2017 – segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No entanto, apesar do crescimento de 547% no número de profissionais, a regulamentação e a velocidade de formação dos cuidadores não acompanham a necessidade de cuidado da população madura. Para download do estudo acesse o link.

A lacuna se repete, também, em outras profissões. Hoje, o Brasil tem um déficit de 28 mil geriatras; em estados como Acre, Amapá e Roraima, o número de profissionais não passa de cinco, de acordo com dados do Ministério da Saúde e IBGE (Pnad | 2017).

O TrendBook Sociedade, um mapeamento que compõe o terceiro eixo do projeto FDC Longevidade – iniciativa da Fundação Dom Cabral (FDC) com apoio técnico da Hype50+ e patrocínio da Unimed-BH – reflete que o descompasso tem uma raiz. Para surgirem novos profissionais, é preciso uma formação em massa da força de trabalho. A limitação de cursos e grades curriculares, especialmente na área da saúde, que contemplem as necessidades do envelhecimento, é um dos maiores gargalos para atender às demandas do País. Até 2017, por exemplo, apenas duas universidades brasileiras ofereciam uma graduação em Gerontologia, segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Novas profissões

Em contrapartida, novas profissões nascem para atender às pessoas, mostrando mais uma vez que a sociedade caminha mais rápido que qualquer instituição. Dessa forma, uma carreira inexistente hoje pode ser a dos sonhos de quem prestar vestibular em 2030.

O TrendBook Sociedade traz uma lista das 10 profissões ligadas à longevidade populacional. O estudo completo traz, ainda, análises aprofundadas sobre o impacto do envelhecimento populacional na sociedade; os capítulos do estudo investigam dimensões como as novas sociedades envelhecidas; cenários prateados; trabalho e previdência versus extensão da vida; mercado de trabalho; e mapa social da longevidade.

Longevidade: desafios e oportunidades

De acordo com Michelle Queiroz, professora-associada da FDC e coordenadora do FDC Longevidade, o expressivo aumento da expectativa de vida, considerada uma conquista da humanidade, gera impactos profundos na sociedade que podem, inclusive, serem analisados a partir de inúmeras perspectivas.

“No recorte desta publicação, optamos por priorizar alguns dos principais desafios no campo do etarismo, previdência, trabalho e desigualdade social e, também, trouxemos exemplos de soluções e atores que fazem acontecer dentro deste ecossistema. Apesar de termos capítulos segmentados, facilitando a compreensão dos temas, na vida as linhas que as separam são quase inexistentes. Nossa intenção é descortinar olhares para uma visão integrada das diferentes dimensões de impacto, contribuindo para despertar o valor do engajamento social!”, avalia a especialista Michelle Queiroz.

Segundo Layla Vallias, especialista em Economia Prateada, cofundadora da Hype50+ e Janno, coordenadora do estudo Tsunami Prateado (maior mapeamento brasileiro sobre longevidade) -, a prática de inovação, empreendedorismo e pesquisa de tendências traz o desafio de disseminar entre os gestores de grandes marcas, indústrias e governos dados que comprovam o quanto o envelhecimento da população apresenta oportunidades reais.

“A revolução que estamos vivendo nos obriga a revisitar conceitos, quebrar padrões e discutir tabus. Para os mais estratégicos, é nesse oceano azul da longevidade que residem as grandes oportunidades para o futuro”, afirma Layla Vallias.

Do ponto de vista do mercado de trabalho à luz da longevidade, a especialista aponta que as perspectivas são igualmente boas. “Todos os mercados e setores de trabalho serão profundamente impactados pelo envelhecimento da população; quem antes observar essa realidade e se preparar para atendê-la, sai na frente. Esse é um caminho sem volta: todos os profissionais, da saúde à hotelaria, da indústria de beleza à moradia deverão ser, necessariamente, profissionais capacitados para a longevidade”, defende.

