Férias e Carnaval adiam compras de material escolar

Os pais parecem aguardar o fim das férias e a passagem do Carnaval para comprar o material escolar dos filhos. A percepção é da coordenadora do grupo de Negócios ‘Papelaria’ da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) e membro do conselho consultivo da entidade, Fátima Homem.
Comumente, é após o Natal e no início do ano que as papelarias registram alta no movimento com pais e estudantes em busca do material escolar. Entretanto, este ano, o movimento ainda está abaixo do registrado normalmente nesta época. O setor entende que só na segunda quinzena ou após o Carnaval, as vendas ganharão fôlego.
“O início das aulas (05/02) e o Carnaval (10 a 13/02) este ano acontecerão em um intervalo de tempo muito curto. Então, estamos entendendo que os pais vão esperar a virada do mês e o fim das festividades para comprar”, avalia a coordenadora da CDL/BH.
Ela afirma que o setor está preparado e espera um crescimento de 40% para este ano em relação ao ano passado. Isso porque está apostando no que ela chama de ‘papelaria fofa’, que são os materiais escolares diferenciados. “É uma borracha, um lápis ou uma caneta com cheiro, com brilho, com cores diferentes, em formato de animais ou personagens”, explica.
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Ainda de acordo com ela, será um ano importante para o setor. “É o primeiro ano que esperamos realmente retomar o patamar do período pré-pandemia. Nos últimos anos, as famílias ainda tinham materiais e sobras dos anos de pandemia”, diz.
Além disso, ela percebe uma redução de itens solicitados pelas escolas na lista de materiais. “A demanda vinda das escolas está menor. Com isso, acreditamos que os pais e/ou responsáveis pela compra do material vão investir em produtos com maior valor agregado”, comenta.
Fátima Homem ressalta que após a pandemia, as papelarias e livrarias de modo geral atendem via canais digitais. Seja por e-mail, WhatsApp, marketplaces, todas ampliaram seus canais de venda. “É uma maneira de organizar melhor o atendimento e trazer comodidade para os clientes. O consumidor está mais acomodado e não quer enfrentar tumulto dentro de lojas lotadas”, diz Fátima Homem.
Na opinião dela, nada se compara à loja física. Na papelaria Van Gogh, por exemplo, são mais de 20 mil itens oferecidos na loja situada na região da Pampulha, em Belo Horizonte. “Você não consegue oferecer e apresentar para o consumidor tantos produtos em um site ou em uma venda on-line”, defende.
Mesma percepção teve Tatyane Andrade, sócia-proprietária da Livraria e Papelaria Ao Macaco que Lê, na Savassi, em Belo Horizonte. Ela conta que depois da pandemia as pessoas criaram o hábito de pedir orçamento de forma eletrônica e, em muitos casos, finalizar a compra eletronicamente. “A gente ainda tem muito cliente que gosta de vir, escolher as capas dos cadernos, as cores ou marcas de determinado objeto, mas a venda on-line aumentou bem desde aquela época”, conta.

A sócia-proprietária da papelaria e livraria da Savassi ressalta ainda que vende tanto livros quanto material escolar e a procura tem aumentado. “É normal que esta época do ano aumente o movimento, mas é na segunda quinzena que a gente vê um movimento maior. As pessoas voltam das viagens, pagam as contas e compram no cartão para passar para o próximo mês”, diz.
Uma leve queda nas vendas foi percebida pela sócio-proprietária da Livraria e Papelaria Minas Brasil, Vanúcia Ribeiro. Atendendo na região Oeste de Belo Horizonte, ela conta que grande parte das escolas que atendiam passou a operar com livros digitais e as vendas dos didáticos recuaram. “Nossa aposta este ano é na ‘papelaria fofa’”, revela.
Assim como as outras empresárias, Vanúcia Ribeiro acredita que na segunda quinzena o movimento aumente ainda mais. “As pessoas viajam e deixam para o final do mês as compras do material escolar”, avalia.
Cenário diferente tem vivido a rede mineira de livrarias Leitura, maior empresa do segmento no Brasil. “Nos primeiros 11 dias de janeiro, comparado com o mesmo período de 2023, estamos crescendo cerca de 23%, incluindo as ‘novas lojas’. Considerando apenas as ‘mesmas lojas’, nosso desempenho está 13% acima, se comparado com igual intervalo de 2023. Janeiro deve ser o nosso melhor mês do ano, nossas vendas mais do que dobram, comparadas a um mês normal, por causa do material escolar”, afirma o presidente da Leitura, Marcus Teles.
Os itens que estão se destacando na Leitura são as mochilas da Rebeca Bombom e da Luluca, além da preta básica, cadernos inteligentes, cadernos argolados, linha de cadernos exclusivos da Leitura com a Disney e os lápis de cor SuperSoft da Faber. “Outros itens com bastante procura são as canetas .88 da Stabilo e marcadores de texto tons pastéis com diversas cores. Para facilitar, a Leitura está dividindo o pagamento no cartão de crédito em até 10 vezes”, afirma Teles.
A Leitura conta com 103 unidades físicas e loja virtual. A previsão, segundo Teles, é inaugurar seis unidades no primeiro semestre de 2024 e até 12 lojas até o fim do próximo ano, com destaque para a primeira da empresa no estado do Mato Grosso, em Cuiabá.
Livrarias chegam a vender 90% dos livros didáticos de forma on-line
Se no ramo do material escolar, a loja física pode proporcionar uma oferta maior de produtos e atrair a criançada pelas cores e produtos diferenciados, o mercado de livros didáticos tem percebido que a preferência é mesmo pelo comércio eletrônico.
Na Nossa Livraria, empresa especializada em livros didáticos de línguas estrangeiras, 90% das vendas são feitas de forma virtual. Quem afirma é o sócio-diretor Adilson Santiago, que conta que as pessoas não vão mais de loja em loja pesquisando preço. “Uma simples busca na internet, eles conseguem comparar mais itens do que se estivesse pesquisando de loja em loja fisicamente”, comenta. Além de prático e cômodo, o empresário ressalta que o livro didático determinado pela escola é o mesmo em qualquer livraria ou nos marketplaces, não tem o que escolher.

Na visão dele, após a pandemia as livrarias perceberam que podiam crescer geograficamente e não mais atender só o comércio local. “Então, percebo que todas que sobreviveram àquele momento, buscaram o on-line como mais uma opção de vendas”, ressalta. A marca dele, que possui 10 lojas espalhadas por todo o Brasil, registra anualmente um crescimento de cerca de 20% desde o pós-pandemia. “E este ano esperamos manter a média de crescimento”, diz.
Nessa época do ano, por concentrar as vendas para o novo ano escolar, nas lojas dele o movimento costuma aumentar 80%, e assim está. “As pessoas não deixam de comprar o livro didático e é no início do ano que elas compram. Há um pequeno movimento de reposição ou de novos alunos no meio do ano, mas o movimento melhor é mesmo no início do ano letivo”, completa.
O grande diferencial na corrida pela compra de livros didáticos e itens papelaria, ao que tudo indica, será o atendimento personalizado, descontos progressivos e, até mesmo, o parcelamento. Além disso, para ganhar o cliente, muitas papelarias e livrarias de Belo Horizonte já divulgaram as listas de material das escolas sediadas na Capital e RMBH com os preços por elas praticados e, de forma muito rápida, isso vem sendo propagado nos grupos de WhatsApp de pais de alunos. O marketing pelo WhatsApp, conforme já divulgado, é uma estratégia eficaz para alcançar clientes de forma direta.
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