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Febre no Brasil, ‘Bobbie Goods’ impulsiona em até 10% o faturamento de livrarias e papelarias

Livros de colorir de animais 'fofinhos' chegaram a vender mais de 795 mil exemplares no primeiro semestre somente na rede de livraria Leitura
Febre no Brasil, ‘Bobbie Goods’ impulsiona em até 10% o faturamento de livrarias e papelarias

Com a procura ainda relevante, mas já em queda, os livros de colorir viraram febre no primeiro semestre de 2025 e impactaram diretamente o faturamento de papelarias e livrarias mineiras. Impulsionado pelas redes sociais e, principalmente, pela edição original, os Bobbie Goods, livros de colorir de animais ‘fofinhos’ chegaram a vender mais de 795 mil exemplares no primeiro semestre somente na rede de livrarias Leitura, além de ter impulsionado o faturamento do setor de papelaria da empresa em 19,40%.

Apesar do grande volume de vendas, para a diretora comercial da Leitura, Daniella Zebral, as ‘febres’ em relação a itens de papelaria e de livraria são movimentos comuns e até esperados pela rede. “A gente já conhece esse tipo de produto, não é a primeira vez que acontece. Já tivemos, em 2014, algo parecido com a editora Sextante, que eram os livros de colorir ‘Jardim Secreto’. Foi importante para gente no sentido de que o Bobbie Goods surgiu em um momento em que não tinha nenhum outro livro estourando”, comenta.

A grande diferença neste ano foi que, para colorir os livros, os consumidores brasileiros utilizaram canetas marcadoras. E é esse aspecto que gerou um resultado no faturamento do setor de papelaria.

“Foi um aumento significativo nas vendas das canetinhas. Quando a febre dos livros de colorir chegou, a gente já tinha avisado para os compradores da papelaria, porque não é uma canetinha comum, é específica para colorir esses livros. Então, rapidamente eles foram atrás do produto e trouxeram. Mas, tivemos que importar também porque o consumo foi tanto que teve falta na indústria nacional”, esclareceu Daniella Zebral.

Foto: Reprodução/Adobe Stock

E não foram somente as grandes redes impactadas pela moda dos livros de colorir. A dona da papelaria Opus, que tem várias unidades em Belo Horizonte, Consuelo Dutra Mansur, conta que o faturamento das lojas aumentou cerca de 10% no auge da “febre dos Bobbie Goods”.

“Vendeu muito entre junho e maio, mas agora está dando uma esfriada. Nos últimos anos, sempre fomos impactados por essas modinhas, sabe? Vendemos, neste ano, muitos Labubus e squishs, a internet tem influenciado muito”, comenta a lojista.

A perspectiva de Consuelo Dutra Mansur reforça os dados apresentados pela Leitura. No ápice das vendas, em maio deste ano, a empresa chegou a vender mais de 189 mil exemplares de livros de colorir. Desde então, ocorre uma queda na procura pelos exemplares. Em junho, a rede de livrarias registrou 139 mil vendas, cerca de 50 mil a menos do que mês anterior e, em junho, as vendas continuaram um pouco mais baixas, com 151 mil livros vendidos.

“Nesse momento, inclusive, começamos a encontrar os livros com preços mais diversificados. Se observar o mercado é possível achar muitas promoções. A única marca que ainda não diminuiu os preços foi a Bobbie Goods original, da Harper Collins”, observa Daniella Zebral.

Conforme a diretora da Leitura, a tendência, agora, é que os livros continuem sendo vendidos com uma regularidade boa, mas não no mesmo volume. “Não é um livro que vai morrer, mas será outra realidade de vendas”, finaliza.

Na avaliação do presidente do Sindlojas, Salvador Ohana, além da influência das redes sociais, o boom dos Bobbie Goods pode ser explicado pela atual urgência de se desconectar da internet. “Antes estávamos numa tendência de queda muito grande na questão dos livros físicos. Mas agora, essa tendência dos livros de papel para colorir preenche uma lacuna terapêutica e faz sentido numa tendência do autocuidado criativo”, avalia.

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