Para o diretor-presidente da Unimed-BH, Samuel Flam, a longevidade ressignificou a forma como vemos a realidade. “Hoje, não estamos apenas vivendo mais; estamos vivendo com qualidade, mantendo a produtividade e cultivando hábitos saudáveis. Como empresa de saúde, a Unimed Belo Horizonte está atenta a esse cenário e vem contribuindo, há quase 50 anos, para promover mais saúde e qualidade de vida para a população com mais de 60 anos. Afinal, nossa vocação e nosso propósito são cuidar de pessoas. Por isso, para nós, é uma grande honra contribuir com este projeto, capitaneado pela Fundação Dom Cabral, com o objetivo de colocar a longevidade em perspectiva. Conhecer melhor essa geração, da qual faço parte, é fundamental para que possamos, dentro do que é possível, projetar o amanhã. Estamos certos de que esta pesquisa traduz o espírito de nosso tempo e servirá como importante insumo para o futuro”, analisa.

Profissões nascem para atender o envelhecimento

Novas profissões nascem para atender às pessoas, mostrando mais uma vez que a sociedade caminha mais rápido que qualquer instituição. Dessa forma, uma profissão inexistente hoje pode ser a carreira dos sonhos de quem prestar vestibular em 2030. O TrendBook Sociedade traz uma lista das 10 profissões ligadas à longevidade populacional.

Cuidador de idosos – Responsável por auxiliar nas tarefas domésticas para garantir o bem-estar da pessoa idosa. Higiene pessoal, suporte no cuidado médico e acompanhamento em consultas são atribuições do trabalho. Média salarial: R$ 1.271,82.

Geriatra – Esse profissional é o médico especialista no tratamento de idosos, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da longevidade. Atua ao lado de enfermeiros, fisioterapeutas e educadores físicos. Média salarial: R$ 8.271,27.

Gerontólogo – A Gerontologia estuda o processo de envelhecimento pela perspectiva social, psicológica e biológica. Média salarial: R$ 3.793,25.

Terapeuta ocupacional – Costuma trabalhar em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), clínicas e hospitais, apoiando os maduros a manter sua autonomia na sua rotina, a partir das habilidades, limitações e reservas de saúde de cada pessoa. Média salarial: R$ 2.598,45.

Conselheiro de aposentadoria – Essa é uma das 10 tendências de profissão do futuro, segundo a Fundação Instituto Administração (FIA). Além do planejamento financeiro, esse profissional apoia na decisão de alternativas de investimento, escolha de plano de saúde, plano de carreira e programação do tempo. Média salarial: não há.

Consultor de bem-estar para idosos – Interdisciplinar, sem uma formação própria, essa profissão combina conhecimentos diversos de finanças, recursos humanos e até saúde e bem-estar. Pessoas formadas em Gerontologia ou terapia ocupacional podem exercê-la. Média salarial: não há.

Bioinformacionista – Vindo da Biomedicina, esse profissional combina as informações genéticas com a metodologia clínica para desenvolver medicamentos personalizados cada vez mais eficientes para doenças genéticas. Média salarial: entre R$ 4 mil e R$ 7 mil.

Cuidador remoto – Conhecido como Walker/Talker, por meio de uma plataforma on-line, essa pessoa é contratada para passar um tempo com os maduros, praticando a escuta ativa e a conversa, para diminuir a solidão e manter ativa sua sociabilidade. Média salarial: não há.

Curador de memórias pessoais – O trabalho envolve desde a investigação de notícias e biografias para pessoas que perderam a memória até criação de biografias, perfis póstumos, histórias de famílias e empresas. O resultado pode ser entregue na forma de livro, filme ou uma experiência em realidade virtual. Média salarial: não há, mas o piso cobrado pelo trabalho é de R$ 1 mil.

Especialista em adaptação de casa – Com a tendência de Aging in Place, é cada vez mais necessária a adaptação de casas de família para atender às necessidades dos idosos. As modificações vão do tipo de piso à altura da prateleira, largura dos corredores e adaptação do banheiro. Média salarial: não há, mas pode ser comparada a de um arquiteto ou gerontólogo.

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