Férias escolares atraem público para hotéis-fazenda

Chegadas as férias escolares de julho, os hotéis-fazenda mineiros se animam. O clima típico de inverno e a crise econômica levam as famílias a procurar destinos próximos e cercados por natureza. Em Santana dos Montes, na região Central, o Hotel Fazenda Paciência, aberto ao público em janeiro, se prepara para receber as famílias com festa “julina”, comidas típicas, caldos, fondues e sua mais nova atração: o boi Trovão. O animal de quase uma tonelada é dócil e é companhia de brincadeiras para crianças e adultos.
De acordo com o proprietário do Paciência, Vinícios Leôncio, a fazenda remonta à segunda metade do século 18. Construída pelo Barão de Queluz, durante muitos anos pertenceu aos descendentes de sua família. A fazenda tem 200 hectares e 3 mil metros de área construída.
“A procura para esse período está intensa e chegou a nos surpreender. Estamos distante apenas 135 quilômetros de Belo Horizonte e isso faz com que a viagem seja rápida e relativamente barata, mesmo com o alto preço dos combustíveis”, explica Leôncio.

Em um dos destinos de inverno mais famosos do Estado, Monte Verde, distrito de Camanducaia, no Sul de Minas, a agitação está apenas começando. Com 70% de ocupação – por enquanto -, o sócio-gerente da pousada Pérola da Mantiqueira, Leandro Simplício da Rosa, espera que o nível cresça na segunda quinzena, quando as crianças de Belo Horizonte estarão, finalmente, de férias.
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“As pessoas estão retardando a decisão da viagem por conta dos custos, mas o movimento tende a aumentar. Recebemos famílias, casais e turmas de jovens. Estamos distantes apenas 500 metros do centrinho de Monte Verde e a rua já foi ‘bloquetada’ (tipo de calçamento), o que dá mais conforto aos hóspedes”, destaca Rosa.
Ao lado da pousada, o Parque Oschin é uma atração especial cercada de natureza. O local tem trilhas, grutas, corredeiras e cachoeiras, além de restaurante e cafeteria e é uma das principais atrações de Monte Verde.
Também em Santana dos Montes, o Hotel Fazenda Fonte Limpa já está com o mapa de reservas de julho completo. Segundo o proprietário do Fonte Limpa, Bruno Nogueira, a propriedade do século 18 é cercada por resquícios da Mata Atlântica e passou por um minucioso trabalho de restauração que durou quase 20 anos.
“A segunda quinzena de julho é, tradicionalmente, a melhor época do ano para nós. Este ano a alta do dólar tem favorecido o turismo doméstico e, apesar da crise econômica brasileira, temos tido um bom resultado. Nessa época, além da gastronomia e o aconchego da lareira, temos atividades especiais para as crianças e a cavalgada da lua cheia que as pessoas adoram”, afirma Nogueira.

Já em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a diretora Comercial e Marketing do Grupo Tauá, Lizete Ribeiro, comemora a ocupação de 37%, 4% acima em relação a 2021 e um aumento de ocupação de 2% em relação ao período pré-pandemia. A projeção é chegar a 87% de ocupação neste mês.
A unidade de Caeté tem moderna estrutura de lazer que conta com o AcquaAlegre – um brinquedo aquático, playground, piscinas quentinhas e a Fazendinha do Toninho Cowboy, onde as crianças podem conhecer de perto vários animais e realizar atividades com eles.
Na programação de julho tem muitas brincadeiras para os pequenos, contação de histórias, musicais e até peças de teatro para toda a família. Para os adultos, atrações musicais, torneios esportivos e até um divertido karaokê.
“Em Minas Gerais, temos um resort na região metropolitana, que fica a apenas 50 minutos da Capital, que está com ocupação 19% maior em relação ao ano passado”, pontua Lizete Ribeiro.
Casas de brincar são boas opções para quem ficar em BH
As férias são escolares e a criançada, com energia de sobra, precisa se movimentar, mas nem sempre os pais conseguem folga nesse período ou têm dinheiro para viagens ou para bancar diversos programas ao longo do mês. Em tempos de pandemia e inflação, a opção das colônias de férias na própria cidade, de preferência perto de casa ou do trabalho dos pais, ganhou novo fôlego.
Em Belo Horizonte, elas se adaptaram aos novos tempos, diminuindo o número de crianças por turma, incluindo novos cuidados sanitários e se desdobrando em atividades esportivas e pedagógicas capazes de agradar os pequeninos e os não tão pequenos assim, preferencialmente ao ar livre e distante das telas.
No bairro Gutierrez (região Oeste), a idealizadora e responsável pedagógica pela Casa dos Porquês, Kenya Paula Moreira Oliveira, atende crianças dos 3 aos 12 anos e comemora a grande procura.
“O movimento está muito bom, já estamos com quase todos os dias de julho fechados. O frio não incomoda porque as crianças querem gastar energia e, com as atividades, rapidinho não precisam mais dos agasalhos. Em função da Covid-19 limitamos o número de crianças a 30 por turno, em um espaço com mais de 500 metros quadrados. São feitas ações coletivas e segmentadas, privilegiando as atividades ao ar livre e manuais. Aqui elas plantam e comem o que colhem e também criam os próprios brinquedos”, explica Kenya Oliveira.
A logística é um ponto fundamental para o sucesso das colônias de férias. A maioria das crianças mora em bairros próximos. As que residem em regiões distantes, geralmente, têm um dos pais que trabalha próximo à colônia, o que descomplica, especialmente, a hora de ir embora.
“Cerca de 80% das famílias são da região. Durante o ano trabalhamos no contraturno escolar, fazendo a criança mais produtiva, resgatando uma infância com menos tecnologia. A Casa dos Porquês nasceu da nossa própria necessidade, quando não tínhamos onde deixar nossos filhos. A colônia de férias é também uma oportunidade das famílias nos conhecerem”, destaca a responsável pedagógica pela Casa dos Porquês.
O mesmo acontece no Espaço Corre Cotia, que vai fazer sua colônia de férias dedicada às crianças entre quatro e oito anos, entre os dias 15 e 29 de julho. Segundo a assistente administrativo Camila Marquez, a divulgação da colônia ainda está começando e mais de 50% das vagas já foram preenchidas. São 15 crianças de quatro e cinco anos e outras 15 de seis a oito turmas por turno, cada turma com duas educadoras responsáveis.
“No ano passado não tivemos colônia de férias em julho, por conta da pandemia. Esse ano a procura está acima do esperado, principalmente para o turno da tarde. Geralmente são crianças da própria região. Tem algumas famílias que já nos conhecem e trazem os pequenos. Como o ambiente é bastante aberto e privilegiamos as brincadeiras externas e não descuidamos dos cuidados como o uso de máscara e de álcool em gel, os pais têm ficado bastante tranquilos”, pontua Camila Marquez.
No bairro Vale do Sereno, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), há seis anos a Vila dos Sonhos recebe crianças para viverem uma “infância de quintais”. Dessa vez a colônia recebe crianças dos três aos 12 anos, sendo as menores de quatro com acompanhante.
Para a responsável pelo departamento comercial da Vila dos Sonhos, Luciana Carvalho, a diversidade de atividades é o segredo para agradar a meninada. E a conveniência é a chave para agradar aos pais.
“Cada dia tem uma programação e um lanche diferentes. A cada meia hora trocamos de atividade que varia entre oficinas, brincadeiras e atividades direcionadas por idade, de preferência ao ar livre. A maioria das pessoas é daqui de perto, mas recebemos algumas até do outro lado da cidade porque os pais trabalham por aqui”, destaca Luciana Carvalho.
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