Feira no Mercado Novo estimula economia criativa na capital mineira

Mais de 50 artistas mineiros vão expor trabalhos nos dias 13 e 14 de abril durante a Feira Papel & Cerâmica, que ocupará o 3º andar do Mercado Novo, centro de Belo Horizonte. O evento, com entrada gratuita, revela como a união entre artistas e artesãos pode contribuir para a geração de renda, estimulando a economia criativa que, segundo dados da Pesquisa Nacional Por Amostra em Domicílios (Pnad contínua), do IBGE, emprega 7,4 milhões de pessoas no Brasil. “As feiras são uma forma de termos retorno financeiro. É o momento de o artista ter o contato direto com o consumidor sem a presença do atravessador”, diz a ceramista Erli Fantini.
Grande nome das artes plásticas em Minas, Erli Fantini é uma das idealizadoras da tradicional Feira de Cerâmica de Minas Gerais, que acontece anualmente, em Belo Horizonte, e chegou à 37ª edição em 2024, quando atraiu 8 mil visitantes. “Somos cerca de 60 ceramistas em Minas. Chamamos a atenção de outros Estados, como Rio e São Paulo, pela união e organização das feiras”, diz a artista.
Desta vez, os ceramistas foram convidados pelos artistas e artesãos que se dedicam à arte do papel para se juntarem em um evento especial, a Feira Papel & Cerâmica, que presta homenagem à desenhista, gravadora e papeleira Vera Queiroz. Vera foi uma das precursoras da papelaria em Minas Gerais e grande incentivadora dos artistas da área.
Serão expostos na Feira Papel & Cerâmica, nos dias 13 e 14 de abril, objetos de arte e decoração em cerâmica, além de utilitários, como peças para mesa e cozinha. Quanto à papelaria, o público poderá conferir trabalhos criados por artistas plásticos e artesãos, entre eles gravuras e papéis feitos com fibras naturais; cadernos; agendas; flores; bijuterias; bolsas; cestaria e até brinquedos infantis.
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O evento, além de homenagear Vera Queiroz, marca o retorno da exposição de produtos feitos pelos artistas e artesãos que se dedicam à papelaria em Minas. Eles realizavam duas vezes ao ano, em Belo Horizonte, a Feira de Papel. A última aconteceu em 2019, mas teve de ser interrompida em razão da pandemia de Covid-19. “A ideia era voltar a realizá-la, mas cancelamos devido a doença e perda da Vera, em 2022. Depois desta feira em tributo à Vera, vamos prosseguir com a Feira de Papel com duas edições a cada ano”, garante a encadernadora Lúcia Dias, à frente da organização da Feira Papel & Cerâmica.
Erli Fantini lembra que as feiras estimulam os artistas e artesãos, profissionais que geralmente trabalham sozinhos em seus ateliês e revendem produtos para lojas, a apresentarem seus trabalhos diretamente para o consumidor, aumentando a renda. Lúcia Dias chama a atenção também para o crescimento da procura pelos produtos feitos à mão, devido a uma mudança de mentalidade do consumidor, que tem, cada vez mais, valorizado o trabalho artesanal. “As pessoas querem saber quem faz, como é feito e de onde vem o produto. Algo feito manualmente tem mais valor agregado, traz mais emoção, energia, sobretudo a quem presenteamos”, cita Lúcia, lembrando ainda que, quando compramos algo de quem está perto, estimulamos a economia local.
A pandemia de Covid-19, segundo ela, fez aumentar o número de pessoas que se dedicam à produção artesanal. “Muitos perderam o emprego e passaram a trabalhar em casa com papel, cerâmica, linhas e outras matérias-primas. Não pararam. O artesanato tem sido fonte para o sustento de muitas famílias”, observa.
Erli Fantini vê o trabalho com cerâmica e papel como importante também para inserção das mulheres. “Serve para ocupação e renda de muitas donas de casa”, atesta Erli Fantini.
Lúcia Dias é um exemplo de quem abraçou a arte e o artesanato como ofício. A encadernadora, que é formada em Artes Plásticas, disse que a atividade, por ser desenvolvida no ateliê em casa, a permitiu trabalhar e obter renda sem ficar longe dos filhos. “A atividade me trouxe independência financeira, me permitindo comprar, viajar”, conta. Ela é dona de uma loja virtual e participa de eventos em Belo Horizonte e São Paulo.
Na visão de Lúcia Dias, as instituições governamentais e os bancos se atentaram para o nicho do trabalho artesanal, passando a dar apoio e a valorizar mais os profissionais. O Sebrae, por exemplo, desenvolve muitos programas para artesãos, os bancos passaram a oferecer crédito. Muitos artesãos se tornaram microempreendedores individuais (MEIs), podendo, assim, emitir notas fiscais e receber no futuro uma aposentadoria.
Serviço: Feira Papel & Cerâmica
Entrada: Gratuita
Data: 13 e 14 de abril (sábado e domingo)
Horários: Sábado, das 10 às 19 horas, e domingo, das 10 às 16 horas
Local: 3º andar do Mercado Novo, na avenida Olegário Maciel, 714, centro de Belo Horizonte
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