Fórum de Investimentos e Negócios de Impacto tem etapa em BH

Entendidos como empreendimentos com o objetivo de gerar impacto socioambiental e resultado financeiro positivo de forma sustentável, os negócios de impacto ganharam, na quarta-feira (28), um dia inteiro de discussão no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), na região Noroeste.

O evento, que reuniu membros da academia, setor produtivo e governo, foi a etapa mineira do 1º Fórum Sudeste de Investimentos e Negócios de Impacto. Com o objetivo de mobilizar e articular os diversos atores envolvidos e conhecer as soluções e desafios existentes em Minas Gerais, a etapa mineira vai fornecer subsídios para os debates no Fórum Regional do Sudeste, que precederá o Fórum Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto.
Na palestra de abertura “Negócios de Impacto no Brasil: Enimpacto, Simpacto e Plano Decenal”, o consultor Enimpacto/ Pnud para articulação do Simpacto, Aron Belinky, falou sobre a necessidade de ultrapassarmos o conceito de “negócios de impacto” para alcançarmos a “economia de impacto” e a criação do Sistema Nacional de Economia de Impacto (Simpacto).
“Economia de impacto é a modalidade econômica caracterizada pelo equilíbrio entre a busca de resultados financeiros e a promoção de soluções para problemas sociais e ambientais. Não vamos conseguir gerar uma economia próspera se continuarmos tentando atender às nossas necessidades e desejos do jeito que fizemos nos últimos 50 ou 100 anos. Para mudar, precisamos de muito dinheiro. Então, as possibilidades de financiamento são o pano de fundo dessa discussão. A economia de impacto está comprometida a mensurar os resultados de uma maneira compreensível pela perspectiva da economia tradicional”, explica Belinky.
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Conforme o CEO do BHTec, Marco Crocco, há cerca de dois anos o BHTec abriu uma vertente de sustentabilidade e negócios de impacto e, agora, receber o Fórum tem um significado muito especial.
“Esse evento coloca o Parque nessa discussão fundamental e na qual não podemos correr o risco ter um discurso falso ao tentar transformar uma sociedade que, pela sua forma de organização, não conserva o verde, não gera impacto, não tem preocupações ESG. Tentar transformar isso faz parte de um longo processo”, afirma Crocco.
No Brasil, o tema dos negócios de impacto toma força em 2017, com a publicação do Decreto 9244/17, criando a Estratégia Nacional de Economia de Impacto (Enimpacto) – articulação de órgãos e entidades da administração pública federal, do setor privado e da sociedade civil, para promover um ambiente favorável ao desenvolvimento de investimentos e negócios de impacto.
Entre 2017 e 2023 – com três diferentes governos (Temer, Bolsonaro e Lula) – foi trabalhado o fortalecimento e expansão do ecossistema de impacto no Brasil, até que no ano passado foi publicado o Decreto 11646/23, que instituiu a “Estratégia Nacional de Economia de Impacto e o Comitê de Economia de Impacto.”
“O Brasil já tem um entendimento sobre economia de impacto bastante desenvolvido do ponto de vista conceitual, mas do ponto de vista prático precisamos avançar bastante. O movimento pelo impacto no Brasil é muito bem conectado com o que acontece no mundo e nessa experiência do contato com os outros países, percebemos que o Brasil está bem posicionado do ponto de vista da agenda. Do ponto de vista institucional ainda estamos no começo. Os países do Sul Global têm uma participação tímida no debate internacional e, nesse sentido, o Brasil até se destaca, com uma presença ativa, uma política pública e com propósitos”, destaca o consultor.
Para o diretor da Aliança pelo Impacto – representante do Brasil no Global Steering Group (GSG) -, Ricardo Ramos, o Brasil está sob os holofotes nas principais discussões em relação à transformação socioambiental que o planeta precisa rumo a uma economia descarbonizada, resiliente às mudanças climáticas e capaz de fazer uma transição energética justa. A presidência rotativa do G20, em 2024, e a COP 30, que será realizada em Belém (PA), no próximo ano, têm acelerado o desenvolvimento do Sistema de Impacto no País.
“Quando comparamos o Brasil com outros países, nos colocamos com um ecossistema mais desenvolvido em relação ao Sul Global e até a vários países desenvolvidos. Ter uma política pública, uma articulação estável, é raro mesmo nesses países. Essa discussão, porém, aqui e lá fora, tem muito a evoluir, principalmente em relação à alocação de recursos. O Brasil precisa aproveitar 2024 e 2025 para catapultar a visão sobre nós existente lá fora e atrair cada vez mais investimentos externos. Não existe uma solução para o planeta do ponto de vista socioambiental que não envolva o Sul Global e, com destaque, o Brasil”, avalia Ramos.
Diário do Comércio promove discussão sobre negócios de impacto
Na preparação para o fórum mineiro, o Diário do Comércio e o Movimento Minas 2032 – Pela Transformação Global (MM 2032) foram convidados a colaborar com as propostas do evento para o fortalecimento de uma economia inovadora, lucrativa e regenerativa, pela head de sustentabilidade e coordenadora do Centro de Inteligência e Sustentabilidade do BHTec, Camila Vianna.
“O veículo foi mapeado como parte interessada do ecossistema de negócios de impacto em Minas Gerais por colaborar com o desenvolvimento sustentável e inovador, produzindo conteúdos propositivos e promovendo articulações em todos os setores, o que fomenta um ambiente de governança favorável”, destaca Camila Vianna.
O MM2032, liderado pelo Diário do Comércio, propõe uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável, com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), preconizados pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2015.
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