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Floriculturas de BH relatam queda nas vendas de Finados devido à concorrência com supermercados

Enquanto o Ibraflor projeta alta de 7% nas vendas no País, lojistas da capital mineira enfrentam retração e mudam o foco para arranjos e buquês personalizados
Floriculturas de BH relatam queda nas vendas de Finados devido à concorrência com supermercados
Entre as maiores demandas do Dia de Finados estão vasos de crisântemos, segundo Ibraflor | Crédito: Divulgação/Ibraflor

Em Belo Horizonte, as floriculturas que costumavam ter boas vendas no Dia de Finados, celebrado em 2 de novembro, agora têm observado uma redução no movimento. A expectativa para este ano contrasta com a estimativa de crescimento nacional do setor. O Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) estima um aumento de 7% nas vendas em todo o País.

A gerente de vendas da Floricultura Bela Vista, no bairro Aparecida, região Noroeste da Capital, Luciana Lima, observa que o comércio local não tem acompanhado a tendência devido à concorrência com a venda de flores em supermercados.

“Não estamos com expectativa de boas vendas. A oferta de flores em supermercados é muito grande e, no ano passado, o movimento foi fraco. A tendência é que este ano seja ainda pior”, afirma.

A proprietária da Camila Flores, Maria Aparecida Silva, que há 25 anos atua no bairro Padre Eustáquio, na mesma região, também observa retração. “Nos últimos 10 anos, o movimento no Dia de Finados foi diminuindo nas floriculturas. Os barraqueiros que vendem na porta dos cemitérios e os supermercados influenciaram muito. As pessoas acham mais prático comprar no local ou perto dele”, diz.

Diante da mudança de comportamento do consumidor, Maria Aparecida Silva ajustou o negócio. “Antigamente, eu vendia muitos vasos. Hoje, foquei em arranjos florais e buquês de luxo, como os de girassol, que ainda não são oferecidos nos supermercados. É um trabalho artesanal”, explica.

Localizada ao lado do Cemitério da Paz, na avenida Américo Vespúcio, a Branco Floricultura e Paisagismo também não tem boas expectativas de vendas para o Dia de Finados, mesmo estando próxima à estrutura funerária.

“A gente não vende tanto assim para o cemitério, mesmo estando perto. É algo atípico. Antigamente, já tivemos um grande movimento na época de Finados, mas agora, com o pessoal montando aquelas barraquinhas de flores na porta, o movimento caiu bastante. O público acaba preferindo comprar na entrada do cemitério mesmo”, comenta a gerente do estabelecimento, Tamara Ferreira de Araújo.

Assim como outros representantes de floriculturas de Belo Horizonte, ela aponta que o início da venda de vasos de plantas em supermercados também alterou a estratégia de vendas do negócio.

“Enquanto vendemos uma orquídea por R$ 50, eles [os supermercados] vendem a R$ 25, um preço muito abaixo do praticado pelas floriculturas. Por isso, agora nem compramos tantas orquídeas, porque os supermercados estão ganhando de ‘lavada’”, observa.

Cenário nacional indica crescimento

Em nível nacional, o setor mantém otimismo. Segundo o Ibraflor, o Dia de Finados representa cerca de 3% do comércio anual de flores no Brasil. Para este ano, a entidade prevê aumento de 7% nas vendas em relação a 2024. O fato de a data cair em um domingo deve impulsionar o consumo, facilitando as visitas aos cemitérios, segundo a entidade.

De acordo com o diretor do Ibraflor, Renato Opitz, o hábito de levar flores também tem se transformado. “As pessoas querem se sentir próximas de quem já se foi. Há um movimento crescente de homenagens em casa, com flores junto a porta-retratos, varandas e jardins”, afirma.

Crisântemos e kalanchoes lideram preferência no Dia de Finados

Os crisântemos e os kalanchoes seguem entre os produtos mais procurados para a data. As cores brancas e amarelas predominam, associadas à paz e à lembrança. No Rancho Raízes, em Holambra (SP), a produtora de crisântemos Maritha Domhof lançou uma nova variedade bicolor para a data e espera aumento de 5% nas vendas em relação ao ano passado.

“A produção foi ajustada para atender à demanda e, pelo menos, 60 mil vasos devem ser vendidos nas duas semanas que antecedem o feriado”, diz.

O produtor de kalanchoes, Luciano Rios, também registra crescimento. “As vendas dos mini kalanchoes cresceram mais de 30% desde 2023, e o Finados passou a ser um novo pico de comercialização para nós. Toda a produção para a data, de 280 mil vasos, já está vendida”, afirma.

Para Renato Opitz, o novo perfil de consumo representa uma adaptação do mercado. “Hoje sugerimos formas diversas de homenagear, como buquês, vasos ou plantas ornamentais. O cuidado com as plantas é uma tradição familiar, e o Dia de Finados permanece como uma data de memória e afeto, mesmo longe dos túmulos”, conclui.

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