Negócios

Formação é credencial para mulheres no alto comando corporativo

Pesquisa mostra que presença feminina nos conselhos exige não só qualificação técnica, mas também esforço redobrado por reconhecimento e autoridade
Formação é credencial para mulheres no alto comando corporativo
Conselheiras brasileiras têm 49% mais formações e 87% mais certificações que os homens, segundo levantamento do Evermonte Institute | Foto: Reprodução Adobe Stock

Produzido com o objetivo de traçar um panorama das diferenças estruturais entre os gêneros no acesso a cadeiras no board das companhias brasileiras, o estudo Women at the Top, do Evermonte Institute, revelou o perfil das mulheres que integram os conselhos de administração no Brasil. A característica mais marcante, comum a todas as conselheiras, é o alto investimento nos estudos.

Segundo a pesquisa, as mulheres têm 49% mais formações do que os homens e 87% mais certificações. E não é qualquer estudo: são cursos em Harvard, Berkeley, Tel Aviv e escolas de negócios reconhecidas e respeitadas no mundo inteiro. “Os dados sugerem que, para as mulheres, a formação cumpre uma dupla função: instrumental, relacionada ao preparo para exercer a função de conselheira; e legitimadora, ligada ao reconhecimento de autoridade nesse espaço de decisão”, destaca a sócia do Evermonte Institute e coordenadora da pesquisa, Helena Schröer.

Outro dado revelador se refere à carreira: as mulheres que hoje ocupam cadeiras em conselhos de administração no Brasil construíram trajetórias diversificadas e fortemente marcadas pela mobilidade, pela pluralidade setorial e pela exposição a múltiplos desafios organizacionais. Elas têm, em média, 16 experiências profissionais – 13,6% a mais do que os homens – e passaram por cargos C-level.

Grande parte das conselheiras, inclusive, iniciou a aproximação ao board atuando em projetos de planejamento estratégico. “Todas [referindo-se às entrevistadas] chegaram ao board após terem conquistado reconhecimento por entregas e cases de sucesso”, ressalta Helena Schröer, complementando que a participação ativa em redes de governança, como o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e o Women Corporate Directors (WCD), é outro aspecto muito presente no perfil das conselheiras – e determinante para a ampliação da visibilidade e a construção de networking.

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Origem na área de negócios e presença forte no setor de serviços

No que se refere à origem das conselheiras, a área de negócios predomina, com 38,8%, seguida por jurídico (22,4%), finanças (18,4%), operações (10,2%), comunicação (6,1%) e recursos humanos (4,1%). “A performance técnica está à frente de questões de gênero. Homens e mulheres vêm majoritariamente das áreas de Finanças e Negócios. No entanto, a composição dessas origens revela padrões distintos de especialização entre os dois grupos. Ao passo que mais de 80% dos perfis masculinos estão concentrados em áreas diretamente associadas à gestão de resultados, controle e eficiência, as mulheres trazem (ainda) bagagens voltadas à governança institucional, gestão de stakeholders e cultura organizacional”, explica a sócia do Evermonte Institute e coordenadora da pesquisa.

Em termos setoriais, a distribuição das mulheres nos boards é mais ampla, com presença forte em serviços (20,8%), serviços financeiros (13,7%), indústria (9,5%), tecnologia (8%), varejo (7,7%) e terceiro setor (5,9%). Em relação à distribuição geográfica, São Paulo é o estado com maior presença feminina: é lá que estão 61% das conselheiras analisadas pelo Evermonte Institute. “É um indicativo de que as políticas de diversidade estão mais institucionalizadas nas organizações da região Sudeste, que operam com maior pressão regulatória e de governança”, afirma Helena Schröer. O Rio Grande do Sul aparece na segunda colocação, com 12,8%, seguido por Paraná (5,1%), Rio de Janeiro (4,1%) e Santa Catarina (3,1%).

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